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DVD 1

The Tudors – 4ª temporada (foto ao lado)

Irlanda/Canadá/Estados Unidos, 2010. Criada por Michael Hirst. Três discos. Classificação indicativa: 16 anos. Preço médio: R$ 69,90. Série.

Já está em pré-venda nas melhores lojas do ramo, virtuais ou não, a quarta e derradeira temporada da série The Tudors, que narra a saga do rei Henrique VIII, um dos no­­mes mais polêmicos, criticados e reverenciados da história da Grã-Bretanha. No primeiro episódio, o monarca (vivido pelo ator irlandês Jonathan Rhys Meyers) é retratado em seu 30.º ano de reinado, no Palácio de Whitehall, na Londres de1540. A cidade sofre com um calor intenso e pouco comum – não chove há dois meses, algo raro nas ilhas britânicas.

Embora esteja com a saúde abalada, o rei segue em sua cruzada protestante – e nas suas tentativas de gerar um príncipe herdeiro para seu trono. Henrique acaba de se casar com a bela Catherine Howard (Tamzin Merchant), sua quinta esposa, uma jovem de apenas 17 anos, "descoberta" por alguns amigos do rei em um internato para jovens moças rebeldes. O passado plebeu da rainha, somado a sua juventude e beleza, acaba por despertar o desejo de vários homens na corte, o que não vai agradar nem um pouco o monarca, dono de um temperamento passional e intempestivo.

Por que ver: Desde a primeira temporada, The Tudors se tornou sucesso de audiência e de crí­­tica por lançar um olhar mais contemporâneo sobre uma história várias vezes retratada pelo cinema e pela televisão, mas nunca de forma tão erótica e ágil do ponto de vista narrativo. A série se preocupa tanto com as peripécias e desventuras da turbulenta vida pessoal e amorosa de Henrique VIII quanto dos bastidores do poder, sobretudo do processo que levou a Inglaterra a abandonar a fé católica e abraçar a Reforma Protestante – e a quais custos. (PC)

CD1

Maya (foto 1)

M.I.A. LAB 344. Preço médio: R$ 24,90. Alternativo.

A cantora britânica de origem indiana (de Sri-Lanka) M.I.A. é hoje um dos nomes mais incensados da música mundial. É considerada uma espécie de ícone pop pós-colonialista, ao fazer de sua música – uma pulsante mistura de ritmos que vão do ragga e do rap ao funk carioca – manifestos contundentes pelos direitos dos povos do Oriente e dos países pobres e em desenvolvimento.

Seu novo álbum, Maya (no­­me do meio da cantora, batizada co­­mo Mathangi Maya Arul­­pra­gasam), foi produzido pela própria artista, por seus colaboradores de longa data Diplo e Switch, e pelo irmão de M.I.A., o músico Sugu Arulpra­­gasam. As gravações foram realizadas em um estúdio instalado na casa da artista, em Los Angeles.

Preste atenção: Com forte teor político, Maya, citado por várias publicações como um dos melhores álbuns de 2010, causou controvérsia antes mesmo de ser lançado. A causa da polêmica foi o videoclipe da música "Born Free", dirigido pelo cineasta francês Romain Ga­­vras. O filme retrata um esquadrão militar norte-americano invadindo um prédio, espancando um casal en­­quanto fa­­zem sexo e depois prendendo um homem ruivo. Ele é um entre muitos indivíduos brancos e de cabelos vermelhos detidos e levados a um centro prisional sem maiores explicações, para depois serem conduzidos a um deserto minado, onde são forçados a correr sob o risco de morrer a qualquer passo. Se­­gundo a cantora, o vídeo, assim como a música, é uma crítica à prática do perfilamento étnico do qual são vítimas pessoas com traços árabes e de pessoas oriundas da Ásia Central e Meridional nos Esta­­dos Unidos e Europa. (PC)

CD 2

Write about Love (foto 2)

Belle and Sebastian. Lab 344. Preço médio: R$ 27,90. Indie rock.

Chega ao Brasil o oitavo disco do re­­catado grupo es­­cocês Belle and Se­­bastian. A campanha de lançamento de Write about Love começou pela internet, teve sua vez ao vivo – quando a banda mostrou as músicas em shows em São Paulo e Rio de Janeiro, em novembro deste ano – e ganha as prateleiras do país através do selo Lab 344.

Em sua fase mais madura, o grupo liderado pelo letrista e vocalista Stuart Murdoch de­­monstra as influências dos anos 60 em "Come on Sister" e flerta até com o jazz em "Little Lou, Ugly Jack, Pro­­phet John", música que conta com a participação pra lá de especial de Norah Jones. Quem também aparece é Carey Mulligan, estrela indicada ao Oscar de melhor atriz pelo filme Educação. Ela canta na faixa que dá nome ao disco, escolhida pela banda como 1.º single para as rádios.

Por que ouvir? Mais despretensiosos e leves, os escoceses parecem deixar para trás um passado glorioso, porém obscuro (ouça os discos If You Are Feelin Sinister e Tigermilk) em busca, finalmente, do mainstream. Tudo isso sem perder suas qualidades: letras reflexivas e arranjos sofisticados. (CC)

DVD 2

The Runaways – Garotas do Rock (foto 3)

Estados Unidos, 2010. Direção de Flora Sigismondi. Paris Filmes. Classificação indicativa: 16 anos. Disponível para locação. Cinebiografia.

