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Foram usados 75 quilos de explosivos na implosão | REUTERS/Caetano Barreira
Foram usados 75 quilos de explosivos na implosão| Foto: REUTERS/Caetano Barreira

Há exatos 45 anos, o mundo acordou mais triste: Marilyn Monroe foi encontrada morta, aos 36 anos, vítima de uma overdose de tranqüilizantes, em sua casa em Los Angeles. Na época, a estrela era a loira mais amada de Hollywood e atraía multidões aos cinemas. No entanto, a dependência de drogas e a depressão ficaram mais fortes do que o glamour e a alegria, que a diva transmitia ao público mas parecia não levar à sua própria vida.

Atriz de cerca de 30 filmes, a loira deixou para o cinema e a cultura pop uma herança e tanto: sua imagem. Marilyn virou o maior símbolo sexual do século 20, ícone máximo do estrelato de Hollywood e musa inspiradora de uma variedade de artistas, de Andy Warhol à cantora Madonna, passando por escritores, cineastas, tatuadores e drag queens de todo o mundo.

Mas a imagem da diva loira pouco tinha em comum com Norma Jean Mortenson, verdadeiro nome de Marilyn. Nascida nos subúrbios de Los Angeles, ela foi rejeitada pelo pai e abandonada pela mãe, que foi internada numa instituição para doentes mentais durante sua infância. A futura estrela foi criada em orfanatos e abrigos, onde chegou a sofrer abusos e a trabalhar em troca de comida. "Era como se o mundo estivesse fechado para mim", disse Marilyn mais tarde em uma entrevista.

O início do sonho

Aos 18 anos, quando trabalhava numa fábrica, Norma foi descoberta por um fotógrafo e virou modelo. Foi nessa época que ela topou posar nua por apenas US$ 50. "Eu precisava desesperadamente do dinheiro", afirmou anos depois. As fotos viriam à tona mais tarde, em 1953, na primeira edição da revista "Playboy", quando ela já era um grande nome de Hollywood.

Depois de dois anos trabalhando como modelo e estudando teatro, Norma resolveu dar uma grande virada em sua vida: divorciou-se de seu primeiro marido, tingiu os cabelos de loiro, mudou seu nome para Marilyn Monroe e fechou contrato com os estúdios Twentieth Century Fox.

A partir daí, Marilyn assumiu papéis cada vez maiores nos filmes do estúdio, culminando com os sucessos "Torrente de paixão", "Os homens preferem as loiras" e "Como agarrar um milionário", de 1953, que a elevaram ao status de estrela. Seu visual voluptuoso, seu jeito de garota ingênua e burrinha e sua voz sensual estabeleceram sua fama e consagraram sua imagem como clichê erótico em alta até hoje.

Entretanto, Monroe foi ficando cada vez mais insatisfeita com os papéis que lhe eram oferecidos e desejava desenvolver mais seu talento como atriz. Em 1954, a estrela partiu para Nova York para estudar teatro com o renomado professor de arte dramática Lee Strasberg.

O motivo por que o talento de Marilyn como atriz nunca foi reconhecido é, ironicamente, o mesmo por que ela continua fascinando platéias: a naturalidade que ela transparecia na tela parecia dar acesso direto à sua personalidade na vida real, a figura pública da estrela superava as personagens.

Porém, sua complexidade como atriz foi comprovada em alguns de seus últimos filmes, tais como "Nunca fui santa" (1956) e "O príncipe encantado" (1957), ambos lançados por meio de sua própria produtora, fundada em 1956.

O reconhecimento de seu trabalho só ficou completo em 1959, quando ela protagonizou "Quanto mais quente melhor", dirigido por Billy Wilder, que lhe valeu o Globo de Ouro de melhor atriz.

Os últimos dias

Mas se para Marilyn era difícil lidar com o assédio do público e os ataques da crítica, muito mais difícil era trabalhar com a estrela no set de filmagens. Aos poucos, a loira construiu uma péssima reputação nos bastidores dos estúdios de cinema, com seus atrasos constantes e seus problemas pessoais e de saúde invadindo sua rotina de trabalho. "Eu consigo chegar no dia, não na hora", disse a atriz certa vez em resposta às reclamações de produtores.

