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DVD 1 (foto 1)

AdoraçãoCanadá, 2008. Direção de Atom Egoyan. Sony Pictures Classics. Classificação indicativa: não informada. Apenas para locação. DramaAdoração pode não ser o melhor filme do cineasta canadense Atom Egoyan, diretor do excelente O Doce Amanhã, longa-metragem que lhe rendeu indicações ao Oscar de direção e roteiro adaptado. Mas, certamente, deve ser um de seus projetos mais pessoais. Inédito nos cinemas brasileiros, a produção acaba de ser lançada em DVD e merece ser vista. A trama acompanha o adolescente Simon (Devon Bostick), filho de uma canadense com um armênio (como Egoyan), que morrem em um acidente e deixam o garoto aos cuidados de um tio problemático (Scott Speedman, da série Felicity). Para superar a perda, Si­­mon reinventa sua vida (e a de seus pais) em um site de relacionamentos, mistuando fatos e ficção. Sua história acaba desencadeando uma reação em cadeia, com manifestações enfurecidas que podem complicar muito a vida do rapaz. A partir dessa brincadeiras, são reveladas as verdadeiras (e dolorosas) relações familiares das quais o personagem se origina. Esse pressuposto dramático serve a Egoyan como território fértil para discussões pertinentes sobre preconceitos étnicos, terrorismo, incomunicabilidade e globalização no mundo contemporâneo. (PC)Livro 1 (foto 2)De Pernas Pro Ar: A Escola do Mundo pelo Avesso

Eduardo Galeano. L&PM Pocket. 372 págs. R$ 21. Ensaios.

Essa obra, finalizada em 1998, é atual e pertinente porque traz o pen­­samento crítico de Eduardo Galeano a respeito da realidade do mundo, com enfoque na situação da América Latina.

Uns amam, outros odeiam esse jornalista e escritor uruguaio que ficou marcado pela combativa obra As Veias Abertas da América Latina, espécie de cartilha para muitas gerações do século 20.

Os críticos de Galeano alegam que ele apresenta uma visão muito limitada, ao criticar os Estados Unidos e o norte do mundo. Mas as ponderações do autor ajudam a refletir sobre a trajetória dos países sul-americanos.

De Pernar Pro Ar, com texto muito fluente (a tradução é do escritor gaúcho Sergio Faraco), reúne vários ensaios, que são críticos e apresentam senso de humor e ironia já em seus títulos: "Lições Contra os Vícios Inúteis", "Curso Intensivo de Incomunicação" e "Traição e Promessa do Fim do Milênio".

Ao final, Galeano faz uma apologia ao delírio, que seria pensar e imaginar um mundo menos ordinário, com mais oportunidades, educação e saúde para os seres humanos. (MRS)

Livro 2 (foto 3)

A Solução Final

Michael Chabon, Companhia das Letras, 112 págs., R$ 32,50. Romance.

Aficionado por literaturas consideradas "menores", como as histórias policiais e de fantasmas, Michael Cha­­bon faz neste livro uma ho­­me­­nagem ao maior detetive ficcional de que se tem notícia, criado por Arthur Conan Doyle. Uma peculiaridade de A Solução Final é que o nome de Sherlock Holmes não é mencionado em mo­­mento algum e, no mundo imaginado por Chabon, ele chegou aos 89 anos interessado apenas em criar abelhas, morando em uma cidadezinha no sul da Inglaterra. A rotina do "velho" (como o autor se refere ao protagonista) muda com a chegada de um garoto mudo, chamado Linus, que tem um papagaio que teima em falar alemão. Judeu refugiado, o menino é adotado por uma família local, os Pani­­cker, e, um dia, um hóspede da casa em que vive é assassinado. A polícia suspeita que Reggie Panicker, o filho de sangue do casal seja o culpado. Mas o velho apicultor não se contenta com esse desfecho e vai pesquisar o ocorrido por conta própria. Chabon venceu o Prêmio Pulitzer por As Incríveis Aventuras de Ka­­valier e Clay (2001). Seu trabalho mais recente, Manhood for Ama­­teurs, ainda inédito no Brasil, é um livro de ensaios sobre ser ho­­mem nos dias de hoje a partir de experiências como filho, pai e marido. (IBN)

Revista (foto 4)

Serrote 3

Matinas Suzuki Jr., Rodrigo Lacerda e Samuel Titan Jr. (ed.). Instituto Moreira Salles, 224 págs., R$ 29,90.

