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O primeiro-ministro anda preocupado. Em muito pouco tempo, vários acontecimentos incomuns assolaram seu país, deixando a população aflita. Para completar, um dos integrantes de sua equipe resolveu agir de forma curiosa e a oposição está aproveitando o momento para culpar o governo pelos recentes desastres.

Não se trata da Inglaterra. O político em questão não é Tony Blair, mas sim o primeiro-ministro dos Trouxas (ou não-mágicos). E os episódios que ele vem enfrentando só têm uma explicação: trata-se da ação dos Comensais da Morte, grupo de bruxos seguidores do vilão Voldemort.

Você não está entendendo nada? É, os trouxas raramente percebem essas nuances do mundo mágico. No entanto, muitos deles lotaram livrarias no Brasil e no mundo, aguardando o lançamento do sexto e penúltimo livro da série Harry Potter, na madrugada do dia 16 de julho, hipnotizados pela chance de descobrir o que acontece com o personagem-título da saga.

O mundo criado pela britânica J.K. Rowling pode não existir, mas seu efeito mágico tem operado milagres. A versão original de Harry Potter and the Half-Blood Prince – algo como Harry Potter e o Príncipe Bastardo, em tradução literal – tem 607 páginas (na versão britânica) e custa entre R$ 70 e R$ 130. Mesmo assim, os exemplares encomendados pelas livrarias brasileiras mal chegaram a pegar pó nas vitrines. Nas lojas das Livrarias Curitiba, foram vendidos mais de 660 cópias em duas semanas, boa parte deles nos dias subseqüentes ao lançamento.

Para se ter uma idéia do que esse número significa, basta saber que, na última semana de julho, o livro mais vendido na rede de livrarias foi O Monge e o Executivo, de James Hunter, com 275 exemplares comercializados.

O início do fim

A comoção em torno do livro (HP6, para os íntimos) tem uma explicação simples: a história está chegando ao seu desfecho. O livro é o sexto da série de sete episódios previstos por Rowling. Além disso, traz a continuação do clímax da obra anterior, quando Voldemort reapareceu com seu exército.

Em HP6, o mal finalmente sai da sombra e inicia sua batalha pelo controle do mundo dos bruxos. Para se preparar para o inevitável encontro com Voldemort, Harry começa a ter aulas particulares com Dumbledore, o sábio diretor da Escola de Bruxaria e Feitiçaria Hogwarts. Como é uma preparação para o encerramento, o livro é uma coletânea de segredos desvelados. Há pouca ação e muitos flashbacks para explicar porque os personagens são como são. A trama chega ao seu auge quando Harry descobre que Voldemort possui uma engenhosa forma de se preservar da morte.

Mas, entre o início do livro e o epílogo, Rowling gasta muitas páginas com a rotina dos personagens, romances (sim, Harry finalmente arranja uma namorada), ciúmes e partidas de quadribol. É o fim de um ciclo. A autora já declarou que os livros seguem o amadurecimento do protagonista. Se no primeiro episódio ele era um adolescente ingênuo, em HP6 percebe que é necessário aceitar o que o destino lhe reserva.

O livro é simples e segue a mesma estrutura dos outros (começa com Harry na casa dos tios, passa pela rotina escolar e termina com um confronto entre ele e algum representante do mal). Mas fã que é fã vai se deliciar com as pistas, revelações e dicas que Rowling deixou pelo caminho. Afinal, é preciso preencher o tempo enquanto o último livro não vem.

Tradução simultânea

Muitos dos que compram Harry Potter and the Half Blood Prince não se limitam a apenas curtir a leitura. Blogs e sites estão cheios de informações sobre a trama e oferecem até mesmo a tradução completa da obra para o português. Enquanto o livro não é lançado no Brasil, centenas de fãs apelam para a tecnologia para oferecer o texto para internautas menos familiarizados com o inglês.

Usando um reconhecedor de caracteres e um scanner, os tradutores "voluntários" digitalizam todo o conteúdo da obra. O texto, então, é submetido a um tradutor automático. Por fim, o conteúdo é revisado e as distorções, corrigidas. É um trabalho bastante diverso do realizado por um profissional da área e que tem um resultado de qualidade questionável.

Outro "serviço" ofertado na internet é a antecipação de fatos do livro. São os chamados spoilers, ou seja, a publicação de informações como o nome do personagem que irá morrer. Alguns sites vão mais além e propõem possíveis desfechos para a história e, até mesmo, tramas alternativas às escritas por J.K.. São as fanfics.

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