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O ator Antonio Banderas, dublador de O Gato de Botas. | Divulgação
O ator Antonio Banderas, dublador de O Gato de Botas.| Foto: Divulgação

Entrevista

Antonio Banderas, ator e dublador do Gato de Botas.

Gato de Botas terá cerca de 700 cópias brasileiras e 80% delas serão dubladas. Você se decepciona por saber que sua voz não estará na maior parte das salas?

Não, absolutamente, eu compreendo esse processo. Em primeiro lugar, porque nós não simplesmente colocamos a voz nos personagens, mas construímos sua personalidade do zero, e todos os outros dubladores tentarão seguir essa personalidade, eu imagino. Em segundo lugar, as salas que exibirão o filme na linguagem original têm um público muito interessante. Não são crianças, são adultos amantes do gênero, que têm interesse no progresso da tecnologia e na narrativa do filme. Isso é muito interessante para nós.

Como você lida com o rótulo de latin lover?

No meu caso não há nada que eu possa fazer. Eu sou o ator que mais fez papéis gays na história do cinema, e ainda assim sou um latin lover. Sempre vou ser. Nos Estados Unidos, eu fiz filmes de terror como Entrevista com o Vampiro, musicais como Evita, filmes infantis como Pequenos Espiões, ação, aventura, etc. E não importa o que eu faça, ainda vou ser chamado de latin lover. Não há nada que eu possa fazer além de levar na esportiva. Dito isso, é preciso lembrar que Gato de Botas é uma megaprodução com um protagonista hispânico. Os heróis têm um forte sotaque e os vilões falam um inglês perfeito. Isso é muito importante para as crianças anglo-saxônicas, pois elas vão crescer com isso na cabeça. Quando eu cheguei a Hollywood, me disseram que eu só iria fazer vilões, como narcotraficantes. Isso está mudando significativamente nos últimos anos.

Desde sua primeira aparição, em Shrek 2, o Gato de Botas, uma versão latina livremente inspirada no personagem do escritor francês Charles Perrault (1628-1703), é um sucesso instantâneo. Dublado, na versão original, por Antonio Banderas (leia entrevista ao lado)– e com fortes traços de sua versão do cavaleiro mascarado Zorro – o gato se tornou célebre por seu olhar pidão e meigo, dotado de um poder de persuasão extraordinário. Talvez seja a força desse olhar que fez os estúdios Dreamworks darem ao personagem seu próprio filme, intitulado Gato de Botas, que estreia nesta sexta-feira nos cinemas.

Embora desconectado do universo do ogro Shrek, Gato de Botas segue a linha da franquia ao se apropriar de diversos personagens de contos de fadas. Na história, o protagonista felino se alia a seu antigo amigo e desafeto, o ovo Humpty Dumpty, e à misteriosa gata Kitty Patamansa para roubar os feijões mágicos de Jack & Jill e chegar até o castelo do gigante no céu para capturar os ovos da Gansa dos Ovos de Ouro. As referências rocambolescas ganham um tom de odisseia pelas altas doses de ação e os efeitos em 3D, eficientes para a animação, ainda que não completamente necessários.

A estrutura não guarda maiores surpresas, seguindo inclusive as reviravoltas previsíveis nesse tipo de filme. Para as crianças, porém, o longa pode trazer alguma novidade na complexidade do felino, herói e ladrão ao mesmo tempo. Além disso, a produção acertou em retratar elementos que, até então, eram melhores definidos pelos desenhos 2D da Disney, como o pé de feijão e o castelo do gigante, dando forma ao imaginário coletivo em alta definição.

Talvez Gato de Botas peque por não ousar mais no formato da narrativa, mas consegue rir de si próprio e aprofundar a história do protagonista de maneira inteligente e criativa. Carismático, o Gato de Botas ganha a simpatia do público de maneira fácil e divide seu humor entre o escracho infantil e a sutileza da piada adulta, garantindo diversão a pais e filhos.

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