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CD - Eric Clapton: Deluxe Edition (foto 1)

Eric Clapton. Universal Music Brasil. Preço médio: R$ 39,90.

Com apenas 25 anos, o guitarrista britânico Eric Clapton já havia atingido status de ícone do rock, graças ao trabalho ao lado de bandas como Yardbirds, John Mayall’s Bluesbreakers, Cream e Blind Faith. Sedento para expandir seus horizontes musicais, Clapton partiu para a carreira-solo em 1970, após recrutar os músicos da banda Delaney & Bonnie and Friends, que conheceu durante uma turnê com o Blind Fatih.

O resultado deste encontro deu origem ao primeiro álbum-solo do guitarrista, Eric Clapton, que agora chega ao mercado brasileiro em uma edição deluxe com dois CDs. O primeiro traz a mixagem original, lançada na época, feita por Tom Dowd, além de três faixas adicionais, entre elas "Blues in ‘A’" e "She Rides" (versão original da faixa que acabou intitulada "Let It Rain"). O segundo disco apresenta a até então inédita mixagem de Delaney Bramlett, líder da banda que o acompanhou nas gravações e parceiro de Clapton em boa parte do repertório.

Em embalagem digipack, a reedição conta ainda com um encarte caprichado, com fotos das gravações, um texto sobre a história do disco e comentários faixa-a-faixa feitos por Clapton à revista inglesa Melody Maker na época do lançamento original. Indispensável para colecionadores. (JG)

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CD - À Deriva (foto 2)

À Deriva Discos. Instrumental. Preço médio: R$ 21,90. www.myspace.com/aderiva

A conversa não hierárquica entre os instrumentos é a base da música – e do improviso – do grupo À Deriva, que lança seu segundo disco. Não há limites para as composições, que vencem barreiras estéticas com ousadia sem se tornarem experimentais demais tampouco incompreensíveis.

Todas as dez músicas são de autoria do grupo, formado por Beto Sporleder (saxofone tenor e soprano e flauta transversal), Daniel Muller (piano), Rui Barossi (baixo acústico) e Guilherme Marques (bateria). Marques é curitibano e participou da Oficina de Música nos anos de 1996 e 1997.

A alquimia proposta pelo quarteto exclama diferentes variações de jazz, com destaque para as vertentes europeias, além da música brasileira – notadamente na bateria sincopada – e a latina, com variações suingadas propiciadas pelo sax. Mas os padrões e identidades musicais estão alheios ao som de À Deriva, barco que navega ora por mares calmos (a introdução de "Ven­­daval" é um cool jazz de pri­­mei­­ra linha) ora por ondas imponentes ("Bolero Para Ma­­riana") é um tufão instrumental apoiado em um piano difuso.

Formado em 2002, o grupo chegou à formação atual em 2004. Se hoje se apresenta com regularidade no cenário jazzístico paulistano, este disco é o passo necessário para alcances mais ousados. (CC)

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Livro - Mapoteca (foto 3)

Felipe Nepomuceno. Cosac Naify/7Letras, 226 págs., R$ 35. Poesia.

Se há um poeta, poeta mesmo, em atividade no Brasil, o sujeito tem nome e sobrenome. Chama-se Felipe Nepomuceno. Tem (apenas) 34 anos. Ele é poeta porque escreve poesia (e essa afirmação não é uma obviedade). Nepomuceno conhece os segredos da palavra escrita.

Mais que saber escrever, tem algo para comunicar. Tem, sente necessidade de expressar algo. E faz isso, expressa esse algo, com a urgência de quem não pode ficar quieto, de quem não pode se dar ao luxo de se omitir. Felipe Nepomuceno é, então, um artista.

Mapoteca reúne, em mais de 200 páginas, os três primeiros livros que o autor escreveu e publicou (O Marciano, Cala­­ma­­res e Aquário), e também outros três livros inéditos.

O poeta paulistano fala e escreve sobre os grandes te­­mas, o impasse de viver, a necessidade de voar mesmo que o salto seja no escuro, o temor diante da morte e as perdas que a experiência hu­­mana coloca na trajetória de todo o ser.

Há relatos de viagem em formato poético e, por falar nisso, Nepomuceno é fotógrafo, cineasta premiado (autor de inúmeros curtas-metragens) e faz um diálogo entre as várias expressões artísticas.

Mapoteca ainda traz desenhos feitos pelo autor e é, desde já, um eventual "livro do ano", na categoria poesia. (MRS)

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Livro - Jimmy Corrigan, o Menino Mais Esperto do Mundo (foto 4)

Chis Ware. Quadrinhos na Cia., 388 págs., R$ 49. Quadrinhos.

