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DVD

Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia

EUA/México, 1974. Direção de Sam Peckinpah. Classificação indicativa: 14 anos. Preço médio: R$ 45. Ação.

Sam Peckinpah (1925-1984) faz Quentin Tarantino parecer um diretor delicado. Neste Traga-me a Cabeça de Alfredo Garcia, Peckinpah fala de um ricaço mexicano que se sente traído por um homem a quem via como filho depois que este engravidou sua filha e deu no pé.

Para se vingar, oferece uma fortuna em troca de uma prova da morte de Garcia: sua cabeça. A notícia corre e logo o músico Bennie (Warren Oates) se mete na história disposto a fazer algum dinheiro. Descobre que Garcia morreu num acidente de carro e está enterrado num vilarejo mexicano.

Seu plano é pegar a prostituta Elita (Isela Vega), ex de Garcia pela qual está apaixonado, viajar até o local onde o homem está enterrado, abrir a cova e cortar a cabeça dele. O plano, não é difícil supor, dá errado (mas não muito). O que importa é como ele dá errado.

Por que assistir: Poucos filmes nos anos 1970 são mais sangrentos do que Traga-me a Cabeça de Alfredo Garcia, que sintetiza algumas das características de Peckinpah, cineasta genial de Meu Ódio Será Tua Herança e Pat Garrett e Billy the Kid. (IBN)

Site

Revista Contracampo

http://www.contracampo.com.br

A revista Contracampo, públicação on-line do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFFF), de Niterói (RJ), é hoje um dos mais respeitados espaços de reflexão sobre cinema no país. Com o quase desaparecimento da crítica mais aprofundada e ensaística dos jornais diários e das revistas semanais, títulos especializados, sobretudo os surgidos no meio acadêmico, passaram a desempenhar papel fundamental na geração de pensamento sobre os diversos campos das artes.

Por que ler: a edição atual da Contracampo traz críticas densas e provocativas tanto de filmes ditos comerciais, como A Origem, de Christopher Nolan, quanto de títulos do chamado cinema de arte, a exemplo do belíssimo Vincere, de Marco Bellocchio, que conta a história de como Benito Mussolini chegou ao topo do poder na Itália fascista. Entres os artigos, o destaque é "Tropa de Elite e uma Definição de Cinema Popular", assinado por Calac Nogueira. (PC)

CD

Beatles por André Mehmari

André Mehmari. Solo Lounge. Preço médio: R$ 22,90. Instrumental.

Há quem torça o nariz para releituras de músicas dos Beatles. Mas a proposta de André Meh­­mari é diferente. Já que não há como igualar o que os Fab Four fizeram juntos, Mehmari minimalizou 14 músicas dos britânicos. Somente um piano revela a qualidade de 14 composições bem conhecidas, que ganham nova e delicada roupagem por suas mãos.

Gravado em apenas três dias, o disco surpreende pelo improviso bem colocado que anda de mãos dadas com o respeito às características originais das músicas. Mú­­sicas aparentemente resolvidas, como "Hello Good­­bye", ga­­nham uma profundidade interessante. "Across the Uni­­verse", ao piano, se trans­­forma em uma viagem ainda mais prazerosa. "Get Back" adquire um peso extra, e conversa com o piano erudito, enquanto "Ob-la-di Ob-la-da" é brincadeira pura.

Pianista, arranjador, compositor e multi-instrumentista, o carioca Mehmari é uma das revelações da música instrumental brasileira, e já teve algumas de suas composições executadas por expressivos grupos de câmara brasileiros, co­­mo Osesp e Quinteto Villa-Lobos.

Por que ouvir: para quem gosta de Beatles, ouvi-los em outro formato é um deleite que só reforça a genialidade da banda. André Mehmari conseguiu captar a essência melódica de músicas indiscutíveis com qualidade e originalidade, apesar de, como ele mesmo diz, não ser um beatlemaníaco. (CC)

Livro 1

Outras Cores

Orhan Pamuk. Tradução de Berilo Vargas. Companhia das Letras. 472 págs. R$ 57. Ensaio.

