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Interatividade

Assistiu ao clipe? O que acha da proposta da canção e das citações feitas pela letra e pelas imagens?

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Muitos adolescentes da periferia andam em grupos de bairro, torcidas organizadas e outras associações, por vezes violentas, em busca de aceitação social. O grupo, nesse caso, garante identidade, tornando visíveis rapazes e moças que não haviam encontrado seu lugar no mundo.

A cena de Curitiba é gordinha e bem-nutrida, mas faz basicamente a mesma coisa. O clipe manifesto de "Não Estamos para Brincadeira" só escancara o que essa geração realmente é: autorreferencial, culturalmente domesticada, dona de um discurso bom-moço que não incomoda ninguém, nem sua vó, nem sua sobrinha de 14 anos.

Toda "cena", em todo lugar é, na verdade, um grande compadrio entre caras de banda, jornalistas culturais, donos de bares e meia dúzia de outros personagens mais ou menos ligados à produção cultural. O milagre acontece quando algum nome consegue emergir desse caldeirão de mediocridade pelo talento e se conectar com o mundo real, aquele distante do cenário hipster.

O que tem ocorrido em Curitiba é o oposto disso. Se criar exige certa dose de destruição – renegar os ídolos mortos, rebelar-se contra a média e o oficialesco – a cena atual quer é uma grande corrente pra frente em que cabe o Paulo Leminski (justo ele?), a Fundação Cultural de Curitiba e dono de bar no baixo São Francisco. Tudo embalado por aquele pop sem sal para se fazer de sensível na noite. A cena de Curitiba já tem um "manifesto", mas não tem uma, sequer uma grande canção, uma grande letra, uma grande melodia capaz de lhe tirar de sua zona de conforto. O importante aqui é que os gênios carentes se sintam todos incluídos, abraçados, amados e quentinhos. O importante em Curitiba é não se desgarrar da manada.

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