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DVD 1

Live in London

George Michael. Sony BMG. Preço médio: R$ 52. Musical.

Um dos melhores momentos de Live in London é uma cena insólita. A bordo de uma limosine, o cantor e compositor inglês George Michael chega à Earl’s Court Arena, local do show, e um segurança ao vê-lo, não o reconhece. Em alto e bom cockney, sotaque da classe trabalhadora de Londres, ele diz: "nem chance de você ser George Michael". E não deixa o carro entrar.

O fato de não ser reconhecido não significa que o astro pop greco-britânico tenha mudado muito fisicamente. Apenas deixou de aparecer tanto na mídia, por conta de alguns escândalos envolvendo sua vida pessoal. Sua popularidade, no entanto, parece não ter sido tão prejudicada. Pelo menos não no Reino Unido. Live in London é prova disso: com a casa lotada, ele canta para uma plateia ensandecida que o acompanha em todas as músicas, que vão de "Careless Whisper", do início de sua carreira, passa por hits como "Faith", "Father Figure" e "Freedom", até chegar às mais recentes "Flawless (Go to the City") e "Amazing". Tudo em um roteiro muito bem alinhavado e numa grande produção. (PC)

CD 1

The Optimist

New Young Pony Club. The Numbers, preço médio: US$ 20 (importado). Rock alternativo.

Na contramão do festivo Fantastic Playroom (2007), o quinteto londrino New Young Pony Club aposta em uma sonoridade mais sombria e experimental em seu segundo álbum, o recém-lançado The Optimist.

Em uma empreitada corajosa, a banda liderada pela vocalista Tahita Bulmer tomou para si a responsabilidade de produzir o disco, o que agregou elementos bastante interessantes às canções.

Na linha dançante e mais pop de "Ice Cream", grande hit do álbum de estreia, está a faixa que abre o novo trabalho, "Lost a Girl", marcada por quebras de ritmo e sobreposição de vocais. "Chaos" e "We Want To" também poderiam pertencer ao primeiro registro e são feitas sob medida para pistas de dança de redutos indie mundo afora.

Guiada por um linha de baixo reta e vigorosa, a faixa-título, "The Optimist", remete a Elastica e The Cure e surpreende pelo clima mais sombrio e roqueiro. Referências oitentistas também dão o tom de "Before the Light" – que remete a Joy Division e New Order – e "Dolls", em que a banda presta tributo ao new wave do B52’s.

Finalizando o disco, a balada eletrônica "Architect of Love" fecha o pacote com versos repletos de uma dose extra de melancolia. (JG)

CD 2

Go

Jónsi. Parlophone, preço médio: U$ 15 (importado). Rock alternativo.

Pouco tempo depois de anunciar a pausa das atividades da banda Sigur Rós, Jónsi, vocalista e guitarrista do grupo islandês lança Go, seu primeiro álbum-solo. "Go Do", single e faixa de abertura do álbum, já havia impressionado principalmente pelo cuidado estético perceptível no videoclipe. Em relação à música, o conceito vale para todo o disco: é um Sigur Rós mais acessível e melódico. Menos puritano, talvez.

Go chegou às lojas no último dia 6 e foi pensado previamente como um trabalho low-fi e acústico. Jónsi inclusive já trabalhava nas músicas antes mesmo do fim da banda. Mas com o tempo de maturação das nove canções, tudo mudou. Go é grandioso, muito bem arranjado por Nico Muhly, conhecido por seus trabalhos com artistas como Grizzly Bear, Björk e Antony and the Johnsons.

A voz inconfundível de Jónsi agora surge em inglês. Na faixa "Sinking Friendships", há pelo menos cinco canais que exploram toda a sua impressionante extensão vocal. É um trabalho cuidadoso, como costumava ser o encontrado no disco do Sigur Rós e no projeto paralelo Rice Boys Sleeps, feito com o parceiro Alex.

Reducionismos de fora, o tom do disco é etéreo, envolvente. Há experimentações instrumentais também – ouça a empolgante faixa "Animal Arithmetic" –, mas um de seus pés está mais perto do chão. "Tornado" é uma bela balada baseada em um piano quase simplório. Em Go, vale a máxima: às vezes o menos é mais. (CC)

DVD 2

Pearl Jam Live in Santiago

Pearl Jam. Coqueiro Verde Records, preço médio: R$ 29,90.

No dia 30 de novembro de 2005, o Pearl Jam fez uma apresentação histórica na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba. Foram cerca de duas horas de grandes hits da banda grunge comandada por Eddie Vedder, que bebeu vinho no palco e proporcionou um grande e único encontro com seus cerca de 23 mil fãs curitibanos.

Sete dias antes, porém, o grupo de Seattle se apresentava para 20 mil pessoas no estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago, no Chile. É este o show presente no DVD Pearl Jam in Santiago. São 22 músicas. Entre elas, clássicos definitivos como "Even Flow", "Jeremy", "Black", "Better Man" e "Alive", todas na voz de mafioso de Eddie Vedder – uma das mais poderosas da história do rock.

O vigor da banda ao vivo, em muito, é sustentado pelos guitarristas Mike McCready e Stone Gossard, além do baixista Jeff Ament e do baterista Matt Cameron. É uma boa oportunidade de se matar a saudade daquela experiência na Pedreira, principalmente em tempos de boatos sobre uma nova vinda da banda ao país. (CC)

HQs

Humanos Nascemos e Que Presente Inapresentável!

Quino. WMF Martins Fontes, 128 e 136 págs., R$ 45 cada volume. Quadrinhos.

Joaquim Salvador Lavado, o Quino, hoje com 77 anos, é lembrado com frequência como o criador da Mafalda, cujas tiras ele parou de produzir em 1973. De lá para cá, investiu seu talento na produção de quadrinhos com temas difíceis e nem sempre engraçados. Na verdade, o que se vê nos dois volumes recém-lançados pela WMF Martins Fontes é uma certa amargura. É como se a desilusão do autor com as desigualdades sociais, os políticos corruptos e outras mazelas o impedissem de rir. Em alguns momentos esparsos dá para esboçar um sorriso tímido diante de um personagem que lamenta o estado em que se encontra o país (ao lado, simbolizando a nação, está um círculo irregular) e cita como exemplo a Suécia (um círculo perfeito). Ele diz que, se fosse presidente, agiria prontamente (ele tenta desamassar o círculo torto, mas não consegue). Por fim, arremata a história relativizando: "Mas e a quantidade de suicídios que tem na Suécia, hein?". Quino parece se soltar mais quando brinca com a condição humana (Deus, ao criar o homem, na verdade era o diabo disfarçado). Quando resolve falar da vida em sociedade, ele dá sinais de já ter jogado a toalha. O mundo não tem conserto, as pessoas são imorais e hipócritas, ou simplesmente más. (IBN)

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