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CD 1Bruce Henri & Villa’s Voz

Bruce Henri Delira Música. Preço médio: R$24,90. Jazz.

Heitor Villa-Lobos continua por aí. Mesmo 50 anos após sua morte, o compositor brasileiro ainda é motivo de releituras, estudos e homenagens. Agora é a vez de Bruce Henri, contrabaixista norte-americano radicado no Brasil há mais de 40 anos.

Sob um prisma contemporâneo, o músico rompe a ordem cro­­nológica e recria composições diversas de Villa-Lobos em nuances de jazz – no disco há piano, bateria, violino, trompete e flauta – e de música popular brasileira em Bruce Henri & Villa’s Voz.

Em um mesmo roteiro, estão Prelúdio N.º 3, que abre o disco, suítes como "Legen­dária" e "Fugato All’Antica", Melodia Sentimental e a belíssima Veleiros, que fecha o trabalho com criatividade e respeito pela obra do maestro.

Outros fatores aproximam o músico e seu homenageado e dão coerência ao trabalho. As composições de Villa-Lobos são conhecidas por mesclarem música erudita a sons naturais. No encarte do disco, Henri revela: "normalmente quando preciso encontrar inspiração ou so­­lução, vou pe­­los ca­­minhos da natureza, se­­ja na praia ou à beira do meu sítio lá no mato". (CC)

Livro 1

Fuja do Garabuja

Shel Silverstein. Cosac Naify, 64 págs, R$ 45. Infanto-juvenil.

A galeria de criaturas bizarras de Shel Silverstein, da qual faz parte o temível Garabuja, é hilária. A tradução do escritor Alípio Correia de Franca Neto – o mesmo que verteu ao português O Livro Inclinado – embarca na viagem absurda do autor, que passa pelo Sarapílio, o Hílio e o Cazílio. As ilustrações são inusitadas e exploram os monstros de toda forma possível, às vezes mostram só o rabo, ou não mostram nada (e as conclusões são tiradas pelo leitor). Um exemplo do humor de Silverstein (1930-1999) está na história do Jivrolé: "Rastejando, o Jivrolé foi saindo do mar. Ele pega a todos, mas a mim não vai pegar. Não, você não vai me pegar, não, seu Jivrolé; Pode até pegar os outros, mas a mim não pe...". A criatividade do autor é enorme e, quando se acha que ele está forçando a mão, ele tasca um "Vá brincar com o Gapogucho! Não há nada a temer, guri. Eu te espero aqui". Pelo menos 60 criaturas são citadas no livro, todas com nomes bizarros na linha Glo­­murdo, Zongo e Rilmes. Interes­­sante notar que os textos não são nem um pouco comportados. O narrador desse compêndio de horrores só pensa em salvar a própria pele e em vender uma imagem de que todo monstro, na medida do possível, também tem sentimentos. (IBN)

Livro 2

A Minha Alma É Irmã de Deus

Raimundo Carrero. Record. 174 páginas. R$ 34,90. Romance.

O escritor pernambucano Raimundo Carrero, agora editado pela Record, possivelmente passa a ter mais chances de vir a ser lido por um público amplo, uma vez que durante décadas ele teve os seus muitos livros publicados por pequenas casas editorais que, no caso brasileiro, apresentam dificuldades de distribuição.

A literatura de Carrero é sofisticada. Ele, que dirige um curso de criação literária no Recife há mais de duas décadas, conhece os segredos da criação, é leitor de muitos autores, tem repertório amplo e, a partir disso, elabora uma ficção repleta de referências.

Em A Minha Alma É Irmã de Deus, a protagonista é Camila, que ao mesmo tempo em que passa a se relacionar com um pastor-músico, parece ter sido sequestrada e, ainda, pode estar tendo que se prostituir para conseguir pagar as contas.

Na ficção de Carrero, nada é apenas o que aparenta ser. As narrativas, como essa, contêm mais de uma camada.

A literatura de Carrero é difícil, mas, por isso mesmo, vale a experiência, e o desafio, da leitura. (MRS)

Livro 3

A Palavra Pintada

Tom Wolfe. Rocco. 176 páginas. R$ 25. Artes.

