• Carregando...
 |
| Foto:

CDWrecking BallBruce Springsteen. Sony Music. Preço médio: R$ 29,90. Rock.

O cantor e compositor Bruce Springsteen é um dos maiores nomes do rock americano. Uma espécie de Clint Eastwood da música, embora seja bem mais jovem e progressista em sua visão política. Infelizmente, há ainda no Brasil quem guarde, por conta de uma leitura equivocada do hit "Born in the USA" (1984), a ideia preconcebida de que ele é um artista nacionalista, no pior sentido da expressão. Nada disso: The Boss, como é conhecido entre seus conterrâneos, sempre foi uma voz forte em defesa da classe trabalhadora e dos oprimidos em seu país, mas jamais um autor de patriotadas acríticas ou alienadas. E Wrecking Ball (algo como bola de demolição) é exemplar nesse sentido. Trata-se de um dos álbuns mais desesperançosos, críticos e raivosos do artista nos últimos anos.

Preste atenção: Sem poupar nada ou ninguém (inclui-se aí até o presidente Barack Obama, apoiado por Springsteen), o single "We Take Care of Our Own" ("Tomamos Conta dos Nossos") fala sobre ideais abandonados e frustrados, promessas não cumpridas e falta de perspectivas. "The Depression" ("A Depres­são"), por sua vez, permite uma leitura política, referindo-se à atual crise econômica que aflige os EUA, mas também, ambiguamente, à perplexidade existencial diante desse quadro desolador. E, falando no álbum Born in the USA, na faixa "Death to My Hometown", Springs­teen, em tom de desilusão, revisita a canção "My Home­town", do repertório de seu disco de maior sucesso, com mais de 15 milhões de cópias vendidas apenas no mercado americano. (PC)

TeatroDarwinTeuni – Teatro Experimental Universitário (Trav. Alfredo Bufren, 140), (41) 3310-2736. Direção de Fabio Salvatti. hoje, às 20 horas. Entrada franca.

Falar de evolução com humor é a sacada de Darwin, em cartaz no Teuni até esta noite. A peça continua volta aos palcos durante o Festival de Teatro, porém não mais com entrada franca (no Teatro da Caixa, dia 29 de março, às 21 horas, e de 30 de março a 1º de abril, às 18 horas, com ingresso a R$ 20).

A comicidade das diferentes esquetes que remetem ora à pessoa do naturalista, ora à sua inovadora obra, "esquenta" a frieza que alguns podem enxergar no tema científico. O embate entre criacionismo e evolucionismo é abordado, mas elaborado de uma forma surpreendente. O texto é coletivo, criado pelo grupo enquanto pesquisavam.

Por que ver?: O bom elenco mantém o ritmo imposto pela mudança frequente de cenas, pulando de uma brincadeira para a outra e levando junto a atenção do espectador. No fundo, o diretor Fabio Salvatti mantém um quê de drama, num questionamento existencial que ajuda no resultado. Por fim, o encerramento se dá com uma canção composta para o espetáculo, que fecha a noite com aquela pitada dramática em meio ao riso. (HC)

Livro 1FumaçaAntón Fortes, com ilustrações de Joanna Conejo. Editora Positivo. R$ 40. Infantojuvenil.

Um menino narra sua vida em um campo de concentração nazista. Ele é judeu, as agressões vêm de toda parte e sua vida corre perigo. Mas o menino não aborda a situação desta forma. Ele conta suas experiências de maneira suave e infantil. A mãe ficou feliz ao ver o pai, que está do outro lado do campo. Dias depois, a mãe está triste porque o pai não apareceu mais. "Nunca choro, porque o menino que choramingava de noite foi levado embora, e a mãe dele não para de berrar. Eu não quero que a mamãe grite", diz ele. É um livro sobre campos de concentração e genocídio em que essas palavras não são usadas, mas toda a tristeza das vítimas aparece com uma força brutal. A delicadeza das ilustrações salienta o contraste entre a brutalidade do meio e ingenuidade da infância.

Para quem foi feito o livro? Ainda que seja apresentado como literatura infantojuvenil, este álbum narrativo tem condições de ser apreciado por um público leitor adulto. Para crianças, talvez seja triste demais. (MS)

Livro 2A Perfeição Não ExisteTostão. Três Estrelas. 288 págs. R$ 37. Crônicas.

Tostão foi um craque do futebol. Habilidoso, formou ao lado de Pelé, Jairzinho e Rivelino o ataque da seleção brasileira campeã da Copa do Mundo de 1970, no México. A aposentadoria precoce dos campos foi traumática. Um deslocamento na retina do olho esquerdo forçou Tostão abandonar a carreira aos 26 anos. O trauma o afastou do futebol por 20 anos. Arredio, se recusava a dar entrevistas e a falar da carreira. Virou médico. Mas o tempo, o melhor dos remédios, acabou cicatrizando a ferida. Tostão virou comentarista e cronista esportivo, para o bem do futebol brasileiro.

A Perfeição Não Existe traz uma reunião de textos publicados em vários jornais brasileiros, inclu­­in­do a Gazeta do Povo, de 2000 a 2011. O prefácio é do jornalista Juca Kfouri.

Por que ler? Craque nos campos, craque nas letras. Tostão consegue sintetizar em seus textos curtos, enxutos, os caminhos do esporte mais popular do país. Crítico, sem os maneirismos de outros cronistas, trafega pela escrita com a mesma habilidade com que conduzia a bola. (RM)

Livro 3A Ilha do Dr. MoreauH.G. Wells. Tradução de Braulio Tavares. Alfaguara, 176 págs., R$ 29,90. Romance.

Uma das obras mais famosas do ficcionista britânico H.G. Wells junto com A Guerra dos Mundos, O Homem Invisível e A Máquina do Tempo, A Ilha do Dr. Moreau foi publicada originalmente em 1896 e ganhou fama no final do século 20, principalmente graças ao filme homônimo estrelado por Val Kilmer e Marlon Brando em 1996. A história começa com o naufrágio do navio Lady Vain, em que um dos sobreviventes, Charles Prendick, é resgatado pelo barco do Dr. Montgomery, que tem a inusitada missão de levar espécimes animais à ilha do Dr. Moreau. Moreau é um excêntrico e recluso cientista que realiza diversos experimentos com animais e humanos, fundido-os em mutações bizarras que povoam a ilha à procura de sangue.

Por que ler? Além do estilo primoroso de escrita de H.G. Wells, A Ilha do Dr. Moreau traz, em sua visão, o lado eufórico do mercantilismo da época, o embate entre homens civilizados e sua natureza animalesca, e levemente toca em questões de bioética, assuntos que começavam a ser comentados na época de Wells. (YA)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]