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Livro 1

Na Estrada: o Cinema de Walter Salles (foto ao lado)

Marcos Strecker. Publifolha, 336 págs., R$ 49,90. Biografia.

Embora seja ainda jovem, com 54 anos, Walter Salles é um cineasta dos mais influentes do Brasil por causa de filmes como Central do Brasil e Linha de Passe. Realizou oito longas-metragens, além de dois documentários, cinco curtas-metragens e sete especiais para a televisão. À frente da produtora Videofilmes, atuou também como produtor e resgatou a obra de Mário Peixoto (1908-1992), autor de Limite (1930) e um dos precursores da produção nacional. O livro do jornalista Marcos Strecker é bem organizado e lança mão de recursos atraentes. Além da pesquisa imprescindível para um título do gênero, que inclui comentários acerca dos filmes, o autor dedica um capítulo a uma conversa de Salles com o diretor alemão Wim Wenders – um de seus mestres – e, em outro, compila textos que o cineasta produziu para a imprensa paulista. Ao longo do livro, Strecker intercala a narração sobre o personagem central com pequenos fragmentos escritos pelo próprio Salles em primeira pessoa. Trata-se então de uma biografia com pequenos trechos autobiográficos em que o biógrafo dá espaço para o biografado falar de si. Assim, Salles lembra como vivia triste a rotina de estudante em Paris na pré-adolescência. Vivendo meses distante dos pais, encontrou no cinema uma espécie de segunda casa. A parte sobre a formação de Salles talvez seja a mais tocante da obra e, bem ao gosto do diretor, faz pensar num filme de François Truffaut (Os Incompreendidos). (IBN)

CD 1

Highway Rider (foto 1)

Brad Mehldau. Nonesuch Records, preço médio: US$ 19,90 (importado). Instrumental.

O pianista Brad Mehldau, ás do jazz, deixa de lado os improvisos para compor peças instrumentais em que é acompanhado por seus dois escudeiros, o baixista Larry Grenadier e o baterista Jeff Ballard, e por convidados do naipe do saxofonista Joshua Redman e de uma orquestra de câmara conduzida por Dan Coleman. Há ainda a participação do baterista Matt Cham­­berlain, colaborador de figuras como Fiona Apple e Kanye West. Highway Rider é uma trilha sonora à espera de um filme. As composições são capazes de criar imagens e soam pop de um jeito inesperado. Na verdade, é uma proeza impressionante: Mehl­­dau cria músicas tão pegajosas (de um jeito bom) que não parecem instrumentais. Diz-se que o saxofone é um instrumento capaz de produzir som próximo da voz humana. A prova disso está em "Don’t Be Sad", com o sax tenor de Redman entoando um refrão triste e otimista, acompanhado de violinos. "Now You Must Climb Alone" se destaca pela orquestra, enquanto o sax – agora soprano – conta uma história em "The Falcon Will Fly". Mehldau escreveu todos os arranjos e foi generoso, dando espaço para todos os instrumentos. Ele aparece discretamente na maior parte do disco. Sky Turning Grey", uma homenagem ao músico Elliott Smith (1969-2003), é outro ponto alto do álbum de 15 faixas. (IBN)

CD 2

Trans-Continental Hustle (foto 2)

Gogol Bordello. American Records. Importado. Preço médio: U$ 15,90.

O punk cigano do Gogol Bor­­dello está mais comportado em Trans-Continental Hustle, quinto disco de estúdio do grupo com base em Nova York. O sucessor de Super Taranta! (2007), traz 13 faixas bem diferentes entre si.

Tudo é baseado no estilo original que tornou a banda conhecida mundialmente – música cigana do leste europeu com influência folclórica, atitude punk e comportamento maluco no palco –, mas com novidades que dão graça ao disco e afastam o ar déjà vu.

"Uma Menina", por exemplo, tem trechos em português. O vocalista u­­craniano Eugene Hütz até que não faz feio ao cantar e celebra em forma de música sua estada pelo Brasil – o líder da banda morou no país há cerca de dois anos.

Engraçada é a le­­tra de "In the Meantime in Per­­nambuco", na qual Eugene canta "cachaça cigana!", empolgado. "Frevo e hospitalidade" também estão na canção, que serve como um "obrigado" ao povo do Nordeste.

Além da bizarrice, é interessante ver o grupo se levando mais a sério, como na faixa "Sun is on My Side". Ao contrário das harmonias densas, marcadas por gaitas e guitarras pesadas, nesta é só voz e violão. (CC)

DVD

O Mensageiro (foto 3)

Estados Unidos, 2009. Direção de Oren Moverman. Paris Filmes. Classificação indicativa: 18 anos. Apenas para locação. Drama.

