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Estreias

Grupo de Brasília traz Nelson e Chékhov

Cia. Novos Candangos apresenta A Falecida, do brasileiro, e Os Beatniks em A Gaivota, do russo, neste fim de semana

A Falecida realça os clichês cariocas, sem esquecer do drama que retrata | Guilherme Rocha/Divulgação
A Falecida realça os clichês cariocas, sem esquecer do drama que retrata (Foto: Guilherme Rocha/Divulgação)
Os Beatniks em A Gaivota simula uma montagem de Chékhov e discute a arte |

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Os Beatniks em A Gaivota simula uma montagem de Chékhov e discute a arte

O grupo brasiliense Novos Candangos traz a Curitiba entre sexta-feira e domingo dois espetáculos de dramaturgos distantes no espaço físico e temporal. Mas suas versões para "A Falecida", de Nelson Rodrigues, e "A Gaivota", de Chékhov, guardam alguma coisa em comum: a investigação sobre o fazer teatral.

O texto de Nelson, escrito em 1953, é considerado sua primeira "tragédia carioca", gênero criado por ele a partir de suas crônicas jornalísticas publicadas sob o título A Vida Como Ela É e desenvolvido à estatura de obras-primas.

Na versão do jovem grupo de Brasília, formado há um ano e meio, os sete atores em cena se alternam nos papéis dos diversos personagens saídos das ruas e do imaginário do Rio de Janeiro.

Na história, uma hipocondríaca pede ao marido um enterro de luxo, mas não é atendida.

"Ele conseguiu fazer uma história muito trágica, repleta de personagens canastrões, banais, ridículos mesmo", explica o diretor Diego de León, que conversou com a Gazeta do Povo.

O texto original foi "preservado" em meio ao jogo teatral criado pelos Candangos, que dividem a história em capítulos e, em cada um deles, apresentam-se como novos personagens.

"Fazer Nelson é, ao mesmo tempo, clichê, porque todo mundo faz, e desafiador, porque ele apresenta muitas ferramentas e metáforas para se trabalhar e pesquisar muito", conta León.

A Falecida foi a escolha do grupo para concorrer a um prêmio da Funarte, do Ministério da Cultura, que comemorou o centenário de nascimento do jornalista e escritor em 2012, com 17 espetáculos diferentes.

Do Rio à Rússia

Em outro clima e outro jogo, a companhia aborda um clássico do russo Anton Chékhov que permite repensar o fazer teatral à vontade. "Tentei fazer uma releitura e trazer para os tempos atuais a discussão que a peça faz sobre teatro, arte, diversão e o que as pessoas entendem por tudo isso", conta o diretor.

A adaptação livre o levou a optar pelo título Os Beatniks em A Gaivota, de forma a explicitar a liberdade tomada. Dos muitos personagens, foram eleitos quatro: o jovem dramaturgo Trepliov; sua mãe, a grande atriz Arkadina; a amada Nina, uma jovem atriz; e o eminente escritor Boris Trigorin. Se aqui os personagens são fixos, o estranhamento virá do fato de serem interpretados por quatro atores homens.

Representando o grupo semiprofissional Os Beatniks, eles fazem no palco uma "tentativa" de montagem de A Gaivota – no original, um libelo à ambição artística e às dificuldades de relacionamento.

Mas é só uma tentativa porque, em meio a discussões infindáveis sobre o que estão fazendo, os personagens-atores acabam erguendo um "frankenstein" teatral. Entre algumas cenas saídas do autor russo insere-se o debate acalorado sobre por que montar um clássico hoje – ou, como alguns preferem, um "texto chato".

Curiosamente, quando questionado sobre a coincidência de projeto entre sua versão de A Gaivota e aquela estreada pelo peruano-carioca Enrique Diaz em 2006, León confessa que o diretor é uma grande influência, mas que suas marcas serão mais reconhecidas em A Falecida.

Os Beatniks em A Gaivota também foi contemplado com um prêmio, o Myriam Muniz 2013, permitindo que o grupo excursione com os dois espetáculos pelo país.

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