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A cantora carioca está se cercando de músicos de Curitiba para seus próximos projetos | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
A cantora carioca está se cercando de músicos de Curitiba para seus próximos projetos| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Linha do tempo

Conheça alguns momentos importantes na carreira de Flora Purim:

1967 – Viaja a Nova York para conhecer seus ídolos do jazz e acaba trabalhando com músicos como Stan Getz e Gil Evans.

1972 – Participa da gravação de Return to Forever, de Chick Corea.

1973 – Lança seu primeiro álbum solo, Butterfly Dreams, que a colocou entre as cinco melhores cantoras na lista da revista de jazz DownBeat.

1992 – Participa de dois discos ganhadores do Grammy: Planet Drum, de Mickey Hart, e United Nations Orchestra, de Dizzy Gillespie.

2002 – Lança os discos Perpetual Emotion e Flora Purim Sings Milton Nascimento. No mesmo ano, é condecorada, junto com Airto Moreira, com a Ordem do Rio Branco.

Uma das cantoras que marcaram o jazz americano, a carioca Flora Purim, 71, rodou o mundo com uma carreira singular. Chegou a morar em Portugal e Inglaterra, e passou mais de 45 anos em Los Angeles, nos Estados Unidos, ao lado de Airto Moreira.

O melhor destes mundos, no entanto, ela está vendo do oitavo andar de um apart hotel no Centro de Curitiba, tal foi o encantamento pela cidade que a tomou de assalto desde o último Natal.

"Eu olho para cá e me lembro da Bahia", diz Flora, em direção aos prédios históricos da Praça Generoso Marques. "Olho para aquele lado e me sinto na Itália", diz, voltada para a Praça Santos Andrade.

Passeios diários no calçadão da Rua XV de Novembro fazem parte do namoro. "Sento e fico vendo as características de quem vive e trabalha aqui no centro", conta Flora. "Cada chofer de táxi, cada vendedor na rua tem sua música. Quando descobrem que estou nesse meio, cantam para mim."

Por estas e outras surpreendentes experiências, a vinda do casal para visitar uma irmã de Airto será definitiva. O catarinense criado em Curitiba, ainda detentor do posto de melhor percussionista do mundo, voltou aos Estados Unidos há cerca de duas semanas para trabalhar. Flora ficou com a missão de encontrar um apartamento. "Não queria ficar velha nos Estados Unidos. Não estou satisfeita com a política de lá", explica. "Airto reconhece Curitiba como o seu berço. Isso também me influenciou."

Projetos

Uma temporada na Europa está prevista para maio, mas projetos curitibanos de Flora já estão em andamento.

Para o principal, a ser confirmado no segundo semestre, a cantora deverá contar com alguns dos músicos da cidade, como Jeff Sabbag, Mario Conde e Endrigo Bettega, em uma releitura de sua carreira (leia alguns dos principais fatos no quadro ao lado). A ideia é percorrer o país com o show.

Integrante da banda Return to Forever, de Chick Corea, Flora foi uma das protagonistas do jazz fusion no início dos anos 1970, em Nova York. Por quatro vezes seguidas, foi eleita a melhor cantora pela revista de jazz DownBeat, entre 1974 e 1977. Viu de perto, ao lado de Airto, o que é considerado por músicos como a última grande reviravolta estética do jazz, capitaneada também por nomes como Miles Davis e Weather Report. Com este olhar, Flora vê uma cena musical extraordinária em Curitiba que ainda deve "tomar conta do país".

Para reforçar sua tese, a cantora cita Hermeto Pascoal – um de seus mentores no início de sua carreira, nos anos 1960, quando se apresentavam na boate paulistana Stardust. "Você vê como não estou errada?", brinca Flora. "O Hermeto não é bobo não. Poderia ter ido para qualquer lugar, mas veio para Curitiba."

Previsões à parte, a cantora diz querer dar sua contribuição à cena. "Não previ que voltaria ao Brasil para ficar. Mas sinto que agora posso fazer a diferença, porque sou mundial. Sei que, se tocar direitinho, trata-se de tocar daqui para o mundo", analisa Flora.

Sorte da obra do compositor Lápis (1942–1978), que está chegando às mãos de Flora, junto com músicas de compositores como Gerson Bientinez. "Se tudo correr bem, vou me naturalizar curitibana", brinca Flora.

Uma canção de um mineiro radicado no Rio de Janeiro, no entanto, não deve faltar em seus próximos shows. "Saudade", de Silvio Cesar, se tornou especialmente significativa na volta de Flora ao Brasil. "Eu sei que você tem razão, a saudade ninguém traduziu,/ mas saudade só tem tradução se você já sentiu", recita Flora – que, nos shows, complementa a canção com o verso "teu nome é Brasil". "Quero me deitar nesse mundo de saudade", comemora.

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