Há quem considere Orhan Pamuk melhor ensaísta do que romancista – caso deste jornalista. Se, num romance como Neve, o autor dá voltas e mais voltas parecendo um Proust da Turquia, nos textos de não-ficção, há uma objetividade, uma disposição de dar nome às coisas que é fascinante.

Outras Cores compila textos que o vencedor do Nobel de Literatura de 2006 escreveu à guisa de posfácio para outras obras, além de discursos e até um pouco de ficção. Um dos temas tratados no livro tem a ver com a polêmica em que o escritor se viu depois de dar uma entrevista para uma publicação da Suíça.

Pamuk disse que havia na Turquia a disposição de esquecer o genocídio dos armênios ocorrido no país entre 1915 e 1917. A notícia saiu e ele foi processado pela promotoria do seu país, acusado de "denegrir a identidade turca".

Preste atenção: Antes e depois do Nobel, ele conquistou leitores no mundo todo por falar do embate entre Oriente e Ocidente, uma das questões prementes de sua terra natal e também um dos temas políticos mais importantes da atualidade.

A Companhia das Letras publicou várias obras de Pamuk, inclusive A Maleta de Meu Pai, com o discurso que fez ao receber o Nobel, falando sobre as ambições frustradas do pai que também desejava se tornar escritor. (IBN)

Livro 2

Areia nos Dentes

Antônio Xerxenesky. Rocco. 142 págs. R$ 24. Romance.

O escritor porto-alegrense An­­tô­­nio Xerxenesky, nascido em 1984, é apontado pela crítica como uma das revelações da literatura brasileira contemporânea. Em 2007, ele fundou, em parceria com ou­­tros cinco gaúchos, a Não Editora. No ano seguinte, publicou Areia nos Dentes, que esteve entre os finalistas do Prêmio Açorianos. Mesmo longe demais das capitais, e editado por um selo pequeno, o trabalho literário de Xerxe­­nesky chamou a atenção de leitores em todo o país, in­­clusive da editora Rocco, que reeditou a obra, agora disponível em quase todas as livrarias do Brasil.

Por que ler: Porque Xer­­xe­­nes­­ky tem um amplo re­­pertório, que contempla influência múltiplas, como os escritores Thomas Pyn­­chon e Cormac McCarthy, além dos cineastas Sergio Leone, Sam Peckinpah e Clint Eastwood. A partir dessas citações, é mais ou menos evidente que o autor gaúcho desenvolveu uma obra que dialoga com a ideia do Velho Oeste.

"Havia o medo em todos os cantos. Hoje em dia, os ho­­mens temem bobagens; outrora, temiam a noite e a morte. Não importava a arma no coldre." Eis um trecho do promissor romance de um escritor que já começa mostrar um estilo, mesmo no primeiro livro. (MRS)

EXPOSIÇÃO

Possíveis Conexões II

Museu de Arte Contemporânea do Paraná (R. Des. Westphalen, 16), (41) 3323-5328. De terça-feira a sexta-feira, das 10 às 19 horas; sábado e domingo, das 10 às 16 horas. Até 13 de março.

Uma exposição que toma todo o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC) permite conhecer a produção dos futuros artistas que estudam nas quatro faculdades de arte do estado: a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Escola de Belas Artes (Embap), a Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e a Univer­­sidade Tuiti (UTP).

Uma marca comum entre as obras é o experimentalismo, mesmo quando se tratam de pinturas e desenhos – seja na utilização de materiais, seja na linguagem. É o caso, por exemplo, dos desenhos dos estudantes e grafiteiros Thiago Syen, que desenhou a obra "Pa­­la­­vras" em látex e grafite sobre a parede, e Deivid Heal, que optou pela tela tradicional para se expressar com grafite e acrílico.

O que ver: Logo à entrada do museu, chama a atenção do público a obra "Contrapeso". Mas um aviso indica: não sente. Embora dê vontade, o banco que parece feito de pedra foi, na verdade, confeccionado em papel vegetal por Lanna Gonçalves e Michelle Villaça. Den­­tre muitos destaques, es­­tão a fotografia "Vinis", de Rosângela Cres­­pan, e as imagens que brincam com os ângulos, de Daniela Schus­­ter e Sílvia da Silva. (AV)

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