CD 1
Congratulations
MGMT. Sony BMG. Preço médio: R$24,90. Rock.
Menos psicodélico e mais experimental do que Oracular Spetacular, álbum de estreia que projetou rapidamente o duo norte-americano MGMT, Congratulations revela uma harmonia maior entre o rock indie e as pitadas de new wave características do projeto formado por Andrew Vanwyngarden e Ben Goldwasser.
Há um clima de parque de diversões no disco ouça "Song for Dan Treacy", por exemplo, e sinta-se em uma roda gigante. Mas ao mesmo tempo que é divertido, o passeio também é estranho.
Talvez para fugir dos holofotes que conquistaram com a execução implacável dos hits "Kids" e "Time to Pretend", o MGMT ousou em inserções efeitos eletrônicos, percussões, flautinhas infantis e diferentes camadas de vozes que podem sugerir uma aproximação com o que faz o Vampire Weekend.
Por isso, são só nove e longas músicas, que fazem Congratulations ser menos imediato do que seu predecessor. A parte final do disco é a mais interessante. A ótima "Siberian Breaks" tem 12 minutos dedique-se a ela, vale a pena. Começa com um violão tranquilo, quase bossa nova, atravessa emaranhados de ideias sonoras e acaba no rock inglês dos anos 1980.
Ao mesmo tempo cabeça, o álbum é colorido com faixas mais dançantes, como "Flash Delirium" e seu refrão explosivo. Não é melhor que o disco de estreia. Só é muito diferente dele. (CC)
CD 2
An Education
Vários artistas. Decca Records/Universal. Preço médio: R$ 34,90. Trilha sonora.
Indicado ao Oscar de melhor filme, o longa-metragem britânico Educação já foi lançado no Brasil, mas permanece inédito em Curitiba. Uma pena. Temos de nos contentar, por enquanto, com sua ótima trilha sonora, capaz de transportar o ouvinte aos charmosos e conturbados anos 60.
Para "emoldurar" a história de uma adolescente inglesa que enfrenta a família e a sociedade para se unir a norte-americano mais velho e experiente, comparecem artistas que faziam sucesso na época. Entre eles, Ray Charles, Brenda Lee, Mel Tormé e Juliette Gréco. Mas não faltam nomes mais atuais que investem em sonoridades jazzísticas mais retrô, entre eles Madeleine Peyroux e Melody Gardot.
O CD também inclui os temas incidentais escritos especialmente para o filme por Paul Englishby, um compositor novato mas promissor que consegue equilibrar emoção, romantismo e tensão em uma trilha inspirada que deve lhe abrir portas no mundo cinema. (PC)
Livro 1
A Morte da Porta-Estandarte, Tati, a Garota e Outras Histórias
Aníbal Machado. José Olympio. 320 páginas. R$ 40. Conto.
A história da literatura é feita não apenas pelos nomes que a academia e os leitores elegem. Afinal, os autores tidos como "secundários" podem vir a ser chamados de protagonistas de uma escrita tempos depois. Essa reflexão surge diante da reedição de A Morte da Porta-Estandarte, Tati, a Garota e Outras Histórias, um livro com 13 contos de Aníbal Machado (1894-1964), obra que chega a 18.ª edição depois de estar esgotada desde 1997.
Machado escreveu contos que chamaram a atenção de "gente grande", como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, entre outros autores consagrados.
Ele problematizou o mistério e o inexplicável, por exemplo, em "O Iniciado do Vento", conto que insinua um crime e revela um menino que, sem rodeios, era o "filho do vento".
No entanto, ao confrontar o presente, uma vida que poderia ter sido (e não), e uma trágica tentativa de recuperar o passado, mote de "Viagem aos Seis de Duíla", o escritor revela-se um autor, inventor de mundo, dicção e linguagem.
Este título funciona tanto como um retorno aos melhores momentos de Aníbal Machado (para quem já o conhece) e simultaneamente como porta de entrada no universo ficcional do autor (para aqueles que ainda não leram nada que ele escreveu). (MRS)
Livro 2
A Morte de Matusalém
Isaac Bashevis Singer. Companhia das Letras. 238 págs. R$ 44. Contos.
