Filme romeno é favorito perto do final de Cannes

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Quando o diretor Pedro Almodóvar foi visto como franco favorito para o prêmio máximo do Festival de Cinema de Cannes em 2006, ele descreveu o favoritismo como maldição.

A honra duvidosa de ser favorito, tão frequentemente concedida a um filme que acaba por não vencer a competição, recai este ano sobre um filme que mostra a Romênia perto do final da ditadura de Nicolae Ceaucescu, com todo o clima de austeridade que caracterizou a época.

"4 Months, 3 Weeks and 2 Days" (Quatro meses, Três Semanas e Dois Dias) foi um dos primeiros filmes exibidos e vem liderando virtualmente desde o primeiro momento.

Dirigida por Cristian Mungiu, a trama se desenrola em um único dia e conta a história de Gabita, que faz um aborto ilegal, e das provações sofridas por sua amiga e cúmplice Otilia.

A popularidade do filme em Cannes condiz com o clima reinante entre os filmes da competição oficial, repletos de histórias angustiantes. Vários deles também incluem atuações de alto nível de suas atrizes principais.

A maratona de filmes será encerrada na noite de domingo (27), com a cerimônia de premiação. Os jornalistas já começam a encerrar suas atividades, o público já está diminuindo, e o foco voltou a ser voltado aos filmes, após dez dias frenéticos de sessões de cinema, entrevistas, tapetes vermelhos, festas e negócios.

"4 Months, 3 Weeks and 2 Days" é um dos poucos filmes em Cannes este ano que uniu os críticos franceses e os do resto do mundo.

O abismo frequentemente grande entre os dois grupos tornou esta 60ª edição de Cannes ainda mais imprevisível que de costume, embora haja um consenso geral de que a qualidade dos filmes da competição principal vem sendo boa.

Faltando ainda dois deles para serem mostrados - "Promise Me This", de Emir Kusturica, e "The Mourning Forest", de Naomi Kawase -, os favoritos incluem "No Country For Old Men", dos irmãos Coen, "Alexandra", do russo Alexander Sokurov, "Zodíaco", de David Fincher (EUA) e "Secret Sunshine", da Coréia do Sul.

Como acontece quase sempre, boa parte do interesse maior em Cannes foi gerado fora da competição principal.

Michael Moore levou ao festival seu contundente documentário "SiCKO", e Angelina Jolie estrelou uma adaptação comovente da história de Mariane Pearl, mulher do jornalista Daniel Pearl, que foi sequestrado e decapitado por militantes islâmicos em 2002.

Seu parceiro, Brad Pitt, uniu-se a George Clooney e Matt Damon para divulgar "13 Homens e um Novo Segredo", e a banda U2 apresentou-se no tapete vermelho para promover "U2 3D".