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DVD1

Lunar

Reino Unido, 2009. Direção de Duncan Jones. Sony Classics. Classificação indicativa: não informada. Ficção científica. locação

Depois da bobeada épica de permitir o lançamento direto em DVD de Guerra ao Terror, um dos favoritos ao Oscar, agora é a vez do cultuado Lunar provar, definitivamente, que muitas distribuidoras (e seus executivos) não entendem muito de cinema ou pouco acompanham o que anda rolando de novo fora de Hollywood.

Estreia na direção de Duncan Jones, o filho do camaleão David Bowie, já ganhou vários prêmios, entre eles os de melhor filme no Festival do Cinema Fantástico de Stiges e do BIFA (premiação do cinema independente britânico). Na última quinta-feira, foi indicado ao Bafta (prêmio máximo do cinema no Reino Unido) em duas categorias importantes: melhor filme britânico e melhor estreia de um diretor, roteirista ou produtor (Duncan Jones).

O personagem central de Lunar é Sam Bell (Sam Rockwell, de Confissões de uma Mente Perigosa), que está prestes a en­­cerrar seu contrato de três anos com a empresa Lunar Industries, que extrai a fonte primária de energia da Terra no lado escuro da Lua. A única companhia de Sam é o vigilante computador da base chamado Gerty (o oscarizado Kevin Spacey), o que levou a crítica a encontrar no filme paralelos com 2001 – Uma Odisseia no Espaço. A única conexão de Sam com o mundo exterior são mensagens de sua mulher e filha enviadas via satélite. Esse isolamento afeta a saúde mental de Sam, que espera com ansiedade pelo momento de voltar para casa. Um acidente, porém, o leva a uma terrível descoberta. (PC)

Livro 1

O Vendedor de Armas

Hugh Laurie. Planeta, 288 págs., R$ 39,90. Romance.

Em 1996, quando O Vendedor de Armas saiu em língua inglesa, Hugh Laurie era um ator pouco conhecido fora do Reino Unido. Havia feito para a tevê britânica a série A Bit of Fry and Laurie (entre 1987 e 1995), ao lado de Stephen Fry, exibida no Brasil pelo Euro­channel. No cinema, trabalhara com Emma Thompson e Kate Winslet em Razão e Sensibilidade (1995) e com Kenneth Branagh em Para o Resto de Nossas Vidas (1992). Hoje, 14 anos depois, quando o livro sai no Brasil, Laurie é um dos atores mais bem pagos da televisão no mundo. Já faz seis anos que ele vive o dr. Gregory House na série de mesmo nome e é impossível dissociá-lo do médico cínico e genial que precisa lidar com o vício em analgésicos por causa de um problema na perna direita. O que O Vendedor de Armas mostra é que existem pontos de contato entre o personagem que celebrizou Laurie, o protagonista do romance (Thomas Lang) e o próprio ator-autor. Lang é um ex-militar de elite que recebe uma proposta de 100 mil dólares para matar um empresário norte-americano. Com humor e num estilo fluente, Laurie narra os percalços de Lang para tentar "salvar" seu suposto alvo e administrar os problemas que ele encontra com as várias mulheres que cruzam seu caminho. (IBN)

DVD 2

Rent – Filmed Live on Broadway

Estados Unidos, 2009. Direção de Michael Grief e Michael Warren. Sony Pictures. Classificação indicativa: 18 anos. preço médio: R$ 29,90. Musical.

O cineasta Chris Columbus (de Harry Potter e a Pedra Filosofal) até tentou, mas não conseguiu transpor para a tela grande o impacto de Rent, o musical mais emblemático da década de 90. Vencedor de quatro prêmios Tony (o Oscar da Broadway) e do prestigiado Pulitzer, a peça, que permaneceu por 12 anos em cartaz em Nova York, agora ganha nova chance no mundo do audiovisual. Rodado em alta definição, Rent – Filmed Live on Broadway leva o espectador à primeira fila do teatro para assistir à derradeira apresentação do espetáculo. Ao vivo sobre o palco. E isso faz toda a diferença.

Escrita pelo então desconhecido Jonathan Larson, que morreu antes de ver a consagração de sua obra, a peça inspira-se na ópera La Bohéme, de Puccini, para retratar um ano nas vidas de um pequeno círculo de amigos. Muitos deles são artistas, que sobrevivem como podem em um prédio invadido no East Village, em Nova York. Como Hair foi um retrato dos Estados Unidos no fim dos anos 60, tempos de Guerra do Vietnã, contracultura e movimento hippie, Rent fala da América na década de 80, tempos de aids, individualismo yuppie, recessão, desemprego, especulação imobiliária, mas também de grande efervescência cultural. É quando surgem as performances e a videoarte como no­­vas linguagens de expressão. Rent mostra com magia esse universo. (PC)

CD 1

IRM

Charlotte Gainsbourg. Elektra/Asylum. Importado. Preço médio: US$ 12. Pop

Um hemorragia cerebral sofrida em 2007, quando praticava esqui aquático, inspirou o terceiro álbum da atriz e cantora francesa Charlotte Gainsbourg, lançado no exterior, na última terça-feira e ainda inédito por aqui. Não tanto o acidente e o flerte com a morte, mas o longo tratamento que incluiu meses de ressonâncias magnéticas (na abreviação, IRM, em inglês) deram origem às 13 canções do disco, das quais 12 são foram escritas por Beck, que canta em sua maioria, além de ter produzido e mixado o trabalho.