Com a qualidade habitual, a revista Serrote chega à sua terceira edição com dois textos ótimos sobre o dançarino e ator Fred Astaire (1899-1987), de Picolino, mais uma sequência de fotos em que ele parece flutuar como um pássaro. Os dois autores, Lorenzo Mammì e Joseph Epstein (este acaba de lançar uma biografia do astro nos Estados Unidos), destacam os defeitos de Astaire – ele era baixo, orelhudo, com braços longos demais e mãos grandes demais, testa larga, ombros estreitos e magrela – para, em seguida, explicar como ele superou cada um dos percalços com disciplina e dedicação ao trabalho que beirava a loucura. A edição destaca um texto de Roland Barthes sobre as touradas, "talvez o modelo e o limite de todos os esportes". Numa entrevista dada a Antonio Trilla, o escritor argentino Julio Cortázar fala sobre duas de suas paixões: o boxe e o jazz. "Tento escrever meus contos um pouco como o músico de jazz enfrenta um take", disse. Na parte visual, a revista publica um caderno de imagens de James Ensor, tido como o mais pessimista dos artistas modernos (seus desenhos deixam isso bastante evidente). Outro caderno, também em papel cuchê – enquanto a edição é impressa em papel pólen –, traz fotografias de Walker Evans, o fotojornalista que melhor retratou a América durante os anos da Depressão. Um ensaio de Samuel Titan Jr. acompanha as imagens. (IBN)

DVD 2 (foto 5)

Cartola e Dona Zica – MPB Especial 1973

Brasil, 1973. Biscoito Fino. Preço médio: R$39,90. Musical

Cartola nunca ganhou muito dinheiro com sua arte. Foi um daqueles artistas que se contentava em tocar, em apenas dizer ao mundo o que queria, da forma que fosse. E pronto. Prova disso é a simplicidade quase poética com que aparece na raridade Cartola e Dona Zica – MPB Especial 1973. O programa, produzido pela TV Cultura e relançado em DVD pela Biscoito Fino, é um retrato fiel do ex-lavador de carros que reinventou o samba nos morros cariocas.

São 15 músicas que retratam várias fases do sofisticado compositor, como "Tive Sim", samba inovador que compôs depois de sua participação no concerto de uma orquestra internacional; "Quem Me Vê Sorrindo", talvez a maior parceria com Carlos Cachaça; e "Nós Dois", música feita em homenagem a Dona Zica, eterna companheira. E melhor do que as músicas – se é que é possível – são as histórias e causos contados por Angenor de Oliveira e Dona Zica. Escondido atrás de grandes óculos escuros e longas tragadas de cigarro, Cartola, símbolo da delicadeza, é uma timidez só. Sua voz é menor ainda quando responde às perguntas dos jornalistas. Dona Zica vai no embalo e complementa, nem que seja olhando de soslaio para seu marido de vez em quando. Tudo em preto e branco.

O relançamento presta uma justa homenagem ao sambista que, embora em 1973 já tivesse feito sucesso com o restaurante Zicartola, frequentado pela fina flor da zona sul carioca, só teria seu primeiro disco-solo gravado um ano depois. (CC)

CD (foto 6)

Embryonic

The Flaming Lips. WEA/Reprise. Importado. Preço médio: US$ 10.

Esqueça a doçura das canções de Yoshimi Battles the Pink Robots (2002) e a alegria contagiante das faixas de At War with the Mystics (2006). O novo álbum da banda norte-americana The Flaming Lips, o recém-lançado Embryonic (ainda inédito no Brasil) é um pouco mais difícil de digerir que seus antecessores.

Em seu novo trabalho, a formação liderada pelo doidão Wayne Coyne deixa de lado as melodias pop de assimilação imediata em favor de uma sonoridade densa, complexa e repleta de esquisitices sonoras e temáticas – algo como uma mistura de ficção científica e astrologia, a julgar pelos títulos de canções como "Sagittarius Silver Announcement", "Virgo Self-Esteem Broadcast" e "Gemini Syringes" (esta com falas do matemático alemão Dr. Thorsten Wor­­mann).

Vocais cheios de efeitos, baixos distorcidos, teclados dissonantes e ritmos entrecortados dão o tom das 18 canções (coladas umas nas outras), inclusive das mais acessíveis "Watching the Planets", "Worm Mountain" (com participação do duo MGMT) e "Silver Trembling Hands". Nuances sônicas incessantes, que exigem o dedo no "repeat", mas compensam. (JG)

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