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DVD

A Ilha do Medo

Estados Unidos, 2010. direção de Martin Scorsese. Warner. Classificação indicativa: 14 anos. Suspense. Preço médio: R$ 89,90 (Blu-ray)

Ilha do Medo, livro de Dennis Lehane lançado no Brasil pela Cia. das Letras como Paciente 67, na mãos de um cineasta menos talentoso do que Martin Scorsese, poderia ter resultado em um thriller genérico, esquecível. Embora a trama seja envolvente e guarde uma reviravolta até certo ponto surpreendente no seu desfecho, recurso hoje quase banal tanto na literatura quanto no cinema (O Sexto Sentido vem à mente), é a direção de Scorsese que faz toda a diferença.

Leonardo DiCaprio vive o papel de um detetive do FBI designado para investigar, na década de 50, o desaparecimento de uma interna do manicômio judiciário instalado na ilha de Shutter, na costa de Boston. A mulher,condenada por ter afogado seus três filhos, sumiu do presídio como por encanto. Sombrio e claustrofóbico, Ilha do Medo parte de um enredo bem armado já nas páginas do romance de Lehane. Porém, o que o torna uma obra cinematográfica menos corriqueira é a capacidade de Scorsese de trazê-la para o campo das imagens em movimento.

Preste atenção: A câmera do diretor de fotografia Ro­­bert Richardson, de Bastardos Inglórios e O Aviador alterna panorâmicas, planos abertos e grandiloquentes a closes intimistas, invasivos até, que confundem e enganam o espectador." (PC)

Livro 1

O Menino Que Odiava Mentira

M.J. Hyland. Companhia das Letras. 376 págs. R$ 50. Romance.

Não é todo dia que J.M. Coetzee, o escritor sul-africano de Verão, endossa um novo autor. Nada mais natural então do que ostentar na contracapa de O Menino Que Odiava Mentira uma frase do Nobel de Literatura: "Escrita do mais alto nível". A inglesa M.J. Hyland conta aqui a história de John Egan, garoto com um talento diferente: ele é capaz de detectar quando alguém fala uma mentira (suas orelhas esquentam e ele sente enjôo). O jovem passa a testar seu novo "poder" com a família e com o melhor amigo e acaba descobrindo que a mentira é uma ferramenta elementar no convívio com outras pessoas.

Por que ler: Romance de escritora inglesa faz um elogio à mentira a partir da história do menino que é capaz de detectar quando alguém não está dizendo a verdade. (IBN)

Livro 2

O Design do Futuro

Donald A. Norman. Rocco. 192 págs. R$ 34,50. Ensaio.

Um olhar distraído pode não se dar conta de que algumas geladeiras já são inteligentes, muito carros estão quase completamente computadorizados e, no bolso ou na palma das mãos, os celulares são verdadeiras máquinas de mil e uma utilidades. Hoje já é amanhã (sobretudo para quem sobreviveu à decada de 1980, quando o futuro parecia distante). O cientista norte-americano Donald A. Norman mostra como as máquinas podem nos auxiliar, para o bem ou para o mal. As interações entre quem aperta o botão e o aparelho em si tendem a ser cada vez mais estreitas. Em resumo, o especialista recomenda: não devemos, nem podemos, evitar a ajuda da tecnologia. As máquinas não vão, mesmo, tomar o poder.

Por que ler: Donald A. Norman faz ver que o homem e a máquina parecem estar destinados, ou condenados, um ao outro. Mas ele não é pessimista. Ao contrário. O doutor em Filosofia e Psicologia pela Universidade da Pensilvânia analisa como as relações entre criador e criatura são, e devem ser, saudáveis. (MRS)

Exposição

Caractere(s): Retratos em Preto e Branco

Tom Lisboa. Paço da Liberdade Sesc Paraná (Pça Generoso Marques, 189), (41) 3234-4200. 3ª a 6ª, das 10 às 21 horas. Sáb, das 10 às 18 horas. Dom., das 11 às 17 horas. Até 19 de setembro. Entrada franca.

O quarto e último piso do Paço da Liberdade Sesc Paraná está completamente tomado por uma instalação de Tom Lisboa (foto). O artista fotografou trechos de obras de Machado de Assis, José de Alencar, Monteiro Lobato e outros. Nas paredes, em suportes, esses recortes, breves, de poucas linhas, podem dizer pouco (do ponto de vista do recorte), mas também servem de trampolim para muitas reflexões. Ao acaso, qualquer frase e ideia daqueles textos também viabiliza reflexões, as mais variadas. O fragmento é tudo. O mínimo é o máximo. Ainda mais no cenário, com teto vazado para a luz da cidade. Um grande acerto de Lisboa.

Não perca: Os textos de grandes autores, fotografados e plotados por Tom Lisboa, funcionam como quadros. Sim. As palavras, em cada linha, sugerem traços de um pintor inventivo. Independentemente do que os textos literários podem representar, ver essa intervenção, mesmo sem ler, já provoca um efeito estético prazeroso. (MRS)

CD

Avante!

Avante! Independente. Preço médio: R$ 19,90. Música contemporânea.

Paisagens sonoras criadas com elegância e ousadia dão o tom de Avante!. O disco envolve uma diversidade estética incomum e é impressionante que ele tenha sido gravado por cinco jovens compositores graduados pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

"Sexteto", por exemplo, foi concebida como trilha para um filme imaginário, que estabelece um jogo entre diálogos instrumentais e fragmentações (silêncios). Já "Impressões sobre a Morte" se baseia em poemas que versam sobre a experiência da morte, escritos por diversos autores. Impressionante é "Música para Piano e Eletroacústica", que integra suítes sonoras à música eletrônica mista. O disco não é fácil, aviso. Mas onde mais você poderá ouvir uma obra como "Noite e Dia: Desconstruídos", que faz um comentário – musical – sobre a sala de concerto enquanto tecnologia de escuta?

Por que ouvir: Avante! prova que hoje jánão há mais regras nem imperativos estilísticos, e sim recursos a serem confrontados e amalgamados livremente. (CC)

HQ

Mumin

Tove Jansson. Conrad. 96 págs. R$ 37,90.

Eles são brancos, rechonchudos e se parecem com hipopótamos. Vivem nas florestas da Finlândia e são conhecidos como trolls. Habitam uma casa magicamente em ruínas, repleta de familiares afetuosos, montes de amigos e um grupo variado de hóspedes vorazes, em um lindo vale verdejante perto do mar. Mas nem tudo é alegria no Vale dos Mumin e é exatamente aí que a coisa fica engraçada.

Criados pela artista finlandesa Tove Jansson (1914–2001) nos anos 40, inicialmente como personagens infantis, os Mumin acabaram indo para as tiras adultas, publicadas diariamente em mais de 40 jornais ao redor do mundo nas duas décadas seguintes. O volume recém-publicado pela Conrad é o primeiro de uma série de cinco livros que compilam a produção desse período.

Comicamente humanos, os personagens, apesar de parecerem destinados a crianças, contam com um senso de humor ácido ao lidar com situações inusitadas, como o surgimento de um exército de "parentes miseráveis" e a vaidade do mundo da arte da moderna. Hilário o quadro em que o egocêntrico Faro-Fino, na intenção de fazer do amigo Mumin um artista rico e famoso, dispara a seguinte pérola: "essa boina de veludo vai deixar você inspirado!"

Razão para ler: Os Mumin são fofos, carismáticos, afetuosos e queridos. Tanta doçura poderia te fazer enjoar antes mesmo da segunda página dessa HQ, não fosse pelo senso de humor dessas criaturinhas finlandesas. (JG)

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