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CD 1

Melhor Assim

Teresa Cristina. EMI. R$ 24,90. Samba.

Tentando fugir do rótulo "samba da Lapa", Teresa Cristina se reinventa em Melhor Assim, disco gravado ao vivo em show realizado no dia 27 de outubro de 2009 no Teatro do Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro. A gravação também está disponível em DVD.

Há grandes surpresas, como o baião "Capitão do Mato" e a ótima canção de ninar "Lembrança", ambas de sua própria autoria. Sob direção do mestre Paulão 7 Cor­­das, outras faixas destacam a flexibilidade da intérprete Teresa. Há o samba-canção "Orgulho", sucesso na voz de Ângela Maria; e o quase blues "A História de Lily Braun", da dupla Edu Lobo e Chico Buar­­que.

Para completar o show, há a participação de convidados de diversas frentes da música brasileira, como Caetano Velo­­so, Lenine, Seu Jorge, Arlindo Cruz, Marisa Monte e Pedro Baby. As novas vozes confirmam os novos passos de Teresa, que obteve um início de carreira promissor com dois discos dedicados à obra de Paulinho da Viola. A compositora Teresa surgiu no segundo trabalho, seu disco em parceria com o Grupo Se­­mente. A reinvenção do samba continua agora, de carona em uma voz inconfundível. (CC)

Livro 1

Primos

Adriana Armony e Tatiana Salem Levy (org.). Record. 320 págs. R$ 44,90. Contos.

O que aproxima e separa árabes e judeus? Vinte escritores brasileiros responderam, por meio de textos ficcionais, esta pergunta, que forma Primos, um livro inusitado, que chega às livrarias com o selo da Record.

Se a situação política no Oriente Médio os separa, no caso dos participantes deste projeto, a vontade de comunicar e a prática de um bom texto os aproxima, nessa antologia, histórica desde o seu lançamento, organizada pelas jovens prosadoras Adriana Armony e Tatiana Salem Levy.

Os textos são ficcionais mas, como sugerem, tiveram como ponto de partida a realidade, memórias e outros sentimentos. Adriana Armony, em sua contribuição, aponta para um ponto central do que esse projeto verbal tem como unidade: "Aqui não é o meu pensamento que expresso, mas algo muito diferente, que são os meus afetos."

Todos os autores expressam afeto, e muitos deles referem-se à imagem paterna, e o efeito dessa ausência, algo que direta ou metaforicamente diz muito a respeito de quem são os árabes e os judeus, acima de tudo, ao homem, igual apesar das aparentes diferenças. (MRS)

DVD

O Sal da Terra

Brasil, 2008. Direção de Elói Pires Ferreira. Lab Vídeo. Preço médio: R$ 34,90. drama.

O filme paranaense O Sal da Terra explora o "mundo caminhoneiro" do Brasil, um microcosmos com códigos e convenções muito particulares, de uma perspectiva no mínimo inusitada. A trama tem como protagonista um motorista bastante incomum: Miguel (Edson Ro­­cha, em ótima atuação) é padre. E "as mercadorias" que ele transporta são fé e conforto aos que ne­­cessitam.

Escrito a seis mãos por Ferreira, Altenir Silva (também co­­nhecido na comunidade cinematográfica local como "Bolinha") e J. Olím­­pio, O Sal da Terra, um longa-me­­tragem que merece ser conferido, teve como uma de suas inspirações a Pastoral Rodoviária, criada em 1976 aqui mesmo no Paraná com o objetivo de levar o evangelho a homens e mulheres brasileiros que carregam a economia nacional nas caçambas de seus veículos. (PC)

Livro 2

O Mundo Visto Daqui (1980-1983)

Millôr Fernandes. Desiderata. 224 págs. R$ 44,90. Humor.

Millôr Fernandes costuma ser muito bom, mas ele está excelente nestes textos, escritos e publicados de 1980 a 1983. Apesar do acen­­to factual, e de muitas das obser­­vações serem daqueles tempos, de maneira geral o olhar do autor desnuda o comportamento do ser humano independentemente do contexto.

"De esforço em es­­forço talvez um dia che­­gem a ser humanos", escreveu Fer­­nan­­des em 1980, a brincar com a trajetória da humanidade, que apesar da suposta conquista civilizatória, ainda parece estar dentro das cavernas.

Ainda na década perdida, ele decifrou o que é preciso para ser e permanecer na vida pública: "Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta."

Das frases, certeiras e breves, a textos mais extensos, o escritor que usa o humor para comunicar temas os mais pesados sempre, isso mesmo, sempre acerta a mão.

"Em dúvida, corrompa-se", sugere, em tom de brincadeira, Fer­­nandes, a todos que vi­­vem e respiram esse mesmo ar, o mesmo de Brasília, o mesmo de Curitiba. (MRS)

CD 2

Clinging to a Scheme

The Radio Dept. Labrador Sweden. Importado. Preço médio: US$ 12. Indie Rock.

Desconhecidos do grande público devido a uma produção um tanto quando irregular – apenas dois discos em 13 anos de carreira –, o trio sueco The Radio Dept. viveu seu momento de maior fama ao ter algumas de suas canções incluídas na trilha sonora do filme Maria Antonieta (2006), de Sofia Coppola.

Naquele mesmo ano, o grupo liderado por Johan Duncanson lançou Pet Grief, segundo e elogiado registro, em que a formação consolidou sua mistura de indie-rock e dream-pop (subgênero do rock surgido em meados dos anos 80, caracterizado por texturas sônicas e vocais murmurados).

No recém-lançado Clinging to a Scheme, o trio acrescenta uma pegada mais eletrônica às canções, com pitadas de synth-pop que aparecerem logo na faixa de abertura "Domestic Scene", na doce "This Time Around" e na quase dançante "David".

Em apenas 34 minutos, as nove canções do novo álbum esbanjam camadas de guitarras distorcidas por efeitos que também contaminam os vocais de Duncanson, que continua cantando sobre dilemas sentimentais juvenis, como no pop redondo de "Heaven’s on Fire". Destaque ainda para a downbeat "Never Follow Suit", a shoegazer "Memory Loss" e a lo-fi "The Video Dept.". (JG)

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