A palavra genial, sem exagero, é a primeira que surge ao ler cada um desses 20 contos reunidos em A Morte de Matusalém. Afinal, o autor desses textos de ficção é o cultuado Isaac Bashevis Singer (1904-1991), que tem a fama de jamais ter escrito um texto ruim, reconhecido com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1978.
Singer problematiza, na maior parte dos textos, o ciúme e o medo de vir a ser traído, questões, de certa maneira, eternas, que dizem respeito a todos os homens, tenham nascido onde quer que seja, independentemente de fronteiras, fusos horários e latitudes.
Em "O Amigo da Casa", o narrador é um sujeito que, de um jeito ou de outro, será o amante de uma mulher casada, e sempre é convidado a assumir o "posto" pelo marido (que virá a ser traído).
Já em "A Amarga Verdade", dois amigos são unidos, e separados, pela guerra. Um deles virá a se casar com uma prostituta, que o outro conhecia muito bem. Esse "detalhe" vai afastar, para sempre, os dois.
O conto "O Produtor Cultural" tem como cenário o Brasil, e o sujeito que empresa a sua função ao título da narrativa é, pelo que a ficção apresenta, um tremendo de um picareta, que apenas se aproveita de artistas para, ele mesmo, praticar alpinismo financeiro e artístico. (MRS)
DVD
Alice
França, 1977. Direção de Claude Chabrol. Lume. Preço médio: R$49,90. Drama fantástico.
Alice discute com o marido, entra no carro e perde o controle da direção. O impacto contra uma árvore será menor do que o de perceber a ilogicidade da propriedade onde busca abrigo e da qual terá dificuldades para escapar. Ao esbarrar na falta de saída literal, inclusive , a tentativa de fuga da moça se converte em suspense, nesse filme em preto-e-branco de 1977, um dos mais obscuros de Claude Chabrol (Madame Bovary e Uma Garota Dividida em Dois). Diretor francês da geração de François Truffaut e Jean-Luc Godard, como eles um dos grandes cineastas da Nouvelle Vague, e, notavelmente, admirador de Alfred Hitchcock.
Para interpretar o tormento onírico, Chabrol convidou Sylvia Kristel (da série erótica Emanuelle), atriz que gozava de grande fama na década de 70 pela personagem Emmanuelle, da série de filmes de viés erótico. Ela protagoniza uma história curta, de pouco mais de 90 minutos, centrada em poucos personagens e um único ambiente, mas cuja força reside na perturbação mental da moça. No auge, contamina as imagens, distorcendo-as num testemunho iconográfico do atordoamento da mulher que de repente perde o rumo. (LR)
CD 3
Volume Two
She & Him. Lab 344. Preço médio: R$ 29,90. Folk/pop
O segundo disco da dupla criada pela atriz Zooey Deschanel (musa-indie-mor depois da comédia romântica 500 Dias com Ela) com o produtor e músico M. Ward segue o mesmo caminho trilhado pelo primeiro trabalho, Volume One, de 2008: canções meigas, com influências de folk, country e pop retrô, protagonizadas pela doce voz de Zooey.
Sob caprichados arranjos de cordas, piano, bandolins e órgão, a atriz despeja açúcar ao cantar sobre corações partidos e amores platônicos, em canções embaladas por um clima nostálgico. É o que se ouve na faixa de abertura, "Thieves", balada sessentista à la Phil Spector.
Do passado, o duo resgata ainda o beach pop em "Dont Look Back" e os girl groups dos anos 50 com a participação de vocalistas de apoio, nas faixas "Ridin in My Car" e "Over It Over Again". Há ainda espaço para o country em "Im Gonna Make It Better" e "Lingering Still". Mas os grandes destaques ficam por conta da releitura "Gonna Get Along without You Now" (sucesso de Milton Kellem nas paradas norte-americanas em 1952) e das canções em que o "mel" não transborda, como nas mais suaves "Me and You" e "Sing". (JG)
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