Recém-lançado em DVD no Brasil, O Mensageiro , do diretor es­­treante Oren Moverman, acompanha a trajetória do sargento Will Montgomery, vivido pelo supertalentoso Ben Foster (da série X-Men e do western Os Indomáveis). Ferido em ação, ele retorna como "herói" aos Estados Unidos e. nos últimos meses que lhe restam de vida militar, ele recebe uma missão difícil: é designado a integrar a equipe de oficiais que comunicam a morte de homens e mulheres em combate a seus entes queridos.

Para o cumprimento dessa árdua tarefa, há um procedimento padrão que deve ser seguido à risca. Um script de frases feitas a serem decoradas, sem falar de gestos e pausas detalhadamente recomendados. E, se não bastasse todo o estresse emocional de ter de comunicar algo tão doloroso, notícia muitas vezes recebida com agressividade, além do já esperado desespero, Will tem como chefe imediato um sujeito tosco, com traços de psicopatia: o capitão Tony Stone (Woody Har­­relson, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por seu estupendo desempenho).

O ótimo roteiro, também indicado ao Oscar, acerta ao investigar a subjetividade de Will, procurando explorar os efeitos colaterais que a traumática experiência vivida no campo de batalha teve sobre seu estado emocional.

O Mensageiro, enfim, é um filme repleto de qualidades. Conta uma história humana perturbadora sem jamais resvalar no sentimentalismo; conta com excelente elenco e denuncia o absurdo da guerra de uma perspectiva original. (PC)

CD 3

Infinite Arms (foto 4)

Band of Horses. Columbia. Importado. Preço médio: US$ 10. Folk/Rock.

A transição do cenário independente para uma grande gravadora (Columbia) não trouxe nenhuma consequência desastrosa à banda norte-americana Band of Horses. Prova disso é o recém-lançado Infinite Arms, terceiro álbum do grupo da Carolina do Sul e primeiro em formato de quinteto – Tyler Ramsey e Bill Reynolds, passaram a integrar a formação após o lançamento de Cease to Begin (2007).

Algumas mudanças na sonoridade eram inevitáveis para atrair um público maior, mas o que se ouve não compromete em nada o que a banda já havia feito. Muito pelo contrário, estão em Infinite Arms as melodias mais doces já gravadas por Ben Bridwell e seus comparsas.

A faixa de abertura, "Factory", exige pelo menos um repeat: é um folk-rock perfeito, de harmonia comovente. O mesmo pode ser dito da belíssima "Blue Beard", cujos vocais iniciais remetem ao Fleet Foxes. Pela união redonda de pop, folk e Americana, destacam-se "Laredo" e "Dilly", que devem agradar os fãs do grupo escocês Teenage Fanclub. Há ainda espaço para o indie-rock de pista, na agitada "Northwest Apartment" e para o folk mais puro, em "Infinite Arms", "Evening Kitchen" e "Trudy". (JG)

Livro 2

Índice das Coisas Mais Notáveis (foto 5)

Antonio Vieira. Hedra, 394 págs., R$ 29. Filosofia.

O crítico literário Alcir Pécora, professor da Universidade Es­­ta­­dual de Campinas (Unicamp) é especialista em Antonio Vieira (1608-1697), o padre considerado o maior artista da língua portuguesa e autor dos Sermões em 15 volumes. Com o Índice das Coisas Mais No­­táveis, Pécora organiza 1.178 verbetes que encerram 8.364 frases de Vieira tiradas dos Sermões. A proposta da obra é oferecer uma visão sintética do léxico do escritor português e também do léxico intelectual de Por­­tugal no século 17. Numa introdução de fôlego, o organizador sugere quatro leituras possíveis para os verbetes: como repertório da invenção dos argumentos da tradição do gênero da oratória sacra glosados pelos sermões vieirianos; como coletânea de enunciados lapidares, análogos a sentenças e máximas morais; como ilustração ou explicação das principais categorias tratadas no livro, segundo diferentes tipos de ouvintes retoricamente previstos nos Sermões; como apologia das posições polêmicas adotadas a propósito de várias matérias, de maior ou menor gravidade, ao longo dos volumes. "Amor" é um dos verbetes do livro e diz que "Amar é querer bem, e amar mais é querer padecer males pela coisa amada". (IBN)

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