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DVDOs Deuses MalditosItália/Estados Unidos/Alemanha, 1969. Direção de Luchino Visconti. Versátil. Classificação indicativa: 14 anos. Preço médio: R$ 49,90. Drama.

A decadência das classes dominantes é um dos temas recorrentes na obra de Luchino Visconti, e é abordada de diversas formas nos clássicos Morte em Veneza, O Leopardo e Ludwig. Em Os Deuses Malditos, o assunto ocupa papel central. Na Alemanha pré-Segunda Guerra Mundial, mas já sob o domínio do nazismo, o filme disseca o esfacelamento de uma poderosa família de industriais após o assassinato de seu patriarca, o barão Joachim von Essenbeck. A morte desencadeia uma violenta luta pelo poder, cuja face mais mais perversa é a de Martin Essenbeck (Helmut Berger, de Ludwig), jovem homossexual que, em uma das cenas mais emblemáticas, encarna Marlene Dietrich no seu mítico número musical de O Anjo Azul. Paralelamente, veem-se a reconstituição de cenas históricas (e brutais) na trajetória do Nacional Socialismo, do incêndio do Reichstag até a Noite dos Longos Punhais, em que vários oficiais gays são brutalmente massacrados.

Por que ver? Com um elenco que inclui Ingrid Thulin (de Gritos e Sussurros), Dirk Bogarde (de O Porteiro da Noite) e a brasileira Florinda Bolkan (de Anônimo Veneziano), Visconti discute, com maestria, o mal, a corrupção e a perversidade que contaminaram a Alemanha na época de Adolf Hitler. (PC)

FotografiaImagem da Palavrahttp://imagemdapalavra.wordpress.com

Um esforço coletivo para transformar palavras em imagens é a base do projeto fotográfico Imagem da Palavra. A cada 15 dias um novo tema entra no ar no site. Fotógrafos brasileiros e portugueses, que fazem parte da proposta, recebem por -email a palavra escolhida quinzenalmente. Eles têm duas semanas para interpretar, contemplar e compreender o tema. E precisam enviar três imagens.

Como consta em seu enunciado, Imagem da Palavra é uma busca pela "melhor representação" do olhar do fotógrafo. É a aceitação de uma provocação: o que você vê?

Preste atenção: Em Rede, tema em "cartaz" até 4 de junho no site do projeto, ficam claras as opções e as influências dos participantes. O Dicionário Aurélio apresenta 20 significados da palavra. Entre eles estão "entrelaçamento de fios", "conjunto de emissoras de televisão e rádio", "espécie de leito". Os fotógrafos puderam beber da fonte para encontrar suas imagens. É possível ver ainda as diferenças culturais, geográficas e pessoais em cada trabalho. Um exercício linguístico e de técnica fotográfica. A próxima palavra a ser transformada em fotografias entra no ar dia 5 de junho. (RMM)

InternetOs textos de Tim ParksDisponíveis no blog do New York Review of Books: www.nybooks.com/blogs/nyrblog

Escritor britânico que vive na Itália, Tim Parks começou colaborando esporadicamente com o New York Review of Books. Hoje, escreve com mais frequência, pelo menos duas vezes por mês, e seus textos falam de temas ligados à literatura. O que o diferencia é as escolhas que faz e a maneira como trata dos assuntos.

Preste atenção: Ele pode defender (com argumentos muito bons) o direito de não ler livros até o fim. Ou, em um de seus melhores textos, explicar porque os livros eletrônicos representam, de fato, a essência da literatura – exatamente por serem imateriais, como as ideias, as palavras e as histórias. Ele pode inclusive tentar explicar por que as pessoas têm opiniões diferentes sobre um mesmo livro, citando pesquisas científicas que mostram como as experiências pessoais são determinantes ao se avaliar qualquer coisa. Os artigos são em inglês, mas se você usar o Google Tradutor (para encontrá-lo, basta digitar "tradutor" no Google), consegue ter uma versão razoável para o português. (IBN)

CDLittle Broken HeartsNorah Jones. EMI. R$ 25,90. Pop.

A inquietação artística de Norah Jones é sua principal marca. A americana surgiu ao mundo com o pop jazz de Come Away with Me, colocou um pezinho no country em seu segundo disco (Feels Like Home), misturou tudo isso em Not Too Late, o terceiro, e deu uma pegada blues à The Fall, lançado em 2009. E durante esse tempo, ela colaborou com gente de todo tipo: de Willie Nelson a Belle & Sebastian.

Little Broken Hearts, seu quinto álbum, é mais um pequeno trunfo. Pois como falar de corações partidos sem soar clichê? O segredo está na produção do disco (Danger Mouse, de Beck, Gnarls Barkley e The Black Keys) e nas letras, ora sagazes, ora frias e cruéis.

Pois, se "Good Morning" é angelical e melancólica, "Miriam" é sombria e tensa. O álbum, extremamente coerente, também passeia pelo pop ("Happy Pills"), e funciona como uma narrativa sobre um coração em apuros que procura seu lugar no mundo.

Preste atenção: Talvez Norah Jones nunca tenha soado tão triste ou depressiva. Receita para o disco não cair na monotonia foi justamente a produção esperta de Danger Mouse, que com arranjos marcantes faz um álbum de doze faixas e músicas longas soar certeiro e nada caricato. Mesmo que seja sobre o tema mais batido do mundo. (CC)

PoesiaEscritos em Verbal de AveManoel de Barros. Leya. R$ 35. Poemas.

Morreu Bernardo, personagem que apareceu em livros anteriores do mato-grossense Manoel de Barros. Bernardo, que "amava a carícia dos caracóis" é um alter ego do poeta, que o descreve. "Ele tinha visões que remetiam a gente para a infância. Como seja: Eu hoje vi um pedaço de tarde no bico de uma sabiá." Neste livrinho, após falar de Bernardo, Manoel de Barros apresenta seus escritos em verbal de ave, que são pequenos poemas repletos do lirismo ousado do poeta.

Por que ler? O quase centenário Manoel de Barros é o nome mais surpreendente da poesia brasileira das últimas décadas. Seus escritos aparentemente despretensiosos exigem um esforço do leitor, que deve sintonizar-se na poesia para desfrutar o uso muito particular que ele faz de cada palavra. Ler um livro de Manoel de Barros é uma experiência que vale a pena ser buscada. (MS)

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