O traço de Chris Ware é simples apenas na aparência. Com poucas linhas, ele consegue criar um grau de detalhismo impressionante em imagens que remetem às peças publicitárias das primeiras décadas do século passado.

Publicado nos Estados Uni­­dos no ano 2000, Jimmy Corri­­gan, o Menino Mais Esperto do Mundo fez de Ware um dos nomes mais importantes dos quadrinhos no mundo. A história de um homem de meia-idade às voltas com as exigências da mãe superprotetora é tocante e a narrativa visual tem momentos incríveis – como a sequência em que neva na cidade e o personagem parece perdido numa esquina, hesitando diante do trânsito, com mais coisas na cabeça e no coração do que pode suportar.

A edição da Quadrinhos na Cia., divisão da Companhia das Letras dedicada ao gênero, é caprichada e a tradução foi feita por Daniel Galera, autor de Cordilheira e um dos escritores mais conhecidos de sua geração.

Depois de ter sua obra reconhecida, Chris Ware entrou para o panteão das HQs americanas, ao lado de Art Spiegelman, Robert Crumb, Daniel Clowes e ou­­tros. E trabalhou numa edição especial da revista Mc­­Sweeney’s Quarterly Concern, coe­­ditada por Dave Eggers, reu­­nindo alguns dos principais quadrinistas em atividade. (IBN)

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Livro - Três Tristes Tigres (foto 5)

Guillermo Cabrera Infante, Editora José Olympio, 518 págs., R$ 69. Romance.

Um clássico da literatura não apenas latino-americana, mas mundial, acaba de ganhar nova edição, com o selo da José Olym­­pio. Trata-se de Três Tristes Ti­­gres, de Guillermo Cabrera In­­fante.

O romance é genial e o adjetivo é esse mesmo, porque consegue apresentar um formato original, e ainda tem conteúdo. Aparentemente, Infante faz uma espécie de celebração à noite cubana. A narrativa coloca em cena uma galeria de personagens interessantes, em que amor, sexo, mentira, traição e outros elementos demasidamente humanos dão à medida da complexidade de todos eles.

No entanto, o que chama a atenção é a experimentação de linguagem. Há neologismos, reprodução escrita de expressões da cultura oral, mistura de idiomas e, acima de tudo, uma fluência embriagante, com influências do cinema e da mú­­sica latina.

Infante deixou Cuba nos anos 60, uma vez que não tolerava o modus operandi de Fidel Castro. Passou pela Bélgica e se estabeleceu em Londres. Três Tristes Tigres foi escrito na capital inglesa durante o ano de 1968.

Há quem diga, e muitos críticos repetem, que esta longa narrativa representa uma reação de Infante à opressão que o regime de Castro impôs ao alegre e festivo povo cubano.

Outros deixam a política de lado e apontam para o diálogo que Infante estabelece com Lewis Carroll, James Joyce, Sterne e Petrônio. Infante morreu em 2005. (MRS)

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DVD - Arrasta-me para o Inferno (foto 6)

(Drag Me to Hell. EUA, 2009). Direção de Sam Raimi. Terror. 99 min. Classificação indicativa: 16 anos.

As plateias que viram nos cinemas Arrasta-me para o Inferno, de Sam Raimi, davam gargalhadas que, por vezes, pareciam ser menos diversão e mais uma forma de descarregar a tensão. Humor e medo são os ingredientes básicos deste filme em que o diretor da franquia Homem-Aranha retorna ao gênero "terrir" e às produções de baixo orçamento. Há pouca grana, mas muita engenhosidade neste filme pequeno, mas bem-sucedido, em que o roteiro, e não os efeitos especiais, volta a ser preponderante para o diretor de outra franquia apavorante: Uma Noite Alucinante.

A sinopse, inspirada em um conto moral, não é tão criativa quanto o que Raimi faz com ela. A gerente de crédito bancário Christine Brown (Alison Lohman, em perfeita sintonia com o papel pensado inicialmente para Ellen Page) sonha com uma promoção. Um dia, a sinistra Sra. Ganush (Lorna Raver) vai ao banco implorar à moça uma extensão do financiamento de sua casa própria, e Christine nega, para impressionar seu chefe. A ambição desmedida é retribuída com uma maldição contra a qual a infeliz garota lutará até o fim do filme. O diretor não economiza gosmas, vômitos e outras nojeiras para puni-la, mas também constrói um suspense em que antecipa o que o público está pensando para surpreendê-lo a cada momento rumo a um desfecho radical e apavorante. (AV)

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