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Livro 1Os Chefes/Os Filhotes

Mario Vargas Llosa. Alfaguara. 136 págs. R$ 29,90. Contos/Novela.

Há quem diga que o menino é o pai do homem. Ou, de maneira mais direta, que uma pessoa já revela tudo o que irá fazer no futuro por meio de suas primeiras ações e obras.

O peruano Mario Vargas Llosa já era um escritor interessante no início de sua carreira literária, e isso o leitor pode comprovar lendo a edição de Os Chefes/Os Filhotes, que reúne dois livros que o escritor produziu quando iniciava uma trajetória que se revelou consagrada.

Os Chefes, com seis contos, é o seu primeiro livro, publicado em 1959 e trata de enfrentamentos. Os Filhotes, de 1967, é um novela ambientada em Lima, a capital peruana, ainda na primeira metade do século 20.

A ficção de Llosa, mesmo em seus movimentos iniciais, já mostrava aquilo que ele iria fazer durante a passagem do tempo: recriar, com muita verve, a realidade do continente sul-americano, em que a força bruta, muitas vezes, prevalece. Sempre, é preciso afirmar, a partir de uma linguagem que revela apuro com o uso do idioma escrito.

Llosa venceu prêmios literários importantes, entre os quais Cervantes, Príncipe de Astúrias e PEN/Nabokov. Em 1990, ele candidatou-se à presidência do Peru, e perdeu a eleição para Alberto Fujimori. (MRS)

Exposição

3º Salão Nacional de Cerâmica

Casa Andrade Muricy (Al. Dr. Muricy, 915), (41) 3321-4786. 194 obras de 131 artistas brasileiros. De terça a sexta-feira, das 10 às 19 horas, e sábado e domingo, das 10 às 16 horas. Até 3 de outubro.

Sapatos de várias épocas e partes do mundo. Utensílios domésticos. Santos. Obras de arte. Os objetos são os mais distintos, mas o material com que foram produzidos é o mesmo: a argila. Quase 200 obras de 131 artistas, designers e artesãos selecionados dentre inscritos das cinco regiões do Brasil podem ser conferidas no 3.º Salão Nacional de Cerâmica, em cartaz na Casa Andrade Mu­­ricy até 3 de outubro.

As obras que mais se destacam são aquelas pertencentes à categoria artística, no segundo andar do museu, como a dos premiados Sílvio Rodolfo (foto), do Paraná, e Carlos Augusto Camargo, do Rio Grande do Sul, mas as categorias de design e popular também exibem peças interessantes como a da Santa Ceia, da premiada artista catarinense Raquel Sant’Ana dos Passos. Há ainda cerâmicas de artistas convidados, como a discípula do mestre Alfredo Andersen, Isolde Hötte (1902-1994), mais conhecida por sua pintura, mas que nos anos 50 decidiu se embrenhar pela cerâmica, e Aurora S’Tiago, que exibe uma pequena mostra contando a história do calçado, da Antiguidade aos dias de hoje. (AV)

Livro 2

Ah, Se a Gente Não Precisasse Dormir!

Gerdt Fehrle. Tradução de Claudio Marcondes. Cosac Naify. 40 págs. R$ 45. Arte contemporânea.

Nada como o olhar irreverente das crianças para decodificar os desenhos do artista norte-americano Keith Haring (1958-1990). É isso que o autor Gerdt Fehrle faz no livro Ah, Se a Gente Não Precisasse Dormir!. O autor, estranhamente só mencionado nos créditos finais do grande livro amarelo, cria pequenos textos para elucidar as reproduções de obras do artista, seguidos de depoimentos engraçados e criativos de crianças e adolescentes que tentam, de um modo muito próprio, entender o que veem. A cada final de página, algumas perguntas levam o leitor às próprias elucubrações.

Com apenas 40 páginas e textos curtos e diretos, apesar de pouco profundos, o livro atrai os adultos que desejam se aproximar da obra de Haring, mas são as crianças que se sentirão mais atraídas pela maneira interativa com que se adentra o universo deste artista de rua que, ao criar ícones como o "Bebê Radiante" e o "Cão Latindo", aplicados em camisetas, bonés e broches, ganharia fama comparada à de Andy Warhol.

A edição brasileira conta ainda com uma reportagem de Mario Cesar Carvalho sobre a estreita relação de Haring com o Brasil e sua influência sobre artistas brasileiros. Haring morreria de Aids, em 1990, aos 31 anos, pouco tempo após idealizar uma fundação que oferece assistência a organizações educacionais e que cuida de pessoas com Aids. (AV)

CD

Eternos Guardiões

Vários Artistas. Biscoito Fino. Preço médio: R$ 34,90. Samba

Uma varredura histórica e musical fez Moacyr Luz. Bom para nós, já que o compositor tira o pó de sambas de cinco compositores desconhecidos, que brilharam em algum momento, mas que jaziam inertes e silenciosos. Zé Catimba (Imperatriz Leopoldinense), Dauro do Sal­­gueiro e David do Pandeiro (Por­­tela), Walter Peçanha (Man­­guei­­ra) e Jonas da Vila Isabel são re­­lembrados em dez faixas e saem da penumbra. A maioria delas compõem um leque de sambas-enredos não tão famosos (de várias décadas), mas de uma classe inquestionável.

Eternos Guardiões presta, assim, uma homenagem a todos os compositores populares e anônimos dos subúrbios cariocas. As joias resgatadas por Moacyr Luz e interpretadas por sambistas atuais se revelam imponentes – de­­vido à qualidade da gravação –, mas também sugerem o pessimismo, já que é realmente difícil ouvir algo parecido nos desfiles exagerados de hoje.

Exímio violonista – estudou com Hélio Delmiro – o carioca Moacyr Luz foi o criador da canção "Saudades da Guanabara", homenagem ao Rio de Janeiro, em parceria com Aldir Blanc e Paulo Cesar Pinheiro. O músico e compositor tem quase duas centenas de músicas gravadas por artistas de primeira linha (Maria Bethânia, Nana Cay­­mmi e Leny Andrade) e agora se revela, além de um artista consagrado, um pesquisador interessado. (CC)

Livro 3

Diário de um Banana: A Gota D’água

Jeff Kinney. Editora V&R. R$ 34,90. Infanto-juvenil.

Não à toa a série Diário de um Banana já vendeu 28 milhões de exemplares no mundo. Greg Heffley, o protagonista do livro, está longe de ser exemplo de filho ou adolescente. Preguiçoso, debochado, prepotente, mas muito carismático. Sua personalidade não lembra em nada os heróis de histórias em quadrinhos, como Homem-Aranha ou Super Ho­­mem. No terceiro livro da série – ao todo, a saga deve ter sete capítulos –, o design, apesar de manter o padrão das obras anteriores, segue chamando a atenção. O aspecto é de um diário real, com letra manuscrita e rabiscos toscos, que dão charme à história e completam a narrativa.

Em A Gota D’água, o jovem tenta agradar seu pai. Nenhuma das tentativas, contudo, é efetiva. Seus pensamentos e especialmente suas ações continuam a decepcionar sua família, a ponto de o pai cogitar a hipótese de matriculá-lo em um colégio militar. O humor, assim como nos dois primeiros livros, é infantil, mas grande parte do público é de adultos. Motivo: as experiências do adolescente foram vividas por todas as pessoas alguma vez na vida – gostar de uma garota, tentar impressionar amigos, fugir dos valentões da escola e até brincar com os colegas mais frágeis. Só que, na vida real, ninguém deve ter sido tão criativo quanto Greg. (VB)

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