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“A mulher tem muito aquela imagem da princezinha, a que não pode falar bobagem ou palavrão. A mulher (como humorista) é mais limitada. Eu me sinto um pouco limitada, mas não muito, quando a piada é grossa ou olham a gente com maus olhos falando palavrão.” | Divulgação
“A mulher tem muito aquela imagem da princezinha, a que não pode falar bobagem ou palavrão. A mulher (como humorista) é mais limitada. Eu me sinto um pouco limitada, mas não muito, quando a piada é grossa ou olham a gente com maus olhos falando palavrão.”| Foto: Divulgação

Cenas

Seis peças curtas compõem Advocacia Segundo os Irmãos Marx:

Sinopses

Na primeira, um marido traído procura o escritório da advogada Yasmin Robalo. Ela é ameaçada de despejo na segunda. A terceira mostra um cliente interessado em fazer um testamento, que acaba convencido a deixar sua fortuna para a advogada. Na quarta, Yasmin compra os juízes para defender um de seus assistentes. Na quinta, a cliente é uma órfã que não sabe para quem deixar seus milhões; e, na última, uma atriz é roubada por sua produtora.

Serviço

Teatro Positivo (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Direção de Fabiana Valor e Bernardo Jablonski. Com Heloísa Perissé, Roberto Guilherme e os Z.É. – Zenas Improvisadas. Dia 10 às 21 horas e dia 12 às 19horas. R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). 40% de desconto para assinantes da Gazeta do Povo na compra de até dois ingressos, não-cumulativo com outros descontos.

Entrevista com a atriz Heloísa Perissé

Distante da programação fixa da tevê desde o fim do humorístico Sob Nova Direção, no qual contracenava com a amiga Ingrid Guimarães, Heloísa Perissé faz aparições em quadros do Fantástico e viaja pelo país com a peça Advocacia Segundo os Irmãos Marx. Nesta sexta-feira, às 21 horas, e no domingo, às 19 horas, o espetáculo, inspirado na obra dos irmãos comediantes de Nova Iorque, será apresentado no Teatro Positivo.

Heloísa encarna Groucho Marx (1890-1977), o irmão sempre de óculos, bigode e charuto, em um papel já interpretado por ele, de uma advogada corrupta, rodeada de assistentes golpistas e preguiçosos. A seu lado, no palco, estão outras duas gerações de humoristas brasileiros: o ator Roberto Guilherme, mais conhecido como o Sargento Pincel, que não dava sossego aos Trapalhões, e os integrantes do Z.É. – Zenas Emprovisadas, a animar as passagens de um esquete para o outro, com improvisações sobre o Código Penal e Civil.

O texto de Bernardo Jablonski se concentra, principalmente, nos programas de rádio levados ao ar pelos Irmãos Marx entre 1932 e 1933. Em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo, Heloísa conta que a peça não tem compromisso algum de provocar reflexão sobre um tema sério como a corrupção. "A peça é pra rir e rir, ninguém vai pensar em nada. Na verdade, não tem nem tempo de pensar ."

Gazeta do Povo – O que a interessou no projeto de montar uma peça inspirada na obra radiofônica dos irmãos Marx?

Heloísa Perissé – Essa peça eu montei há 17 anos no Tablado, como trabalho de final de ano. É uma peça pela qual tenho muito amor. É um texto de muito humor inteligente, rápido. Os irmãos Marx são famosos no mundo inteiro pela agilidade, a forma cínica e sarcástica.

No que você se identifica com Groucho Marx? Sentiu alguma dificuldade de assumir o papel dele?

Eu me identifico porque sou fã dele. É o responsável por toda essa coisa nonsense que depois foi sendo aprimorada pelos grupos. Eu uso charuto. Só não uso bigode porque mulher não tem bigode, mas procuro falar rápido como ele. É um tipo de humor em que eu acredito.

Com se deu a sua formação como humorista?

Não se deu. Eu nasci assim. Certas coisas na vida você escolhe, outras, a vida escolhe por você. Humor é isso. Você não ensina ninguém a ser engraçada.

E o Tablado, não foi um espaço de formação?

No Tablado, eles apenas perceberam que eu era engraçada e passaram a trabalhar em cima disso. Não existe formação para humorista, tanto que um humorista não precisa ser necessariamente ator, pode ser médico, psicólogo, lixeiro, entende?

O que você considera bom humor – humor bem feito? O que o distingue do mau gosto?

É a sensibilidade, uma forma de ver o mundo. O humor – por mais que seja redundante – tem que ser engraçado. Não pode ofender, não pode magoar, tem que ter muito cuidado porque é uma linha tênue, mas o humor não é correto politicamente. Tem que ter a sensibilidade de entender o meio-termo.

Faz alguma diferença ser uma humorista mulher?

Faz, porque a mulher tem muito aquela imagem da princezinha, a que não pode falar bobagem ou palavrão. A mulher (como humorista) é mais limitada. Eu me sinto um pouco limitada, mas não muito, quando, às vezes, a piada é grossa ou olham a gente com maus olhos falando palavrão.

Em que ocasião isso já aconteceu?

Não me lembro especificamente, mas percebo que, mesmo numa roda de amigos, quando se conta uma piada, as piadas que as mulheres contam geralmente são mais light. É como se para a mulher houvesse um "feio" que não há para o homem. O homem é mais permissivo.

A corrupção é o tema-chave de Advocacia Segundo os Irmãos Marx? E é o que dá atualidade à peça?

Não é esse o tema da peça, não. A peça fala de uma advogada canalha, trapaceira, que tem assistentes piores do que ela. Mas a peça não tem um compromisso de retratar nada, ou de levantar alguma bandeira. A peça é pra rir e rir, ninguém vai pensar em nada. Na verdade, não tem nem tempo de pensar.

Você se indigna com a vida política brasileira? No momento, vê as eleições com esperança?

Acompanho e me indigno muito. Me indigno tanto, que já nem acompanho mais. Gostaria muito de ver as eleiçoes com bons olhos, mas confesso que não vejo, mas sofro por isso. Quero ter orgulho de ter eleito o político "x", por exemplo, alguém que fale menos e aja mais.

Como é o trabalho do grupo Z.É. – Zenas Emprovisadas, que a acompanha em cena?

É um trabalho muito legal, em cima de exercícios de teatro. Os adolescentes amam. Eles são maravilhosos, eu sou mais que suspeita para falar, mas eu sou fã. Formam um quarteto e tanto, com um humor ágil, inovador, muito legal de assistir.

Você tem algum projeto para a televisão?

Por enquanto, não. Ano que vem, quando parar o teatro, vou partir para uma novela.

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