DVDO MensageiroReino Unido, 1970. Direção de Joseph Losey. Lume Filmes. Preço médio: R$ 49,90. Drama.
Um dos cineastas mais refinados do cinema britânico, Joseph Losey, exímio na direção de atores e na condução de dramas psicológicos com toques de comentário social, acertou em cheio em O Mensageiro. Leo Colston (Michael Redgrave) mergulha em seu passado para relembrar sua infância, quando serviu de intermediário entre Marian (Julie Christie, de Doutor Jivago), uma aristocrata, e Ted Burgess (Alan Bates, de Uma Mulher Descasada), um rude fazendeiro, entregando-lhes cartas de um amor proibido por várias razões, morais e sociais.
Por que assistir? Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o filme, além da requintada direção de Losey, conta com um magistral roteiro do também dramaturgo Harold Pinter, vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 2006. As idas e vindas do romance entre os protagonistas, mediado por um garoto aparentemente inocente, interpretado pelo então promissor Dominic Guard, permitem ao espectador compreender o jogo de forças na estratificada sociedade inglesa na virada do século 20. Sutileza e ironia transbordam, mas também um lirismo contido. (PC)
Livro 1Música Popular: Um Tema em DebateJosé Ramos Tinhorão. Editora 34. 208 págs., R$ 35. História.
O primeiro livro do jornalista musical paulista José Ramos Tinhorão ganha sua quarta edição, 15 anos depois da anterior. Originalmente publicado em 1966 com uma compilação de ensaios escritos para o Jornal do Brasil, Música Popular: Um Tema em Debate teve uma reedição em 1969, mas saiu de foco ao longo da sistemática obra historiográfica do polêmico autor, que se tornou um temido crítico musical pela rigidez implacável até mesmo com Chico Buarque e Tom Jobim. Pesquisador metódico das raízes da música brasileira, Tinhorão foi um dos primeiros a fazer um estudo histórico e analítico do tema, e suas interpretações de viés social acabaram o isolando, juntamente com suas ideias de valorização do popular contra a apropriação da cultura pela indústria. Sua obra voltou a ganhar força na década de 1990.
Por que ler? A indústria, a produção e o consumo musicais mudaram muito, o que torna a obra duplamente interessante ao permitir um olhar histórico do momento em que foram formuladas e exigir um complexo exercício de atualização. (RRC)
Livro 2SobreviventeChuck Palahniuk. Tradução de Tatiana Leão. Leya, 360 págs., R$ 39,90.
Sobrevivente, o segundo romance do escritor norte-americano Chuck Palahniuk autor, entre outros de Clube da Luta, adaptado para o cinema por David Fincher com Brad Pitt e Edward Norton nos papéis principais foi publicado originalmente em 1999 e causou comoção por antever sensações de medo e terror provocadas pelo atentado em Nova York em 11 de Setembro de 2011. No livro, Tender Branson é uma ovelha desgarrada da reclusa e conservadora comunidade fictícia Crendice algo semelhante à comunidade Amish que sequestra um avião e decide fazer um atentado suicida. Narrado em forma de contagem regressiva, Branson conta sua história, de como "ajuda" suicidas a se matarem por meio de um falso Centro de Valorização à Vida e como se tornou uma celebridade religiosa da noite para o dia.
Por que ler? Irreverente e satírico, Palahniuk compõe uma obra sobre religião, pornografia, solidão e morte de maneira cômica e igualmente escatológica. Sobrevivente é um dos melhores exemplos da verve do autor, hoje renomado como uma das vozes mais desconfortáveis da literatura americana (YA)
CDRezaRita Lee. Biscoito Fino. R$ 29,90. Pop-rock.
Digam o que quiserem, Rita Lee continua engraçadíssima e muito relevante. Se sua música não é mais a vanguarda do rock, ela ainda embala e espanta qualquer desânimo. As letras de Reza fazem rir por coisas como "Tutti Fuditti", sequência de chavões italianos daqueles que se ouvem na zoação por aí, e que reunidos assim, em refrões, tornam a ira latina da "vita maledeta" desproporcional.
Sobra para críticas à sociedade de consumo também, regada a Coca-cola, que se torna um xarope marrom em "Gororoba".
"Bixo Grilo" fala em "bandas e bundas do mundo real", "computador sexual", tudo misturado a um bom francês.
Já "Bagdá" poderia sugerir um pouco de politização, mas não é nada disso: a guerra passa longe da versão de Rita para o Oriente Médio, em que ela pensa em "fazer amor num tapete voador" e vê "aiatolá pra cá, Saddam Hussein pra lá, tabule esfiha kibe humus vatapá".
Por que ouvir? Se as letras não convenceram, é possível dizer que, musicalmente, Rita continua pesquisando pelo menos, é o que sugere o uso do teremim, instrumento incomum guiado pelo eletromagnetismo, em "Pow". (HC)
InfantilA Menina, o Coração e a CasaMaria Teresa Andruetto. Tradução de Marina Colasanti. Editora Global. R$ 21.
É um pouco injusto classificar este livro como "infantil", já que o rótulo pode afastar leitores jovens ou adultos, que poderiam desfrutá-lo também. A argentina Maria Teresa Andruetto escreve para crianças e adolescentes, mas sua prosa é poética, madura e atraente. Neste livro, ela fala de uma menina, Tina, que vive com sua família no interior da Argentina contemporânea. Seu desafio é entender o funcionamento de sua família e superar as limitações emocionais que sua mãe carrega e que acabam por machucá-la também.
Por que ler? É hora de os brasileiros conhecerem a premiadíssima obra de Maria Teresa Andruetto, nome mais respeitado da literatura infantojuvenil da América do Sul. Este ano ela recebeu o prêmio Hans Christian Andersen, o "Nobel" mundial deste genêro literário. A edição brasileira de A Menina, o Coração e a Casa traz tradução da escritora Marina Colasanti. (MS)
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