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No princípio era o Nobel. Depois vieram o National Book e o Pulitzer, seguidos pelo Booker.

Mais tarde descobriram que havia o Goncourt, o Cervantes e o Jabuti. Em um esforço de distinguir seus livros em meio ao número impressionante de lançamentos que infestam o mercado, as editoras procuram destacar as láureas que essa ou aquela obra receberam. Às vezes, como no recém-lançado Meus Dias de Escritor, de Tobias Wolff (Ediouro), falam que ele foi "finalista do National Book", uma maneira simpática de dizer que perdeu o prêmio para outro.

"Nenhum prêmio alavanca significativamente as vendas", diz Joaci Furtado, coordenador editorial da editora Globo, para quem os troféus servem de referência para o leitor. "Atrapalhar, não atrapalha; ajudar, ajuda no mínimo um pouco, talvez jamais seja o fator primordial de venda", explica Paulo Bentancur, editor da Bertrand Brasil.

Para o bem e para o mal, conheça os prêmios literários mais importantes do Brasil e do mundo.

Jabuti

É o mais tradicional do Brasil. Paga R$ 30 mil ao melhor livro do ano e R$ 1,5 mil para os vencedores em cada uma das 17 categorias. Em valores, perde para o Portugal Telecom, que oferece R$ 100 mil em prêmio único. Concebido em 1958 pelo então presidente da Câmara Brasileira do Livro Edgard Cavalheiro, foi instituído no ano seguinte por seu sucessor, Diaulas Riedel. O primeiro romance a vencer o Jabuti foi Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado (1959). O mais recente, Vozes do Deserto (2005), de Nélida Piñon. Entre os premiados, se destacam Lygia Fagundes Teles (As Meninas, 1974), Clarice Lispector (A Hora da Estrela, 1978), Rubem Fonseca (A Grande Arte, 1984), Chico Buarque (Estorvo, 1992) e Domingos Pellegrini (A Casa da Chácara Chão, 2001).

Booker

Com nome e sobrenome, o Man Booker International Prize é o mais célebre do Reino Unido e, conseqüentemente, um dos mais influentes do mundo. Criado em 1968 pela companhia Booker-McConnell, é chamado apenas de Booker. Em 2002, foi criada uma fundação que o administra desde então. Hoje, bancado pela companhia de investimentos Man Group, paga 50 mil libras (quase R$ 200 mil) ao vencedor (semelhante ao Nobel de Literatura, elege somente um por ano). Entre os premiados: Salman Rushdie (Midnight’s Children, 1981), J. M. Coetzee (A Vida e os Tempos de Michael K, 1983), Kazuo Ishiguro (Os Restos do Dia, 1989), Michael Ondaatje (O Paciente Inglês, 1992) e Allan Hollinghurst (A Linha da Beleza, 2004).

Pulitzer

O Pulitzer tem 21 categorias e premia textos de jornal impresso, livros e composições musicais. Ao morrer, o jornalista e editor húngaro-americano Joseph Pulitzer deixou uma quantia em dinheiro para a Columbia University, de Nova Iorque. Parte do valor serviu para a criação da faculdade de jornalismo em 1912. O restante deu origem ao prêmio, atribuído pela primeira vez em 1917. Hoje, cada vencedor recebe US$ 10 mil (cerca de R$ 22 mil). Entre os laureados, aparecem Philip Roth (Pastoral Americana, 1998), Michael Cunningham (As Horas, 1999) e Michael Chabon (As Incríveis Aventuras de Kavalier e Clay, 2001). Neste ano, o prêmio de ficção foi para March, de Geraldine Brooks (inédito no Brasil).National Book

Criado em 1950, é o mais respeitado dos EUA ao lado do Pulitzer. A curadoria é da fundação que leva o nome do prêmio. Paga US$ 10 mil para cada vencedor. Entre os nomes que receberam o National Book estão Saul Bellow (As Aventuras de Augie March, 1954, e Herzog, 1965), William Faulkner (Uma Fábula, 1955), Philip Roth (Goodbye, Columbus, 1960), John Updike (O Centauro, 1964), Thomas Pynchon (O Arco-Íris da Gravidade, 1974), Don DeLillo (Ruído Branco, 1985), Susan Sontag (Na América, 2000) e Jonathan Franzen (As Correções, 2001).

Nobel

Em importância, é o prêmio dos prêmios. Ao contrário da maioria, não escolhe um livro por ano, mas sim um autor pela importância de sua obra, levando em consideração os ideais que a motivaram. Outorgado sempre em outubro, é o braço literário de uma premiação que inclui Física, Química, Medicina, Paz e Economia. O cientista e inventor Alfred Nobel escreveu seu testamento em 1895, deixando boa parte de seus bens para a criação do prêmio. Hoje, é administrado pela Fundação Nobel em Estocolmo, Suécia. Paga US$ 1 milhão para cada vencedor (ou R$ 2,2 milhões), que pode ser de qualquer parte do mundo. Desde 1901 (ano em que venceu o francês Sully Prudhomme), escolheu algumas das figuras mais importantes da literatura mundial, entre elas: William Faulkner (1949), Ernest Hemingway (1954), Albert Camus (1957), Saul Bellow (1976), Isaac Bashevis Singer (1978) e José Saramago (1998). Por vezes, a academia sueca surpreende ao apontar nomes pouco conhecidos do público, como no ano passado, ao escolher o dramaturgo Harold Pinter.

Goncourt

O mais importante da língua francesa. Edmond de Goncourt deixou toda a sua herança para a fundação do prêmio e da academia que levam o seu nome. A primeira edição foi em 1903, quando John Antoine Nau foi escolhido pelo livro Força Inimiga. Entre ele e François Weyergans (vencedor do ano passado por Três Dias na Casa de Minha Mãe), existem mais de cem nomes, inclusive os de Marcel Proust (À Sombra das Raparigas em Flor, o volume dois do Em Busca do Tempo Perdido, em 1919, uma das escolhas mais controversas), André Malraux (A Condição Humana, 1933), Simone de Beauvoir (Os Mandarins, 1954) e Marguerite Duras (O Amante, 1984).

Cervantes

Assim como o Nobel, premia o conjunto de uma obra, mas se dedica apenas a escritores de língua espanhola. Foi batizado em homenagem a Miguel de Cervantes Saavedra, autor de O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de La Mancha. Candidatos são propostos pelas academias de países onde se fala o espanhol e o prêmio é dado pelo Ministério da Cultura da Espanha. Desde o espanhol Jorge Guillén (1976), o Cervantes reconheceu Jorge Luis Borges (Argentina, 1979, dividido com Gerardo Diego, da Espanha), Octavio Paz (México, 1981), Ernesto Sábato (Argentina, 1984), Mario Vargas Llosa (Peru, 1994) e Guillermo Cabrera Infante (Cuba, 1997), entre outros.

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