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CD 1

Lado B (foto acima)

Yamandu Costa e Dominguinhos. Biscoito Fino. R$31,90. Instrumental.

O sertão virou pampa e o pampa virou sertão, mais uma vez. Depois da primeira parceria entre o gaúcho Yamandu Costa e o pernambucano Dominguinhos (em 2007), o mestre do violão e o bambambã da sanfona estão juntos novamente em Lado B.

Interessante é perceber a pegada quase erudita de Yamandu (30 anos) dialogar com a sanfona, que flui naturalmente virtuosa nas mãos de Dominguinhos. É tudo muito harmônico, como se os músicos fossem nascidos no mesmo local e tivessem as mesmas referências musicais.

O repertório abrange composições dos dois instrumentistas ("Fuga pro Nordeste", de Dominguinhos, e "Choro do Gago", de Yamandu Costa), e algumas releituras interessantes ("Felicidade", de Lupicínio Rodrigues, e "Solamente una Vez", bolero de Augustin Lara).

Por que ouvir :a música instrumental brasileira tem no contemporâneo Yamandu Costa sua vivacidade e no veterano Dominguinhos parte de sua história. A junção de passado e presente, de violão e sanfona, soa solar e otimista. Apesar de se chamar Lado B, a boa música que a dupla faz deveria estar nas paradas de sucesso. De Norte a Sul. (CC)

CD 2 (foto 1)

The Big Blac k and the Blue

First Aid Kit. Wichita. Preço médio: US$ 12. Folk.

As irmãs suecas Klara (17) e Johanna Söderberg (19) deixam logo claro a que vieram em sua página no MySpace: "We aim for the hearts, not the charts" ("mi­­ra­­mos os corações, não as paradas de sucesso"). Ingenuidade à parte, elas acertam, bem no alvo, em seu recém-lançado álbum de estreia, The Big Black and the Blue.

Nas 11 canções que compõem o disco fica visível a principal influência das garotas: a banda norte-americana Fleet Foxes, de quem elas gravaram "Tiger Mountain Peasant Song", cujo vídeo se espalhou pela internet e as tornou conhecidas ao redor do mundo. Quase a capella, a faixa de abertura "In the Morning" dá o primeiro golpe, impressionando o ouvinte em seus pouco mais de dois minutos de duração. De arranjo simples, a acústica "Hard Believer" chama atenção pela letra, em que elas suspiram: "o amor é duro e o tempo é árduo para mim". Tão reflexiva quanto, é a sombria "Heavy Storm", em que elas debatem fé e o adeus à infância. Mas nada mais encantador que ouvi-las contando até quatro em sueco na abertura da festiva "Sailor Song" – en, tva, tre, fyra. É, cada país tem a Mallu Magalhães que merece...

Preste atenção: Klara tem 17 anos e sua irmã, Johanna, 19. Mas, a julgar pelas letras que essas meninas suecas escrevem, devem acumular nas costas experiências dignas de quem já passou dos trinta. Ou então, há alguma substância misteriosa na água de Estocolmo. Escute o álbum de estreia da dupla e tire suas próprias conclusões. (JG)

Livro

História da Ressurreição do Papagaio (foto 2)

Eduardo Galeano. Cosac Naify. 24 págs. R$ 42. Infantojuvenil.

O escritor uruguaio Eduardo Galeano escreveu uma fábula a partir de um poema em cordel que escutou em um mercado no nordeste do Brasil.

A História da Ressurreição do Papagaio mostra, em uma primeira camada, a aventura de uma ave que, distraída, cai dentro de uma panela de água fervendo e morre.

Nas entrelinhas, Galeano dá a entender que o papagaio, na realidade, é o ser humano, obrigado a ser produtivo e sem espaço para a distração (e para o que não tem utilidade). História da Ressurreição do Papagaio confirma a excelência da casa editorial. O texto flui na companhia das imagens de esculturas coloridas em madeira do espanhol Antonio Santos. E, além de tudo, o enredo é comovente. Um final arrebatador espera pelo leitor

Por que ler: Em primeiro lugar, pela qualidade do texto. A narrativa de Galeano foi vertida par ao português pelo poeta Ferreira Gullar. O resultado é um texto leve e preciso. Cada palavra parece estar no seu devido lugar. Em segundo, porque se trata de um livro da Cosac Naify, editora que costuma caprichar no acabamento gráfico. (MRS)

DVD

O Senhor dos Anéis (foto 3)

Direção de Peter Jackson. Caixa com os filmes A Sociedade do Anel (2001), As Duas Torres (2002) e O Retorno do Rei (2003). Classificação indicativa: 12 anos.Warner. Preço médio: R$ 199,90 (Blue-ray). Fantasia.

