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No filme, Duke Ellington executa seu Blues for Joan Miró | Divulgação
No filme, Duke Ellington executa seu Blues for Joan Miró| Foto: Divulgação
  • Lester Young (1909-1959) foi um dos mais refinados sax tenoristas da história
  • Imagens em movimento de Charlie Parker são muito raras no Brasil

São Paulo - Em 1950, o produtor Norman Granz se juntou ao fotógrafo Gjon Mili para fazer um filme sobre a improvisação no jazz. Como protagonistas, foram escolhidas figuras do quilate de Charlie Parker, Coleman Hawkins e Lester Young. O filme, nunca terminado, acabou engavetado. Décadas depois, esse material histórico ressurgiu, teve acrescentadas imagens de outras épocas e deu origem ao filme Improvisation – que acaba de ser lançado por aqui.

A sessão de 1950, feita no estúdio fotográfico de Mili, começa com um encontro raro, entre o já então veterano saxofonista Coleman Hawkins (1904-1969) e o mestre do bebop Charlie "Bird" Parker (1920-1955). O filme inicia-se com Hawkins solando, enquanto Parker, sentado em uma cadeira a seu lado, fuma um cigarro e aguarda sua vez de entrar na música.

A dupla de saxofonistas é substituída por Lester Young (1909-1959), dos mais refinados tenoristas da história. Seu sopro denso e encorpado é acompanhado pela mesma formação rítmica que havia dado suporte aos solos de "Bird": Hank Jones (piano), Ray Brown (baixo) e Buddy Rich (bateria).

A ideia original do filme inacabado de 1950 era a de ser uma continuação do bem-sucedido Jammin’ the Blues, curta-metragem também de Mili/ Granz, indicado ao Oscar em 1944. Esse outro raro vídeo está presente como "bônus" no DVD lançado agora.

Lester Young também estrela Jammin’ the Blues, sendo um dos elos entre as duas produções. Granz acabou por selecionar músicos em ação em outros contextos para completar sua versão final de Improvisation, sempre tendo como foco a improvisação – traço fundamental da estética jazzística.

O resultado é irregular e até forçado. Mas permite que o espectador compare diferentes músicos em atividade em lugares e tempos distintos. As apresentações que aparecem no DVD acabam por englobar um extenso período, que vai de 1950 a 1979.

Pena que, esteticamente, não haja um leque muito vasto da arte jazzística. Avesso aos arroubos dissonantes do free jazz, Granz optou por concentrar-se em medalhões da velha guarda para compor seu painel de exemplificação do improviso jazzístico, destacando músicos como Count Basie e Ella Fitzgerald em festivais pelo mundo.

Miró em cena

Além da sessão original de 1950, há um momento realmente grandioso no filme, protagonizado pelo pianista Duke Ellington, em 1966. Ellington é muito mais conhecido por seus trabalhos com orquestra. Mas aqui ele surge acompanhado apenas por baixo e bateria.

No pátio externo da Fondation Maeght, na França, Ellington executa seu "Blues for Joan Miró". Próximo ao pianista, encostado em uma de suas esculturas, está o próprio Miró, que era o artista residente da instituição naquele momento. Enquanto Ellington dedilha e ataca seu piano, a câmera passeia por esculturas e pinturas do artista espanhol, em um momento notável de integração das artes.

O DVD, que é duplo, vem repleto de extras, com destaque para entrevistas sobre Charlie Parker e a sessão de 1950. Se apresentações de Ella, Basie e Ellington não são difíceis de se encontrar, mesmo em DVDs nacionais, as imagens de Parker e Young em ação podem ser consideradas raridades – e valem, sozinhas, o filme.

Serviço

Improvisation. ST2/ Eagle Vision. Classificação indicativa: livre. Preço médio: R$ 66.

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