• Carregando...
Steve Buscemi vive Nicky Johnson, cacique políticoe da contravenção em Atlantic City | Divulgação/HBO
Steve Buscemi vive Nicky Johnson, cacique políticoe da contravenção em Atlantic City| Foto: Divulgação/HBO

Nucky Johnson (nenhum parentesco com o autor do livro Boardwalk Empire) foi um cacique político e homem forte do Partido Republicano que, de 1911 a 1941, controlou todo o negócio do vício em Atlantic City. Viveu como um paxá, ocupando um andar inteiro do hotel Ritz-Carlton e acordando todos os dias às três horas da madrugada para fazer sua ronda num Rolls-Royce azul-claro.

O Nucky real era alto e tinha ombros largos, com uma cabeça enorme, abobadada. Na série, com um leve verniz de ficção e batizado de Nucky Thompson, é interpretado por Steve Buscemi (que viveu o personagem Tony Blundetto, em Os Sopranos), olhos sempre arregalados e aspecto ligeiramente cadavérico. "Se quiséssemos o Nucky da vida real, precisaríamos chamar Jimmy Gandolfini", diz Winter, "mas, lá pelo episódio 12, já se vê que ninguém mais poderia ter feito o papel senão Steve."

Se Buscemi não se parece exatamente com seu personagem, ele se veste, no entanto, como Nucky, com camisas de colarinho alto muito coloridas e ternos xadrez ousados e bem cortados. "Minha inspiração para Nucky foi o Príncipe de Gales", conta John A. Dunn, figurinista da série, referindo-se não ao atual, mas ao "dândi" que mais tarde se tornaria o rei Eduardo VIII. Dunn concedeu entrevista no depósito de um estúdio no Brooklyn que parece um sótão extremamente bem-organizado. Prateleiras de roupas estão dispostas ali por personagem: os ternos de Nucky ao lado dos guarda-roupas de Al Capone, Arnold Rothstein e Lucky Luciano. Estes, junto com várias outras figuras históricas, também são personagens de Boardwalk Empire. Há prateleiras com robes, vestidos de chiffon com contas, casacos de noite de pele de raposa e trajes de policiais, garçons e mensageiros. Uma só de espartilhos. Outra de chapéus masculinos antigos.

Nem um fio daquele material é poliéster. Sempre que possível, Dunn optou por figurinos vintage, alugados ou comprados no eBay ou em lojas de roupas antigas; ou então confeccionados à mão a partir de modelos da época. Ele vasculhou as coleções do Metropolitan Museum of Art e do Museu do Brooklyn e estudou catálogos de revistas e livros antigos de alfaiataria. "A grande surpresa para mim foram as cores", revela. "Por causa das fotografias, tendemos a pensar nas roupas dos anos 20 em preto e branco, mas na verdade o que havia era essa explosão de cores novas e ousadas, talvez em reação à Primeira Guerra Mundial. Chega a ser chocante ao nosso olhar contemporâneo."

A trilha sonora, animada e exuberante, também é autêntica e igualmente uma reação ao fim da guerra. As pessoas queriam se levantar e dançar, descreve Okrent, e a Lei Seca, ou uma cultura de maior extroversão, convenientemente (e pela primeira vez) misturava homens, mulheres e álcool numa atmosfera de ilicitude agradável. Algumas das músicas da série, arranjos feitos para o cinema mudo ou encontrados em velhas jukeboxes, ficaram esquecidas por quase um século. A trilha também faz uso de gravações em 78 rotações remasterizadas por gente como Al Jolson, que canta "Avalon" no episódio piloto. Eddie Cantor e Sophie Tucker são personagens reais na série e cantam sucessos da época como "Some of These Days" e a balada cômica "I Never Knew I Had a Wonderful Wife Until the Town Went Dry".

"Tanto Marty [Scorsese] quanto Terry [Winter] queriam que a trilha fosse precisa historicamente", explica Randall Poster, que coordena a parte musical da série. "Então, simplesmente mergulhamos nesse fascinante período de transição, em que o ragtime está apenas começando a se transformar em jazz. Era como uma caça ao tesouro musical. Grande parte da trilha nunca tinha sido registrada antes porque, depois do aparecimento do cinema falado, não havia mais razão para gravar essas músicas. E no entanto ali está a origem de muito do que veio depois."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]