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Uma cantora que deu a volta por cima e um rapper injustiçado são as principais atrações de hoje na festa do Grammy, a grande premiação anual da indústria do disco norte-americana. Mariah Carey e Kanye West, ambos indicados em oito categorias, prometem polarizar a entrega dos gramofones dourados, que chega a sua 48.ª edição em um momento de indefinição para o mercado fonográfico. O Brasil participa da disputa com três artistas: Gilberto Gil, a intérprete Luciana Souza e o pianista erudito Nelson Freire.

Os brasileiros concorrem em categorias secundárias. O ministro da Cultura busca seu segundo Grammy de melhor álbum de world music com Eletroacústico (cuja turnê passou por Curitiba no ano passado). Pouco conhecida no país, mas dona de uma sólida carreira internacional, Luciana persegue o troféu de melhor álbum de jazz vocal (por Duos 2). E Freire, que também se apresentou na capital paranaense em 2005, pode vencer o prêmio de melhor performance instrumental solo (pelo CD em que executa obras de Chopin).

Realizada no Staples Center, em Los Angeles, a cerimônia do Grammy terá transmissão ao vivo para o Brasil, a partir das 23 horas, via SBT e canal pago Sony Entertainment Television. Trata-se de um evento de cerca de três horas e meia de duração, marcado por shows, homenagens e a distribuição de nada menos do que 108 troféus – boa parte deles entregue horas antes dos prêmios principais.

Entre um discurso e outro, sobem ao palco nomes como Paul McCartney (pela primeira vez na festa), Bruce Springsteen, U2, Mary J. Blige, Coldplay, John Legend e uma dobradinha inusitada: Madonna e Gorillaz, grupo virtual formado por personagens de desenho animado. Criado e mantido pelo cartunista Jamie Hewlett e o músico Damon Albarn (da banda Blur), o conjunto "de mentirinha" vai dividir o espaço com a diva pop por meio de telões com imagens tridimensionais. Desde já, um dos momento mais aguardados da cerimônia.

Mariah Carey e Kanye West também estão escalados para se apresentar. A primeira, uma das intérpretes de maior vendagem nos anos 90, caiu em desgraça no início desta década e se recuperou com o álbum The Emancipation of Mimi (5 milhões de cópias comercializadas). Um caso raro de ressurreição artística e comercial, que certamente agradou aos membros da Academia de Artes e Ciências Fonográficas dos EUA e lhe renderá alguns gramofones dourados.

West, de apenas 27 anos, foi esnobado pelo Grammy no ano passado. Recebeu nove indicações pelo CD The College Dropout, mas ganhou apenas três. Desta vez, embalado pelo sucesso do disco Late Registration (860 mil cópias vendidas somente na semana do lançamento), o rapper alcançou uma marca invejável: é o único artista na história da premiação que concorre a 17 categorias no prazo de 12 meses. U2, Paul McCartney, John Legend, Gorillaz, Gwen Stefani são outros fortes candidatos a voltar para casa com prêmios.

Reflexão

O Grammy é sempre um convite para a reflexão sobre os rumos da indústria do disco, que ainda não sabe exatamente em qual segmento vai investir por conta do recuo anual nas vendas de CDs. Nos EUA, o maior mercado do mundo, 602, 2 milhões unidades foram comercializadas no ano passado, contra 650, 8 milhões em 2004 – uma queda de 7%.

A boa notícia dá conta do boom do comércio de música digital, que triplicou em relação à temporada anterior. Em 2005, foram vendidas – via internet e telefone celular – cerca de 420 milhões de canções no formato de MP3, que renderam 1,1 bilhão de dólares às gravadoras e já contabilizam 6% dos lucros do setor. E os números devem melhorar em 2006, pois espera-se um aumento considerável das vendas de aparelhos que tocam arquivos digitais.

Uma luz no fim do túnel, mas que ainda não resolve os maiores problemas das grandes empresas do ramo: a pirataria, a troca gratuita de música pela web e, principalmente, a carência de novos ídolos – ou, como alertam alguns especialistas, a falta de interesse do público por eles.

Serviço:

Transmissão ao vivo da cerimônia de entrega dos prêmios Grammy. Nesta quarta-feira (8) a partir da 23h, no canal pago Sony Entertaiment Television (sem legendas) e no SBT (com tradução simultânea e comentários de Adriane Galisteu e João Marcello Bôscoli).

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