Um dos fundadores e mais importantes nomes do New Journalism, o escritor Tom Wolfe fez, em A Palavra Pintada (1975), um verdadeiro tratado sobre o mundo da arte contemporânea na cidade de Nova York. Ele parte da constatação de que, sem a validação do discurso dos críticos e curadores, movimentos como o Cu­­bismo, o Abstracionismo Plano, a Pop Art e a Op Art não teriam jamais decolado. Defende a ideia de que esse universo de "entendidos em arte" seria o que ele denomina de Cultureburg, uma aldeia que, na década de 70, não ultrapassava 10 mil pessoas, capazes de decidir o que valia ou não a pena ser visto, discutido, comprado e fruído nos melhores e mais importantes museus e galerias ao redor do planeta. Sempre polêmico, Wolfe, autor de clássicos do jornalismo (Radical Chic) e da ficção (A Fogueira das Vaidades), pode não ser o dono de uma verdade inquestionável neste que é um de seus livros mais famosos. Mas é preciso admitir que, além de oferecer um texto irresistível, sua argumentação é construída de forma tão sólida que permanece de pé quase 25 anos depois de seu lançamento. Para quem gosta de arte e quer compreender melhor seus bastidores. (PC)

DVD

O Paraíso É Logo Ali

EUA, 2008. Direção de Mark Pellington. Swen Filmes. Classificação indicativa: 12 anos. Comédia.

Henry Poole (Luke Wilson, de Os Excêntricos Tenenbaums) é um homem que abandona sua vida e decide passar o resto de seus dias em uma casa no subúrbio bebendo litros de vodca. Mas seus planos vão por água abaixo quando sua vizinha Esperanza (Adriana Barraza, de Babel), católica das mais fervorosas, vê a imagem de um rosto de Cristo na parede recém-pintada de sua casa. Ela logo espalha a notícia e as pessoas começam a peregrinar ali à espera de milagres. O desesperançado Henry consegue se manter teimosamente cético até o momento em que conhece Dawn (Radha Mitchell), sua vizinha divorciada, mãe da frágil Millie (Morgan Lily), que o fará desejar se manter vivo. O filme, no entanto, não busca a redenção do protagonista pela conversão religiosa. O "milagre" em sua casa é apenas um motivo para que os vizinhos se aproximem e forcem Henry a romper sua bolha. Destaque para a narrativa lenta, que segue o ritmo da vida nos subúrbios, a fotografia de poucos elementos como um frequente céu azul, casas e quintais, e uma ótima trilha sonora. (AV)

CD 2

Where the Wild Things Are

Original Motion Picture Soundtrack – Original Songs by Karen O and the Kids. Interscope Records, importado, US$ 11,49 na www.amazon.com.

Spike Jonze, o cineasta de Quero Ser John Malkovich, decidiu levar às telas o livro infantil de Maurice Sendak, Where the Wild Things Are, de 1963. Jonze criou o roteiro do filme com o escritor Dave Eggers, de O Que É o Quê. Eggers, por sua vez, vai publicar um romance, The Wild Things, a partir do trabalho de Sendak. A trilha sonora do longa-metragem que estreia nos EUA na próxima sexta – e em 2010 no mercado brasileiro –, Jonze encomendou com a amiga Karen O, vocalista da banda Yeah Yeah Yeahs. Ela se reuniu a um bando de piás e produziu um disco que consegue ir da anarquia animada de uma festa infantil à melancolia de um fim de domingo. "Worried Shoes" e "Hideway" se encaixam no segundo tipo de humor e são lindas, enquanto "All Is Love" e "Rumpus" são capazes de em­­balar qualquer fuzarca. De­­pois que mú­­sicas se associarem às imagens do filme, o disco deve ficar ainda melhor. Como referência, a história de Sendak fala de um menino endiabrado que fica de castigo no quarto e, lá, imagina uma viagem de barco até a ilha onde moram criaturas selvagens. A tradução do título original, por enquanto, é Onde Vivem os Monstros. (IBN)

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