A dinâmica da parceria entre Charlotte e Beck segue os moldes de 5:55 (2006), álbum anterior da cantora, cujas canções foram escritas pela dupla francesa Air. Ou seja, músicas que poderiam formar um álbum autoral de seus compositores originais, mas gravadas na deliciosa voz de Charlotte. E isso está longe de ser um defeito.

Repletas de arranjos de cordas luxuosos, as canções do novo álbum são uma mistura de Histoire de Melody Nelson (1971) – disco de Serge Gainsbourg, pai de Charlotte, preferido por ela e Beck – e Sea Changes (2002), obra-prima esquecida de Beck. É o que se ouve em faixas como "Vanities", "La Collection­neuse", "In the End" e "Me and Jane Doe". Há ainda espaço para experimentos minimalistas na faixa de abertura "Master’s Hand" e na que dá título ao álbum, "IRM" (construída a partir de samples do barulho de um aparelho de ressonância magnética). Completando, o garage blues típico de Beck dá o tom das ótimas "Trick Pony", "Dandelion" e "Looking Glass Blues". (JG).

CD 2

Away We Go

Alexi Murdoch e outros. Nettwerk Records. Importado. Preço médio: R$ 70. Folk.

O britânico Alexi Murdoch mudou para os Estados Unidos em meados dos anos 1990. Vivendo em Los Angeles, produzia seus discos de folk com recursos parcos e fazia poucas apresentações ao vivo – dizem que ele não queria desgastar a relação que tinha com as composições. Depois de tocar numa rádio californiana, caiu nas graças do público e conquistou gente importante, que acabou incluindo seu trabalho em filmes (Medo da Verdade e Hora de Voltar) e seriados de televisão (The O.C. e House). O sucesso do primeiro disco, Time without Consequence (2006) foi a ponte para criar a trilha sonora de Away We Go (Distante Nós Vamos), filme de Sam Mendes inédito no Brasil. A história fala de um casal que engravida e passa a procurar um lugar onde estabelecer a família, sempre à procura de referências emocionais, sejam elas parentes ou amigos bizarros. A voz de Mur­­doch e a cadência das músicas lembram muito as de Nick Drake (1948-1974). Outra referência usada para descrever o londrino é Bon Iver, banda do americano Justin Vernon. As letras de Murdoch são belíssimas, e falam sobre o amor que salva ("Orange Sky") e sobre como é importante lembrar de respirar ("Breathe"), ou ainda sobre como respirar é bom quando você não se sente mais só ("All My Nights"). A trilha sonora tem também Bob Dylan, Vel­­vet Un­­derground e George Harrison. (IBN)

Livro 2

Contos de Amor Rasgados

Marina Colasanti. Record. 208 págs. R$ 37,90. Prosa poética.

A etíope Marina Colasanti passou uma década na Itália, e há mais de meio século vive no Rio de Janeiro. O fato de ela ter morado em mais de um país de certa maneira se reflete em sua produção literária.

Em 1986, ela lançou Contos de Amor Rasgados, livro que acaba de ser reeditado pela editora Record e que comprova a tese de que Marina tem a sua linguagem influenciada por vários códigos, por idiomas diversos e por muitas referências distintas, mas complementares, que dialogam.

O livro é formado por diversos textos, curtos, mas intensos. São contos, mas também podem ser entendidos como poemas. Há enredos. A voz narrativa apresenta personagens em situações-limite. Uma mulher divide o par de seios entre o marido e o amante. Esse é um dos cerca de cem textos que compõem Contos de Amor Rasgados.

A premiada escritora diz que esses breves textos podem ser chamados de mini-contos, e, em entrevista de divulgação da obra, apresenta uma definição e um elogio ao formato: "O mini-conto é comparável à pintura japonesa, busca o essencial. O bom mini-conto é aquele que sacia o leitor, levando-o a fechar o livro sem desejar ler, no momento, a história seguinte", diz Marina.

Mini-conto, conto, poema, prosa poética, a definição é o que menos importa em um livro surpreendente, e "fronteiriço", como esse. (MRS)

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