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CDThe AbsenceMelody Gardot. Decca/Universal Music. R$ 34,90. Jazz.

Há um momento na carreira de quase todas as cantoras de jazz em que elas se encantam com a sinuosidades dos ritmos latinos, inclusive da música brasileira, e resolvem "sacudir as cadeiras". Aconteceu com Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Stacey Kent, Madeleine Peyroux e, agora, com Melody Gardot. Os fãs de seus dois primeiros álbuns, My One and Only Thrill (2009) e Worrisome Heart(2006), que se encantaram com o climão intimista, cool e sensual de canções sussurradas pela calibrada voz da intérprete norte-americana, vão levar um sustaço quando ouvirem The Absence. E muitos vão torcer o nariz e pedir para descer. Paciência. Ao decidir se globalizar, ela flerta com sonoridades ibéricas (em "Amalia" e "Lisboa"), e termina por desembarcar na Bahia, com "Yemanja", (falsa) faixa de encerramento do disco, um samba de roda de vocais de tom africano.

Preste atenção: A sofisticada produção do compositor e guitarrista gaúcho Heitor Pereira (ex-Simply Red), mais conhecido como Heitor TP, empresta a The Absence uma forte pegada bossa-novística. Mas também há toques de flamenco, fado e – por que não? – de jazz. O pacote todo pode soar "exótico" demais para os puristas que não gostam ser latinos. Azar deles! (PC)

TeatroA Falsa Suicida Espaço Cênico (R. Paulo Graeser Sobrinho, 305 – São Francisco), (41) 3338-0450. 5ª a dom., às 20h. R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Até 8 de julho. Classificação indicativa: 18 anos.

Esta é a última semana para assistir à estreia do ator Leandro Daniel Colombo na direção de uma peça, para a qual ele escolheu um texto hardcore da catalã Angelica Liddell. Nele, uma stripper (Ana Clara Fischer) que atende por Ofélia mascara as dores de sua trajetória mesclando-se com a identidade da namorada de Hamlet, rejeitada, vituperada e levada ao enlouquecimento enquanto o príncipe dinamarquês vive sua tragédia. Quando a dançarina conhece Horácio (Luiz Bertazzo) – de uma forma completamente radical – inicia um perturbado relacionamento que envolve afeto, culpa, memórias e redenção.

Por que assistir? Com um título desses e indicada a maiores de 18 anos, o espectador sabe que encontrará uma montagem pesada. Mas a tensão do texto acontece num cenário amplo e saboroso, com trilha sonora para mandar os fantasmas embora. Os figurinos de Maureen Miranda dialogam com as personalidades dos personagens, enquanto as atuações de Ana e Luiz revelam entrega completa ao projeto. (HC)

LivroCidadãoTatiana Belinky. Noovha America. 20 págs., R$ 30. Infantojuvenil.

A quase centenária escritora Tatiana Belinky se apropria neste livro da prosódia do rap para mandar uma mensagem para crianças e adolescentes. Tatiana protesta contra os pichadores que enfeiam a cidade e contra os grupos que agridem pessoas nas ruas ("Pessoas sós, isoladas/ pares e casais de mãos dadas,/ de um ou de qualquer sexo,/ com agressões perigosas, sem nexo."). O ritmo ajuda a leitura e pode funcionar como um empurrãozinho para os jovens leitores mais preguiçosos. Por outro lado, a linguagem não é infantilizada e o vocabulário usado é rico. Tatiana Belinky, na ativa desde a década de 40, é autora de mais de 200 livros para crianças.

Preste atenção: No trabalho de Victor Tavares, ilustrador carioca que tem apresentado um trabalho criativo e caprichado em obras para o público infantojuvenil. Ele é eficiente em casar as imagens com o tom do texto, que no caso de Cidadão, é de protesto e de raiva. (MS)

DVDMicróbio Vivo Adriana Calcanhotto. Sony Music. R$ 39,90.Samba.

Depois de Marisa Monte e Maria Rita, chegou a vez da Adriana Calcanhotto se arriscar no samba. Um ano após a turnê Micróbio Vivo, a cantora acaba de lançar o CD e DVD com o resultado desse tempo na estrada.

No vídeo, nenhum grande recurso multimídia, de iluminação ou cenário. A grande sacada são os instrumentos e a performance artística da cantora. Entre os criativos recursos, Adriana usa até o som de um secador de cabelo e do tilintar de xícaras de chá se batendo.

Preste atenção: Os confetes lançados por Adriana quase no fim do show, quando ela apresenta os músicos, é o pouco de colorido que se tem no palco. De resto, é tudo até um pouco sombrio: ela e todos os parceiros de preto, com uma iluminação branca e azulada. Pode parecer triste de início, mas acaba dando um ar chique ao samba de Adriana.

O repertório inclui as canções "Argumento" (Paulinho da Viola), "Esses Moços (Pobres Moços)", (Lupicínio Rodrigues) e "Dos Prazeres, Das Canções" (Péricles Cavalcanti). (LH)

CD/DVDAos Vivos – AgoraChico César. Biscoito Fino. R$ 29,90 (CD) e R$ 44,90 (DVD). MPB.

O cantor e compositor paraibano Chico César foi apresentado ao Brasil em 1995, com o disco Aos Vivos, gravado em São Paulo. Fez hits que nunca seriam superados – embora sucedidos por uma respeitável carreira de compositor, gravado por artistas do quilate de Maria Bethânia.

E é justamente a eles que o músico volta em seu último lançamento. Regravadas ao vivo em setembro de 2011, com a mesma formação (em boas performances de voz e violão, ao lado do jovem Dani Black) e praticamente na mesma ordem do disco original, canções como "Mama África" e "À Primeira Vista" são os cartões de visita de Aos Vivos – Agora.

Por que ouvir? A revisitação ajuda a relembrar o frescor do trabalho de Chico César, que transita com espontaneidade entre o pop que o colocou em evidência e as leituras modernas da cultura nordestina tradicional que o destacam como uma referência sólida de música brasileira. (RRC)

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