Os fãs inveterados da trilogia de filmes baseados na obra de J.R.R. Tolkien chiaram. Queriam que a caixa de Blu-rays lançada pela Warner incluísse as versões estendidas dos longas de Peter Jackson. Não é o caso ainda. Talvez isso ocorra, daqui a um par de anos. Mesmo assim, assistir, em alta resolução e som remasterizado DTS, à saga protagonizada pelo hobbit Frodo (Elijah Wood) é imperdível para quem curte cinema-espetáculo. A versão brasileira, com três volumes, é mais enxuta e com menos extras do que a norte-americana.

Por que assistir: muitos julgavam que adaptar a monumental obra de Tolkien para o cinema era impossível, apesar os livros terem rendido uma animação em 1978. Jackson, premiado com o Oscar de melhor direção por O Retorno do Rei, vencedor de outras dez estatuetas, provou que não era. (PC)

Revista

Gráfica (Edição 72) (foto 4)

Oswaldo Miranda (Miran). Posigraf. R$ 35. 111 págs. Artes gráficas.

A Gráfica, uma das mais respeitadas revistas de artes gráficas do Brasil, chega a seu número 72. Curiosa é a trajetória da publicação. Em 1982, Oswaldo Miranda, o Miran, viabilizou exposições de artistas estrangeiros na galeria Acaiaca. Na ocasião, os convidados pediram que fosse impresso um catálogo, como registro histórico.

Miran, então, decidiu imprimir os portfólios com o título Gráfica. Nascia uma revista que, décadas depois, passa a ser impressa pela Posigraf, com periodicidade trimestral, e mantém a qualidade.

Vale a pena comprar e guar­­dar:Dezenas de páginas desta luxuosa revista, impressa em papeul couché fosco, foram dedicadas ao trabalho do carioca Victor Burton, um dos mais conhecidos capistas da literatura brasileira, requistado por todas as grandes editoras brasileiras.

Burton assina a capa da recente edição do Dicionário Houaiss, da tradução de Ulisses, de James Joyce (por Bernardina da Silveira Pinheiro) e da reedição dos livros de João Gilberto Noll. Também é possível conferir projetos de identidade visual que o artista fez, por exemplo, para o Paço Imperial (RJ), entre outras realizações irretocáveis. (MRS)

Cinema

Taturana e Teorema (foto 5)

Taturana. 5ª edição. Distribuição gratuita. Trimestral. Informação no site http://revista taturana.blogspot.com ou pelo e-mail kinoarte@gmail.com. Teorema. nº 16. Trimestral. R$ 10. Pode ser encontrada da Fnac do ParkShopping Barigüi. Informação pelo e-mail revistateorema@yahoo.com.br

Duas revistas de cinema brasileiras se destacam pela qualidade. Feita pelos cineastas da Kinoarte, em Londrina, a criativa Revista Taturana chega a quinta edição tendo o fotógrafo japonês Haruo Ohara como centro. Suas imagens em preto e branco permeiam o ensaio do diretor Rodrigo Grota sobre sua concepção do curta Haruo Ohara (premiado no Festival de Cinema de Gramado deste ano) e o ensaio do fotógrafo carioca Carlos Ebert sobre suas referências ao filmá-lo. A gaúcha Teorema chega graúda à 16.ª edição, prestando tributos a Eric Rohmer e Densis Hopper. Há uma análise da obra do diretor tailandês Apitchapong Weeresathakul, vencedor da Palma de Ouro em Cannes deste ano, feita pelo mineiro Marcelo Miranda, e uma grande conversa entre a equipe da revista e a gaúcha Ana Luíza Azevedo, diretora do belo Antes Que o Mundo Acabe.

Por que ler: Para cinéfilos que desejam mediar suas próprias re­­flexões sobre a produção de contemporânea de cinema com a de críticos e cineastas atuantes em todo o país. Taturana, com belo projeto gráfico, lança um olhar sobre a subestimada produção de curtas-metragens. A Teorema oferece críticas aprofundadas e entrevistas produzidos por críticos gaúchos e colaboradores. (AV)

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