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CD 1

Os Anos Dourados de Dolores Duran (foto acima)

Dolores Duran. Caixa com oito CDs. EMI Music. Preço médio: R$ 89,90. mpb.

O jornalista e pesquisador de música popular brasileira Ro­­drigo Faour levou mais de um ano de trabalho intenso, garimpando fonogramas raros da cantora e compositora Dolores Duran e encarando toda espécie de entraves burocráticos que se possa imaginar, para concretizar este projeto, obrigatório para quem se interessa pela história da MPB.

A caixa Os Anos Dourados de Dolores Duran traz a obra completa de uma das artistas mais singulares da nossa música. Composta por oito CDs, dos quais seis contemplam seu lado intérprete: Dolores Viaja (1955), Dolores Duran Canta para Você Dançar (1957), Dolores Duran Canta para Você Dançar 2 (1958) e Esse Norte É Minha Sorte (1959) – além de duas coletâneas póstumas, Estrada da Saudade (1960) e A Noite de Dolores Duran (1960). Completa o pacote um álbum duplo reunindo 28 das suas composições, entre elas o clássico "A Noite do Meu Bem". Dolores morreu aos 29 anos, em 1959, e só teve tempo de gravar sete canções de sua própria autoria, portanto esse disco é uma oportunidade rara para conhecer algumas músicas raras e a interessantíssima cantora que ela também foi.

CD 2

If I Had a Hi-Fi (foto 1)

Nada Surf. Mardev Records. Importado. Preço médio: U$ 19. Rock Alternativo.

Depois do simpático álbum Lucky (2008), o trio nova-iorquino Nada Surf volta a ocupar prateleiras com um disco inteiramente de covers. São 12 faixas, algumas obscuras e outras de bandas que claramente influenciaram o grupo.

As mais conhecidas são "Enjoy the Silence", do Depeche Mode, e "Agony of Lafitte", da banda Spoon. É impressionante como o trio, notadamente o vocalista Matthew Caws, consegue ler de maneira única e dar a cara do Nada Surf nas interpretações. "Enjoy the Si­­len­­ce", por exemplo, ga­­nhou velocidade e leveza, já que as camadas de teclados foram simplificadas e há acréscimos de violões acústicos.

Há escolhas curiosas, como "Love and Anger", de Kate Bush, e "Janine", de Arthur Russell – que a princípio não tem muito a ver com o power pop da banda. Mas basta as harmonias vocais de Matthew e Daniel surgirem que tudo se explica.

Há ainda pinceladas certeiras, como "Love Goes On", da banda cult oitentista The Go-Betweens e "I Remembered What I Was Going To Say", da pouca conhecida The Silly Pillows. Matthew também canta em francês em "Bye Bye Beaute", de Coralie Clement, e em espanhol na bonita "Evolucion", da banda Mecromina. Como curiosidade, o nome do disco é um palíndromo – pode ser lido de trás para a frente que mantém o mesmo significado.

Livro 1 (foto 2)

Ironweed

William Kennedy. Cosac Naify, 272 págs., R$ 55. Romance.

Parte da série sobre a capital do estado de Nova York, Albany, Ironweed teve uma adaptação célebre para o cinema, feita por Hector Babenco, com Jack Nicholson e Meryl Streep no elenco – ambos foram indicados ao Oscar por seus papéis. O incrível é que o romance, traduzido por Sergio Flaksman, só foi publicado graças à intervenção de Saul Bellow (As Aventuras de Auggie March) porque várias editoras se recusaram a bancá-lo. Independente dos outros seis livros (embora haja personagens recorrentes), a história se concentra em Francis Phelan, pai de Billy, o protagonista do livro que a Cosac Naify lançou antes, O Grande Jogo de Billy Phelan. Francis é um beberrão deprimente que carrega a culpa por ter matado sem querer um de seus filhos. Ele convive com um bando de enjeitados que inclui outros bêbados e a cantora e pianista Helen Archer, outra alma perdida nas ruas. A ação se passa nos Estados Unidos dos anos 30, em meio à Depressão. Kennedy, hoje com 82 anos, deve vir para a próxima Festa Literária Interna­cio­nal de Paraty. Parte da geração descendente de Ernest Heming­way (O Velho e o Mar), o autor é um dos grandes escritores americanos vivos.

Livro 2

Chaplin – Uma Vida (foto 3)

Stephen Weissman. Larousse, 320 págs., R$ 44,90. Biografia.

O psiquiatra Stephen Weissman teve uma ideia ousada (ou talvez leviana, dependendo do ponto de vista). Ele procura vincular personagens, cenas antológicas e enredos dos filmes de Charles Chaplin (1899-1977) a momentos e figuras da vida do cineasta. Assim, ele se aventura a dizer que Carlitos, o vagabundo, teria sido inspirado em parte pelo pai alcoólatra do ator e diretor. Que as heroínas dos filmes, ou as moças que Chaplin salvava com frequência, foram criadas à imagem da mãe, que teve um fim de vida bastante difícil, doente e abandonada pelo marido. Dito assim, parece que Weissman é um daqueles escritores parasitas que tentam se fazer usando a fama alheia, mas o fato é que o médico de Washington ganhou a benção da filha de Chaplin, Geraldine, autora de uma introdução impagável em que conta que quis esganar o biógrafo até ler o livro e se encantar pelas digressões do autor. Em outra observação curiosa, ele defende que a experiência do orfanato – uma das mais marcantes na vida de Chaplin – aparece, por exemplo, na cena de O Garoto em que o menino é levado embora pelas autoridades. O esquete do circo de pulgas em Luzes da Ribalta foi realizado 30 anos antes e, segundo Weissman, seria uma referência aos piolhos que teve de tratar ao entrar no orfanato.

Livro 3

Guia Ilustrado TV Globo: Novelas e Minisséries (foto 4)

Projeto Memória das Organizações Globo. Jorge Zahar. 316 págs. Preço médio: R$ 29,90. televisão.

Engraçado como às vezes nos dedicamos a assistir diariamente aos capítulos de uma determinada telenovela e, pouco tempo depois que a trama sai do ar, já não lembramos dela. Os mais críticos alegam que isso acontece devido à superficialidade dos enredos, simples repetições de fórmulas folhetinescas.

Mas, no caso da teledramaturgia brasileira, tal esquecimento instantâneo parece estar mais relacionado à quantidade de produções feitas e exibidas por aqui. Só na Rede Globo, foram 252 novelas e 66 minisséries, transmitidas ao longo de 45 anos.

As sinopses de todas essas produções, ilustradas por mais de 600 fotos coloridas e em preto-e-branco foram reunidas no Guia Ilustrado TV Globo: Novelas e Minisséries, espécie de manual para os telespectadores que desejam fazer uma viagem no tempo.

Além de lembrar das tramas de cada produção, o leitor encontra curiosidades e histórias pitorescas dos bastidores, sem falar no capítulo de abertura, "Como São Feitas as Novelas e Minisséries", que explica de maneira didática a complexidade da cadeia produtiva por trás de cada capítulo.

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