A cinebiografia da banda de garotas adolescentes The Runaways, fenômeno pop na década de 1970, não chegou às salas de exibição curitibanas, limitando-se a algumas semanas em cartaz em um cinema alternativo de Londrina. Uma pena, afinal de contas, o filme traz duas jovens estrelas na função de protagonistas e desempenhando papeis pouco comuns – Kristen Stewart, como Joan Jett e Dakota Fanning, na pele de Cherie Currie –, muito possivelmente seus melhores trabalhos no cinema até hoje.

Em sua estreia na direção de longas-metragens, a italiana Flora Sigismondi transporta o espectador à Califórnia, em meados dos anos 70, com um esmero que vai dos cenários e figurinos à granulação da película utilizada para captar as imagens. Tudo isso para contar a história de uma das formações pioneiras no rock feminino.

Por que assistir? Utilizando como base as memórias da vocalista Cherie Currie (Neon Angel: a Memoir of a Runaway), Flora constrói um filme correto, ágil e divertido. Mas o grande destaque da produção fica mesmo por conta das interpretações das protagonsitas. É de chocar a desenvoltura de Dakota ao encarnar Da­­vid Bowie, em uma cena em que sua personagem é humilhada em um show de talentos da escola durante uma imitação de "Lady Grinning Soul". Já a normalmente insossa Kristen se re­­vela no papel de Joan Jett, esbanjando malandragem e caprichando nos trejeitos roqueiros, quase masculinos. A cena em que as duas se beijam é de uma sensualidade e androginia que remete ao filme Velvet Goldmine (1998). No mínimo, surpreendente. (JG)

Livro

Melhores Poemas (foto 4)

Augusto Frederico Schmidt. Organização de Ivan Marques. Global. 256 págs. R$ 36. Poesia.

Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) é uma das vozes mais peculiares da poesia brasileira. Ele começou a chamar a atenção, de crítica e público, após o Moder­­nismo, nos anos 1930. O crítico literário Antonio Candido já afirmou, a respeito de Schmidt, que "como poeta, foi acentuada a sua importância na segunda fase do Modernismo, quando se voltou contra o pitoresco e o malabarismo, buscando uma poesia quase direta, espontânea e espiritualista, de aparente simplicidade, que exerceu grande influência do decênio de 1930 e parte do de 1940." Agora, a editora Global, dentro de um projeto de mapeamento e recuperação de grandes nomes, coordenado pela escritora Edla Van Steen, reúne alguns dos textos mais expressivos deste refinado poeta.

Por que ler? Pelo fato de que, ao ler obras poéticas, além da beleza por si só, o leitor tende a entrar em contato com novas maneiras de usar um idioma, no caso, o português do Brasil. Há alguns poemas de Schmidt bem conhecidos, a exemplo de "Canto Brasileiro", o primeiro desta coletânea: "Não quero mais o amor,/ Nem mais quero cantar a minha terra./ Me perco neste mundo./ Não quero mais o Brasil/ Nem quero mais geografia/ Nem pitoresco./ Quero é perder-me no mundo/ Para fugir do mundo." O poeta, que sempre enfrentou o mundo, revelou uma sensação de derrota existencial pouco antes de morrer, e jamais deixou de afirmar que o que mais o fazia viver era a poesia: "Só preciso de poesia/ Não quero mais nada,/ Não quero sorrisos,/ Nem luxo, nem fama." (MRS)

CD 3

III/IV (foto 5)

Ryan Adams & The Cardinals. Paxamerican. Importado. Preço médio: US$ 16. Pop/Rock.

Sexto álbum do cantor e compositor norte-americano Ryan Adams ao lado da banda The Cardinals, o recém-lançado III/IV é composto por sobras de estúdio das sessões de gravação que originaram o disco Easy Tiger (2007). Ao todo, são 21 canções (divididas em dois CDs) que captam a mesma vibração descontraída daquele disco, com apenas uma diferença: o que se ouve aqui é somente rock-and-roll, sem as costumeiras incursões de Adams pelo country.

Por que ouvir? Muitas das faixas parecem saídas de Rock N Roll (2003), álbum até hoje tido como o mais "roqueiro" da discografia do compositor – nessa leva encaixam-se "Breakdown into the Re­­solve" e "Kisses Start Wars". Prestando tributo a bandas mais alternativas dos anos 80, es­­pecialmente The Re­­pla­­cements, Adams aproxima-se do punk em "Stop Playing with My Heart", "Numbers", "Stars Wars" e "P.S.", sempre abordando relacionamentos tumultuados (ou o fim deles) em versos inteligentes e bem-humorados.

Para fãs de The Smiths, III/IV é um prato cheio. Adams parece ter ouvido obssessivamente as guitarras de Johnny Marr na época dessas gravações, influência que transparece nas ótimas melodias de "Ultraviolet Light", "The Crystal Skull", "Gracie", "Typecast" e "Death and Rats".

III/IV não precisava ter sido lançado em formato duplo – suas canções poderiam ser condensadas em apenas um disco. Pelo menos, assim fica garantido que nenhuma "pérola" oriunda daquelas prolíficas gravações de 2007 tenha ficado esquecida no canto de um estúdio qualquer. (JG)

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