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O medo que Benicio del Toro sentia diante do desafio de encarnar o mítico Ernesto "Che" Guevara nas telas desapareceu quando o ator compreendeu que interpretar o guerrilheiro argentino seria impossível.

Ganhador do prêmio de melhor ator em Cannes pelo papel de Guevara em "El Argentino", Del Toro apresentou ao mundo nesta terça-feira, em Madri, a primeira metade de um filme de quatro horas de duração dedicado à figura de Che Guevara.

"É impossível fazer o personagem Che, ou um filme de Che. Quando soube que era impossível, deixei de ter medo", afirmou Del Toro em entrevista coletiva.

O ator porto-riquenho também protagoniza a segunda metade, "Guerrilla", sobre a experiência de Che Guevara na Bolívia, onde o líder guerrilheiro foi executado em 1967 pelo Exército desse país.

Quando Del Toro propôs a Steven Soderbergh -- ganhador do Oscar de melhor diretor em 2000 por "Traffic" - dirigir os filmes, o cineasta não hesitou.

"Che Guevara é uma das figuras históricas mais importantes do século 20", disse Soderbergh.

"Ele conseguiu manter sua fúria contra a injustiça por 15 ou 20 anos. Isso não é normal, e é algo que representa grande material para um filme."

Para a elaboração do roteiro, os responsáveis pelo filme tiveram a assessoria do jornalista Jon Lee Anderson, biógrafo de Guevara.

Del Toro embarcou no projeto há anos. O filme demorou muito a ser concretizado devido às dificuldades em obter financiamento, especialmente por ser falado em espanhol, o que gerava dúvidas entre os produtores norte-americanos.

Algumas pessoas que já assistiram ao filme o criticam por mostrar o personagem sob uma ótica demasiado positiva. Soderbergh discorda.

"Eu apóio cada um dos personagens do filme. Não me importa que seja apreendido positiva ou negativamente", disse o diretor.

"Ao longo da vida, justificamos nossos atos para nós mesmos, então eu tenho que respeitar o ponto de vista do personagem e sua maneira de ser", explicou.

Outros questionaram por que o filme não menciona os fuzilamentos que se seguiram à revolução em Cuba, mas o diretor também refutou essas críticas.

"O tema é tratado sim, no caso de dois desertores fuzilados e quando Che faz um discurso perante as Nações Unidas. Não tenho interesse algum em glorificar Che Guevara nem em diminuir sua glória. Não sou latino e não tenho uma conexão pessoal com ele, como podem ter outras pessoas", disse Soderbergh.

"Muitas coisas aconteceram em Havana e não estão no filme, porque Havana não está no filme", ressaltou uma das produtoras do filme, Laura Bickford.

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