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Cena de “Adeus à Linguagem”, de Jean-Luc Godard, exibido nesta terça-feira em sessão prévia para a imprensa da 52.ª edição do Festival de Nova York. | Divulgação
Cena de “Adeus à Linguagem”, de Jean-Luc Godard, exibido nesta terça-feira em sessão prévia para a imprensa da 52.ª edição do Festival de Nova York.| Foto: Divulgação

"Adeus à Linguagem", de Jean-Luc Godard, foi o destaque desta terça-feira (16) no início das sessões prévias para a imprensa da 52.ª edição do Festival de Nova York. Após o sucesso em Cannes, onde Godard ganhou o prêmio de melhor diretor, dividido com "Mommy", do jovem canadense Xavier Dolan, o filme agradou muito à plateia do Lincoln Center.

Godard tem 83 anos, Dolan, 25. A diferença de idade não parece influir no talento de ambos. Dolan tem uma carreira promissora, Godard é um mestre em plena forma. Representante da Nouvelle Vague, o consagrado cineasta inventou uma nova maneira de fazer cinema em filmes ousados como "Acossado" (1960), entre muitos outros.

No material distribuído à imprensa, o veterano diretor explica assim o seu filme: "É uma trama simples. Uma mulher casada e um homem solteiro se encontram. Se amam, brigam... Um cachorro vaga entre a cidade e o campo. As estações passam. O homem e a mulher se encontram novamente. O cachorro encontra os dois", detalha o diretor, dando margem a muitas interpretações.

A história segue. O antigo marido aparece e um segundo filme começa, parecendo ser o mesmo, mas não é. Do foco no casal, a trama continua um caminho tortuoso, cheio de metáforas. O filme segue no mesmo estilo dos longas mais recentes de Godard, que abrangem imagens, citações e colagens de grandes escritores, bem como ideias sobre o amor, a vida e o estado do mundo. História quase não há. Apenas o cachorro, a natureza e o casal.

Mais uma vez, há três elementos, uma abordagem que vem sendo recorrente nos últimos trabalhos do diretor. "Elogio do Amor" (2001) contemplava passado, presente e futuro; "Nossa Música" (2003) é dividido em três capítulos – "Inferno", "Purgatório" e "Paraíso"; "Filme Socialismo" (2010) também tem três momentos: o cruzeiro marítimo; um processo; e as escalas do navio em seis lugares.

Conforme tem enfatizado em entrevistas, Godard vem compartilhando essa ideia de produzir roteiros triplos, muitos deles com sua mulher, a também cineasta Anne-Marie Miéville. "Um passado, um presente, um futuro; uma imagem, outra imagem e a seguinte. Para mim, a terceira é aquela que não se vê e deriva do que se viu e do que se verá", explica (ou confunde) o cineasta que mantém, no entanto, seu estilo único.

"Adeus à Linguagem" tem vários elementos que marcaram sua carreira: os movimentos de câmera, o som não sincronizado com a imagem, uma narração que deixa a impressão de não ser o elemento mais importante do filme.

Em um vídeo de divulgação – que contém diversos trechos de filmes seus, como "Rei Lear" (1987) e "Alemanha Nove Zero" (1991) – Godard deixa uma mensagem sobre "Adeus à Linguagem". "Este é o meu melhor trabalho", resume o diretor. O melhor talvez não seja, mas um dos melhores, certamente é.

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