Viciada em álcool e tranqüilizantes, Marilyn foi internada várias vezes em clínicas psiquiátricas e enfurecia diretores com a dependência extrema que tinha de sua consultora dramática, Paula Strasberg (mulher de Lee Strasberg).

Sua falta de profissionalismo culminou com seu corte do elenco de "Something’s gotta give", uma comédia de George Cuckor que virou lenda em Hollywood pelos prejuízos causados por Monroe. No longa, a loira protagoniza a primeira cena de nu da história dos estúdios americanos, em que nada numa piscina como veio ao mundo.

Antes que as filmagens terminassem, Marilyn foi encontrada morta após tomar 40 comprimidos de um forte tranqüilizante. A versão oficial é de que, tomada pela depressão, a estrela se matou, mas na cabeça dos fãs ainda ressoa o mistério: suicídio ou assassinato?

Marilyn Monroe certamente não foi a atriz mais bonita ou mais talentosa da história de Hollywood, mas seu jeito ao mesmo tempo ingênuo e sensual liberava uma mágica única, que fez dela a maior estrela de todos os tempos do cinema mundial.

Casamentos e casos

Aos 16 anos, Marilyn enfrentou uma importante escolha, já que a família que a havia adotado não tinha mais condições de sustentá-la. Ela devia optar entre voltar para orfanatos ou casar-se. Marilyn ficou com a segunda e aceitou um casamento arranjado com Jimmy Dougherty, um rapaz de 21 anos.

Após dois anos juntos, ele entrou para a marinha e foi transferido para uma base na Ásia. Durante a ausência do marido, Marilyn começou a trabalhar como modelo e "pin-up", o que não agradou Jimmy nem um pouco quando ele retornou, em 1946, e o divórcio foi inevitável. "Meu casamento não me deixava triste nem feliz. Quase morri de tédio", disse Marilyn mais tarde sobre sua relação com Dougherty.

O segundo casamento da musa durou ainda menos. Apenas nove meses: foi o tempo em que Marilyn e o jogador de basebal Joe DiMaggio ficaram juntos, em 1954. Ela estava no auge da carreira, mas não escondia seu amor pelo marido. "Eu era louca por ele, Joe é um homem muito decente", disse a estrela após o divórcio.

DiMaggio não suportou conviver com o assédio enlouquecido dos fãs e com a imagem sensual que a mídia vinculava a Marilyn. O casamento terminou, porém os dois continuaram amigos.

O terceiro casamento de Marilyn foi com o autor teatral Arthur Miller, que ela conheceu em Nova York enquanto estudava com Strasberg. Ele chegou a afirmar publicamente que ela o deixava "de joelhos bambos", mas foi ao seu lado que a atriz viveu sua fase mais problemática e aprofundou sua dependência química.

Depois de casos extraconjugais, dois abortos e problemas de saúde, o divórcio aconteceu em 1961. No entanto, Miller deixou para ela o papel de Roslyn Tamber, protagonista de "Os desajustados", que acabou sendo o último filme completo da loira. O longa também encerrou a filmografia de Clark Gable, com quem contracenava, que morreu assim que as filmagens terminaram. Os tablóides da época atribuíram o enfarte de Gabble a desentendimentos com Monroe no set.

Além dos três casamentos fracassados, Marilyn ficou conhecida por ter muitos casos, entre os quais os mais famosos foram com o ator italiano Yves Montand, com quem protagonizou "Adorável pecadora" em 1960, e com o então senador dos Estados Unidos, John F. Kennedy.

Em 1962, quando JFK já era presidente, Monroe o presenteou com um sensual canto de parabéns em público, em uma comemoração no Madison Square Garden, em Nova York. A imagem se tornou tão clássica quanto cenas de filmes de ficção de Marilyn.

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