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DVDTudo pelo PoderEstados Unidos, 2011. Direção de George Clooney. Califórnia Filmes. Apenas para locação. Drama político.

Tudo pelo Poder é um drama político para adultos, mas está longe de ser aborrecido ou hermético demais. A exemplo do que ele fez com o ótimo Boa Noite e Boa Sorte, George Clooney constrói uma história envolvente e provocativa, sobretudo porque, apesar de se passar nos Estados Unidos, faz pensar sobre a realidade que nos cerca. A trama revela os intrincados bastidores da eleição primária que irá escolher o candidato democrata à Casa Branca e tem como personagem central Stephen Myers (o excelente Ryan Gosling, de Drive), integrante da equipe de comunicação, liderada pelo ardiloso Paul (Phillip Seymour Hoffman), do governador Mike Morris (George Clooney), um político relativamente novato com grandes chances de ser o escolhido, graças ao seu estilo liberal. Seu concorrente, o senador Pullman (Henry Mantell), apesar de experiente, é visto como conservador e tem menos apelo junto aos eleitores mais jovens.

Tudo parece estar indo bem, até a concorrida prévia no estado de Ohio, considerada decisiva: quem vencê-la tem fortes chances de disputar a eleição presidencial pelos democratas. E Myers, aos 30 anos, é visto como um articulador cheio de promessa até cair em uma armadilha, que desencadeia uma sucessão de imprevistos desastrosos que, eventualmente, chegam à sua vida pessoal.

Por que ver? Com economia, sobriedade e elegância estética, Clooney constrói um painel perturbador do jogo de forças na política norte-americana. Sem resvalar no maniqueísmo, o filme mostra que, diante das circunstâncias, muitos valores fundamentais acabam caindo por terra em nome da preservação de uma imagem, ainda que falsa. (PC)

Site Berndnaut Smildewww.berndnaut.nl

O jovem artista holandês Berndnaut Smilde é considerado um "mestre" na reconstrução do espaço – muitas vezes, seu trabalho é baseado na presença física, ou seja, ele se apropria da paisagem e da arquitetura para fazer suas instalações e intervenções. Nesse processo, Smilde usa com frequência materais de construção e produtos de imitação, como impressões fotográficas e decorações interiores de plástico. O caráter inusitado fica evidente nos jogos de imagem que o artista faz em obras como Nimbus e Nimbus II, em que uma grande nuvem parece suspensa em uma sala. Essas obras fazem parte do Project Probe (www.projectprobe.net), um espaço de exposição com paredes não superiores a 1,10 metros e uma superfície de 6m² que funciona como um laboratório de teste para artistas, já que eles podem modificar a estrutura física conforme a obra. Apesar disso, o projeto só pode ser visto por meio do site, e o registro da exposição é a própria mostra.

Preste atenção: Na obra Until Askeaton Has Streetview, em que ele faz uma brincadeira com fotos do Google Street View. Ele retirou do site uma imagem de um celeiro da cidade de Asketon, nos Estados Unidos, e fez uma cópia em outra localidade na Irlanda, que tem o mesmo nome, criando assim uma "casa fictícia", que vai existir simultaneamente nas duas cidades.(IR)

LivroAnjos e Safados no HolocaustoRoberto Lopes. Editora Lafonte, 272 págs. R$ 35. História.

Obrigados a fugir da Europa para escapar da morte, judeus que viviam em territórios ocupados pelos nazistas ou na Itália correm atrás de vistos de entrada para países longe da guerra. Estes, por sua vez, criavam crescentes restrições, o que estimulou o surgimento de um mercado negro de vistos. O historiador Roberto Lopes conta como agiam os diplomatas latino-americanos que vendiam vistos, subornavam ou enganavam os judeus que tentavam sair da Europa. Também registra as exceções, como alguns diplomatas brasileiros que agiam à revelia das instruções restritivas do Itamaraty.

Por que ler? O livro reproduz o clima mental que prevalecia no mundo nos anos 30 e 40, contaminado por ideias racistas. Ajuda a compreender a confusa posição do Itamaraty, dividido entre os que preferiam fechar o país e os que viam razões humanitárias para permitir a entrada dos judeus. (MS)

CD 1Making MirrorsGotye. Universal. R$ 29. Pop.

Terceiro álbum do músico e produtor belga-australiano Gotye (nome artístico de Walter De Backer), Making Mirrors chegou recentemente ao Brasil já com um hit em ascensão nas paradas internacionais. A bela "Somebody That I Used to Know", que tem participação da cantora neozelandesa Kimbra, chegou ao primeiro lugar no ranking da Billboard na última semana com um refrão poderoso, letra simples e sonoridade oitentista temperada por samplers e experimentos de estúdio – uma das marcas do disco que, embora irregular, tem timbres e mudanças climáticas bruscas que resultam em um pop peculiar e interessante.

Preste atenção: Nos empolgantes riffs de guitarra e baixo de "Easy Way Out", nos samplers de sopro em "Smoke and Mirrors" e na estranheza curiosa de "State of the Art" – que narra, com ironia, o uso de recursos tecnológicos da própria música. A singela "Giving Me a Chance" é outro ponto alto do disco e um dos exemplos de contraste que o fragilizam ao ser precedida pela desnecessária "Don’t Worry, We’ll Be Watching" e pela pegajosa "Save Me". (RRC)

CD 2Bon IverBon Iver. Som Livre. R$ 29,90. Folk.

Eleito no ano passado como "um dos cantores mais definidores desta era" pela revista Rolling Stone norte-americana, Justin Vernon, ou melhor Bon Iver, como é conhecido (pronuncia-se "bon ivér") é uma unanimidade no mundo música.

Lançado em junho de 2011, seu segundo disco venceu o Grammy de melhor álbum de música alternativa no início deste ano. Mas, só agora, com dez meses de atraso, Bon Iver chega ao Brasil, inusitadamente pela gravadora Som Livre, hoje mais focada nos gêneros gospel e sertanejo universitário.

Preste atenção: Compostas durante os intervalos da extensa turnê do début For Emma Forever Ago (2008), as novas canções fazem uma progressão bastante lógica da sonoridade construída pelo músico e sua banda no disco de estreia, porém, dessa vez, com harmonias e arranjos mais elaborados e melodias repletas de novos elementos.

O clima de introspecção, as letras poéticas quase nonsense e o famoso falsete de Vernon continuam a guiar as faixas. A começar pela abertura, "Perth", que traz a voz de Vernon em camadas etéreas que se dissipam aos poucos. "Minnesota, WI", surpreende pelo uso de sintetizadores, assim como a atmosfera eletrônica de "Hinnom, TX". Entre as mais belas, destacam-se "Holocene" e "Towers". (JG)

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