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Lisboa recolheu 500 folhas em parques da cidade para fazer a sua Intervenção de Outono | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Lisboa recolheu 500 folhas em parques da cidade para fazer a sua Intervenção de Outono| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Desde que ocupou 20 outdoors no centro de Curitiba com arte, em maio de 2004, com a intervenção Ficções Urbanas, o artista visual Tom Lisboa fez um contrato consigo mesmo: sempre em maio, ele desenvolveria um projeto inédito que teria como espaço a cidade. Desde então, a regra não foi quebrada. Até amanhã, ele realiza uma reciclagem artística com folhas caídas de árvores, intitulada Intervenções de Outono, em que deixa as obras espalhadas no chão de parques ou as solta penduradas em balões com gás hélio.

VÍDEO: Veja a intervenção de Tom Lisboa

Durante 20 dias, Tom Lisboa andou por parques (sobretudo o Parque Barigui, próximo de sua casa, e o Passeio Público) recolhendo 500 folhas que serviram de matéria-prima. A inspiração principal para a obra foi a estação do ano. "A paisagem muda radicalmente no outono. Percebo isso claramente. Muda a cor da grama, a luz fica diferente, as árvores perdem muitas folhas. É o início de um ciclo de renovação", acredita. Nas folhas, ele aplicou com tinta automotiva branca a frase "é no outono que as folhas se despem de seus sonhos". Depois, as distribuiu pelo chão dos parques – outras 200 foram amarradas em balões com gás hélio e soltas no alto de uma cobertura no centro da cidade – hoje, ele fará o mesmo processo no período da tarde. "Estou experimentando um tipo de ocupação, mais descentralizada. Até 2011, eu ocupava uma árvore, um telefone público ou um ponto de ônibus. Agora, eu quero que o acaso determine onde a intervenção vai acontecer", diz.

A casualidade, aliás, rendeu algumas histórias curiosas: um dos balões, muito tempo depois, voltou para a cobertura, e algumas pessoas escreveram para Lisboa dizendo que caminham no parque prestando atenção nas folhas, para ver se encontram alguma com a frase impressa. "São histórias interessantes, mas não tenho por hábito observar as pessoas, assim como não fico do lado do quadro em uma galeria para saber o que acharam."

Laboratório

Há anos, Tom Lisboa se dedica a projetos que incluem a arte em equipamentos urbanos. Desde 2005, todas as ideias implementadas são realizadas sem patrocínio e sem autorização – em 2006, a Câmara de Vereadores de Curitiba outorgou um Voto de Louvor para o artista pelo conjunto de intervenções realizadas na cidade, seu espaço favorito para expor. "Não tenho preconceito em relação a espaços, seja ele uma galeria, museu ou telefone público. Só que o espaço ‘oficial’ de artes é restrito. Na maioria dos casos, sujeito a burocracia, autorizações e outras formalidades. Isso não é um defeito, mas uma característica inerente a esse local. Na cidade posso exercer integralmente a minha liberdade criativa."

Há 7 anos, Lisboa realiza os projetos de forma independente, sem nenhum patrocínio, e costuma ver sua obra facilmente removida. "É muito comum. Já soube de turistas que levaram polaroides (in)visíveis (projeto com falsas fotografias, onde um texto era escrito) como souvenir de Curitiba, que é meu laboratório. Aqui, desenvolvo projetos que acabam sendo exportados para outras cidades". As polaroides, por exemplo, estiveram em mais de 30 locais pelo país e ganharam o Prêmio Porto Seguro de Fotografia, exposição na Caixa Cultural e participação no Circuito Sesc de Artes de São Paulo. "E tudo começou com 18 polaroides nas praças Carlos Gomes, Santos Andrade e Zacarias."

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Cultura e Lazer | 2:13

O artista visual Tom Lisboa recolheu 500 folhas caídas de árvores para realizar Intervenção de Outono, onde escreveu a frase "é no outono que as flores se despem de seus sonhos." As folhas foram distribuídas por parques e soltas com balões.

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