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No mercado, Nacib (Humberto Martins) vê Gabriela pela primeira vez | Estevam Avellar/TV Globo
No mercado, Nacib (Humberto Martins) vê Gabriela pela primeira vez| Foto: Estevam Avellar/TV Globo
  • Juliana Paes (Gabriela): cabelos desgrenhados, sotaque baiano e maquiagem de suja

É pouco mais de 11 horas de uma sexta-feira de abril em Canavieiras, cidade baiana a 110 quilômetros de Ilhéus. Apesar do outono, faz calor. E muito. Sentada em uma espécie de tapete de palha, descalça, com os cabelos desgrenhados e o corpo coberto por um pó maquilante que dá à sua pele a aparência de suja, Juliana Paes aproveita um dos intervalos da gravação de Gabriela para comentar: "Rapaz, o sol daqui é diferente. Parece que queima mais!", diz, com o sotaque baiano de sua personagem. Protagonista da trama, prevista para estrear em junho, na faixa das 23 horas, a atriz precisa se concentrar para uma das cenas mais importantes da novela, aquela em que a retirante encontra pela primeira vez Seu Nacib, vivido por Humberto Martins, no mercado de escravos.

A pequena cidade, com 40 mil habitantes, no sul da Bahia, foi escolhida pelo diretor-geral Mauro Mendonça Filho devido a sua semelhança com a Ilhéus dos anos 1920, retratada no romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, adaptado por Walcyr Carrasco. E foi ali que a equipe montou equipamento por três dias. Naquela manhã, Juliana estava desde cedo sentada com as pernas cruzadas e a cabeça baixa, tentando incorporar o estado emocional de sua personagem. Do outro lado da fita isolante, colocada em torno do set, moradores curiosos erguiam o pescoço para acompanhar cada gesto da atriz. Enquanto isso, sob as marcações do diretor, as equipes de produção, figurino e cenografia orientavam cerca de 150 figurantes – entre crianças, jovens e idosos –, todos recrutados na localidade.

A cena do encontro de Gabriela com o "moço bonito", como ela se refere a Nacib, é repetida cinco vezes pelo diretor, a fim de garantir planos diferentes. Até que Juliana se confunde com a letra da música entoada por sua personagem. E todos, então, gravam mais três, quatro vezes. Nessa hora, o calor só aumenta. No ar, o perfume do azeite de dendê se mistura ao cheiro de peixe fresco, porco defumado e acarajé frito na hora. Pelo mercado cenográfico, montado para a cena, animais como mulas e galinhas andam de um lado para o outro.

"Gabriela é conectada com a natureza, gosta de bicho, sol, vento. Quando estou no set, tento estabelecer essa troca", diz Juliana.

Para dar veracidade ao cenário – que também será usado via chroma-key no Projac –, os produtores começaram a pesquisa em outubro. Mas a montagem do mercado só pôde ser feita três dias antes da gravação, por uma equipe de seis pessoas que trabalhou 12 horas diárias.

"Como tem muita coisa perecível, não dá para fazer nada com muita antecedência. Não sei precisar a quantidade, mas são 1,5 mil metros quadrados de área preenchida. Posicionamos os alimentos típicos, como o dendê, o cajá e seriguela, próximos a Juliana para caracterizar o lugar", explica o cenógrafo Marcelo Carneiro.

Para Humberto Martins, o cenário baiano ajuda na sua interpretação. "É importante para entender como funciona a postura do personagem. É o suor, a sede, o incômodo, o lenço que ele passa toda hora no rosto...", enumera o ator, explicando que manter a concentração enquanto grava no meio de uma cidade, com tantos figurantes, é imprescindível: "Não dá para perder a paciência, pois as pessoas que estão em cena não são atores. E também ninguém quer causar animosidade no set. Durante a gravação, Mauro faz algumas observações, pedindo ao ator que se vire para Juliana de forma mais lenta, passando a ideia de que há muitas questões na cabeça de Nacib".

Naquele dia, o trabalho só terminou ao entardecer, com os atores exaustos. "Rapaz, o dia foi puxado", comenta Juliana. Mas para os fãs que não arredaram o pé do local, o visual da atriz pouco importa. Quando a cena termina, eles correm para abraçá-la e tirar fotos.

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