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Capa da revista Entertainment Weekly | Reprodução
Capa da revista Entertainment Weekly| Foto: Reprodução
  • Heath Ledger ao lado da ex-mulher Michelle Williams chegam a exibição do filme
  • Heath Ledger na 78º edição do Oscar, em 2006, quando foi indicado ao prêmio de Melhor Ator
  • O ator Heath Ledger

A revista "Entertainment Weekly" publicou, em sua mais recente edição, um grande perfil de Heath Ledger, que completa um ano de morte no próximo dia 22, coincidentemente a data em que a Academia pode dar a ele uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante pelo Coringa de "Batman - O Cavaleiro das Trevas". A publicação entrevistou vários amigos e colegas de trabalho do astro, como o ator Mel Gibson e o diretor Terry Gilliam, que deram relatos afetuosos sobre uma vida e uma carreira interrempidas precocemente por uma overdose acidental de medicamentos.

- Nos encontrávamos de vez em quando para conversar. Ele me pediu conselhos algumas vezes, mas eu dizia apenas "Ei, siga seus instintos, cara. Você está indo bem. Não me escute, sou muito conhecido por estar errado sobre um monte de coisas". Mas ele era dono de si. Ele ia fazer o que ele queria fazer. Estava procurando uma maneira de se realizar na arte dele e em quem ele era. Ele não colocava a carroça na frente dos bois - contou Gibson, que interpretou o pai de Heath em "O Patriota".

Para o ator Wes Bentley, que atuou com o astro de "Batman" em "Honra e Coragem" (de 2002) e era um de seus amigos mais íntimos, ainda é difícil acreditar que Heath morreu:

- Não tinha falado sobre isso até agora. Estou muito nervoso. Queria ter descoberto a tempo o que estava acontecendo com os remédios. Eu poderia ter dito, "Isso não vai ajudar. Não misture tudo isso". Acho que ele apenas não sabia o que estava fazendo. Eu sinto que ele teria me escutado. Eu não fui ao enterro porque sei que Heath estaria rindo daquilo tudo. Ele estaria com um sorriso no rosto. No mínimo, ele daria de ombros.

O agente de Heath, Steve Alexander, que trabalhava com o ator havia quase dez anos, diz que o astro estava cheio de idéias para sua carreira. Segundo ele, a morte de Ledger não teve nada a ver com ter vivido Coringa, como vários boatos afirmaram:

- Estávamos fazendo planos incríveis para o que vinha pela frente. No dia seguinte à morte dele, ele iria encontrar Steven Spielberg o para debater a idéia de viver Tom Hayden em um filme sobre o grupo "Chicago Seven". Não era um cara que fosse nem pensar sobre desistir de nenhuma maneira. Há um momento em "Batman - O Cavaleiro das Trevas", em que Heath está pendurado de cabeça para baixo e diz ao Batman, "Você e eu somos destinados a fazer isso para sempre". É um momento muito triste. Uma sequência iria acontecer com certeza. Eu me encolho quando leio que ele era uma alma torturada ou que era um ator tão metódico que não conseguiu se livrar de um personagem sombrio. Nada disso é verdade - disse.

Os amigos contaram à revista que Ledger não gostava nem um pouco de estar sob os holofotes de Hollywood. A performance no filme "O Segredo de Brokeback Mountain", de Ang Lee, valeu a Heath uma indicação ao Oscar de melhor ator em 2006, que para ele - ao contrário do que se poderia imaginar - foi um momento muito difícil, como conta o diretor de fotografia Nicola Pecorini:

- Heath estava extremamente aliviado por não ter ganhado o Oscar. Encontrei com ele no dia seguinte e ele disse ter tirado um grande peso das costas. Perguntei "Você não se arrepende nem um pouco?", e ele falou, "Não. Acabou! Estou livre!". Se ele tivesse vencido, teria que lidar ainda mais com esse sistema que queria guiar a carreira e a vida dele.

Apesar de fugir de grandes produções hollywoodianas, Heath não pensou duas vezes antes de aceitar o papel do vilão Coringa em "Batman - O Cavaleiro das Trevas", por acreditar que faria um personagem completamente diferente dos existentes nesse tipo de filme. Segundo o produtor do longa, Charles Roven, o ator estava muito satisfeito com seu trabalho.

- Mostrei a Heath os primeiros seis minutos de "O cavaleiro das trevas", a sequência do assalto ao banco, em uma sala do Imax em Londres. Eu disse, "Você tem que ver isso. Você ainda não se viu como o Coringa!". Ele assistiu a tudo e ficou maravilhado. Ele estava eletrizado e ria bastante. Ele disse, "Eu quero ver isso de novo" e nós mostramos a ele novamente. Foi a última vez que o vi.

No meses que antecederam sua morte, Ledger começou a filmar "The Imaginarium of Doctor Parnassus", de Terry Gilliam. Na mesma época, o relacionamento do ator com Michelle Williams, com quem teve sua filha Matilda, estava no fim. Foi quando começou a ter problemas para dormir, o que acabou levando a sua morte.

- Eles tentaram muito ligá-lo às drogas, mas eles não conseguiram porque Heath estava limpo. Nós sabíamos das pílulas. Mas ele havia parado de fumar, a maconha não fazia mais parte da vida dele, ele não estava bebendo. Nada. Era um corpo que estava limpo por mais de um ano - afirmou Gilliam à revista.

Pecorini completou:

- Uma separação que envolve uma criança é sempre muito dolorosa. E Heath sempre foi muito duro consigo mesmo. Ele sempre perguntava o que tinha feito de errado e estava sofrendo de verdade. Tenho certeza de que todos os problemas que ele tinha para dormir não tinham nada a ver com trabalho e tudo a ver com Matilda e Michelle. Eu realmente acho que ele morreu por causa de um coração partido. Sei que parece romântico demais, mas é muito trágico. Acho que foi isso que o matou.

Sobre a possibilidade de Heath Ledger receber uma indicação póstuma ao Oscar, o ator Gary Oldman, de "Batman", brincou:

- Se Heath for indicado, eu o imagino lá em cima, olhando para baixo e pensando: "Droga!".

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