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CD 1

Timbre da Mão

Eduardo Mercuri. Independente. R$ 10. Instrumental.

Talvez mais conhecido como violonista do Jazz Cigano Quinteto, o curitibano Eduardo Mercuri também mostra seu talento de instrumentista no trabalho solo Tim­bre da Mão. Grande parte de suas (boas) influências está no registro de dez faixas, todas de sua autoria. Há uma espécie de baião açucarado ("Men­­­­tira!"), a bossa no­­va jazzística em "Con­­selho de Amigo" e "Tarde de Abril" e, claro, a influência de Django Reinhardt em "Ciga­nis­­ses", música que celebra o jazz cigano em seus melhores mo­­­mentos. Gravado de forma independente e produzido pelo próprio Mercuri, Timbre de Mão conta com participações de diversos instrumentistas, entre eles Gusta Proença (percussão), Alexy Viegas (piano), John Theo (violino) e Gabriel Castro (saxofone alto, tenor e flauta transversal)

Não deixe de ouvir: "Amarelo" é o ponto alto do álbum. Dialo­gando com uma melodia picotada, a guitarra de Mercuri flu­tua tranquilamente, relembrando os velhos virtuoses do instrumento, embora com um ar fresco e totalmente brasileiro. (CC)

Livro 1

A Pedra do Conhecimento

Sergio Napp. Paulinas. 40 págs. R$ 25,80. Infantojuvenil.

O artista gaúcho Sergio Napp é um autor múltiplo, que transita da letra de canção ao conto, da poesia ao infantojuvenil, gê­­nero no qual ele vem conquintando cada vez mais pe­­quenos e jovens. Em A Pedra do Conhe­­ci­­mento, ele apresenta um enredo que dialoga harmonicamente com as ilustrações de Anelise Zimmermann.

Vale a pena conferir: Em apenas 40 páginas, Napp apresenta as aventuras da pequena Mariana que, de pergunta em pergunta, abre todo um novo horizonte diante de si. "Ah, essa menina vai incomodar", comenta, em um trecho, o pai da protagonista. A partir de sua noção de poesia e música, Napp costura um texto fluente, que tende a pegar o leitor pela mão, do início à última palavra, o que inclui ainda um desfecho surpreendente e, em alguma medida, mágico. (MRS)

Livro 2

O Menino Que Mordeu Picasso

Antony Penrose. Tradução de José Rubens Siqueira. Cosac Naify, 48 págs., R$ 42. Infanto-juvenil.

O autor, hoje com 63 anos, é filho da fotógrafa Lee Miller e do pintor Roland Penrose, ligado aos surrealistas. Quando criança, teve a sorte absurda de conviver com Pablo Picasso (1881-1973), amigo da família. O artista espanhol fez alguns retratos da mãe de Antony e costumava trocar ideias com Roland. Os Penrose foram visitá-lo em algumas ocasiões e, em outra, foi Picasso que apareceu na casa dos amigos ingleses. Numa dessas visitas, segundo a mãe de Antony, o menino deu uma mordida no Picasso, que respondeu à altura, mordendo de volta o garoto. "Foi a primeira vez que mordi um inglês", disse o pintor.

Por que ler? A história faz parte do livro ilustrado com alguns desenhos do autor, várias obras de Picasso e fotografias feitas por Lee, mostrando o espanhol em ação ou em momentos descontraídos. A narrativa singela tem momentos ótimos, como quando Penrose descreve o pintor: "Ele tinha um cheiro bom de perfume e cigarro francês" e pode servir como uma introdução despretensiosa à obra do artista, famoso "como um cantor de rock ou um jogador de futebol". (IBN)

Livro 3

Franz Kafka & Praga

Harald Salfellner. Tradução de André Delmonte. Tinta Negra. 368 págs. R$ 43. História.

Com um trabalho criterioso e um número grande de fotografias, o livro de Haradl Salfellner é um documento valioso sobre a cidade de Praga, na época do escritor Franz Kafka (1883-1924), o autor de A Metamorfose e O Processo. O pesquisador austríaco que vive na cidade checa há 20 anos se dedica a deslindar os locais históricos da região, amarrando-os com figuras proeminentes da cultura. Antes de se dedicar ao Kafka, escreveu o compositor Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).

Confira: Parte do esforço de Salfellner, destacado na apresentação do livro, tem a ver com os estudos do idioma checo, algo que pesquisadores alemães em geral não se dão ao trabalho de fazer, pois Kafka escreveu em alemão e não em checo. Buscando referências em jornais e fotografias de época, o volume tem imagens raras da loja do pai do escritor, Hermann Kafka, e analisa a cena literária da época, abordando ainda os cafés e livrarias que o autor freqüentava. Vale destacar ainda a bela edição feita pela Tinta Negra. (IBN)

DVD

Oceanos

França, 2009. Direção de Jacques Cluzaud e Jacques Perrin. Playarte. Classificação indicativa: livre. Apenas para locação. Documentário.

O cineasta Jacques Cluzaud, codiretor de Oceanos não gosta muito quando chamam seu filme de documentário. Ele prefere defini-lo como uma "ópera selvagem". Produzido e codirigido por Jacques Perrin, conhecido ator de clássicos como A Garota com a Valise, de Valerio Zurlini, e Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, Oceanos é um daqueles filmes que precisam ser vistos de olhos (e ouvidos) bem abertos. Trata-se de um impressionante espetáculo audiovisual que encontra na natureza uma coautora e também caprichosa prima-dona.

Não perca: Rodado em 50 locações ao redor do mundo, o longa-metragem é resultado de um trabalho de quatro anos e meio de filmagem. Graças à ousadia do projeto – e à coragem e perícia da equipe de megulhadores/operadores de câmera – Oceanos supera qualquer outra produção do gênero. E, depois de assisti-la, não é difícil concordar com Cluzaud: não se trata mesmo de um "documentário" no sentido mais clássico do gênero. (PC)

CD 2

The Ghost Who Walks

Karen Elson. Lab 344. R$ 25,50.

Apesar de ser mais conhecida como a mulher de Jack White (White Stripes, The Raconteurs e The Dead Weather), a modelo inglesa Karen Elson já era envolvida com a música antes de se casar com o guitarrista norte-americano. Ela foi uma das líderes da The Citizens Band, espécie de trupe de cabaré nova-iorquina, em que interpretava canções de artistas como Kurt Weill, Leonard Cohen e Marlene Dietrich.

Todas as 12 canções de seu álbum de estreia, The Ghost Who Walks (título inspirado em um dos apelidos da modelo quando criança, devido a sua palidez) foram escritas por Karen, que as escondeu do marido até que estivessem prontas. Ao ouvi-las, Jack fez questão de produzir o disco, no qual também toca bateria.

Ouça: A sonoridade, apesar de ter muito em comum com a obra de White, é bastante original. São canções de melodias soturnas e versos dramáticos sobre amores condenados, entoados com a bela voz de Karen, cuja delicadeza e o timbre aveludado, por vezes, lembra a de Cat Power, com um quê de Nancy Sinatra. É assim em "Pretty Babies", "The Birds They Circle" e na acústica "Lunasa". Há ainda espaço para influências de cabaré ("100 Years from Now"), música celta ("Stolen Roses" ) e country ("The Last Laugh"). (JG)

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