• Carregando...
Bárbara como Hell: beleza e riqueza que não satisfazem | João Caldas/Divulgação
Bárbara como Hell: beleza e riqueza que não satisfazem| Foto: João Caldas/Divulgação

Estreia

Hell

Teatro Paulo Autran – Shopping Novo Batel (R. Cel. Dulcídio, 517, Piso C), (41) 3222-4484. Dias 21 e 22, às 21 horas, e 23, às 18 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada, inclusive para assinantes Gazeta do Povo). Classificação indicativa: 14 anos.

Dizem que o exagero é a melhor forma de chamar a atenção para alguma questão – e sobre um palco, com atores de carne e osso, isso funciona às maravilhas. Esse deverá ser o principal atrativo do espetáculo Hell, que desembarca em Curitiba neste fim de semana trazendo a atriz Bárbara Paz ao Teatro Paulo Autran (a Edith, de Amor à Vida).

A protagonista, cujo apelido dá nome à peça, vive os excessos de uma classe endinheirada parisiense, com direito a vícios e um afundamento cada vez maior. Ao lado de um namorado que conhece em uma noitada (Andrea, vivido por André Bankoff), ela vive um cotidiano de sexo, drogas, álcool e... roupas de grife. E se percebe num processo de esvaziamento, com o qual é muito possível que a plateia se identifique. "De alguma forma, isso toca as pessoas. Sejam os jovens, os pais deles, os avós, alguém sempre se identifica com essa mensagem do vício!", avalia Bárbara, em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo (leia ao lado). Ela também conta ter viajado a Paris para se ambientar com o ambiente descrito pelo texto.

A atmosfera escura do espetáculo e a interpretação enérgica lhe renderam o Prêmio Quem de melhor atriz (2011) e a listagem entre os dez melhores espetáculos de 2011 no Rio de Janeiro realizada pelo jornal O Globo.

Montagem

Adaptada do romance homônimo de Lolita Pille (que escreveu o livro com cerca de 20 anos de idade), a peça tem curitibanos na equipe de criação: Murilo Hauser faz a codireção ao lado de Hector Babenco, cineasta (diretor de Carandiru e Pixote, a Lei do Mais Fraco) casado por três anos com Bárbara, e o renomado Beto Bruel faz a iluminação.

A dramaturgia teve a contribuição de Marco Antônio Braz, para adaptar o autobiográfico e ferino livro da jovem francesa. Nas palavras de Lolita, "se os ricos não são felizes, é porque felicidade não existe", e "a humanidade sofre, e eu sofro com ela".

Hector Babenco sem­­pre lembra que seu trabalho artístico começou no teatro, o que teria marcado sua forma de fazer cinema. Seus espetáculos anteriores foram Loucos de Amor (1988), de Sam Shepard, com Edson Celulari, Xuxa Lopes, An­­tonio Calloni e Linneu Dias; e Closer – Mais Perto (2000), de Patrick Marber, com Re­­nata Sorrah, José Mayer, Marco Ricca e Guta Stresser.

De acordo com a coluna de Ancelmo Gois, publicada pelo jornal O Globo no fim de janeiro, o casamento da dupla atriz e cineasta terminou recentemente.

Entrevista

Bárbara Paz, atriz "Onde o dinheiro está, as Hells estão"

O que chamou sua atenção no romance Hell e a deixou com o desejo de levá-lo ao palco?

É um retrato de uma geração consumista. Vazia. Achei que esse livro deveria ser levado aos palcos para expor essa juventude que tem dentro de si um buraco existencial.

Como foi sua pesquisa/preparo para viver a protagonista da história?

Fui a Paris e estive nos mesmos lugares por onde Hell andou. Mas elas se encontram em qualquer grande cidade. Onde o dinheiro está, as Hells estão.

De que formas o público se identifica com as personagens, apesar do estilo de vida que levam?

De alguma forma, isso toca as pessoas. Sejam os jovens, os pais deles, os avós, alguém sempre se identifica com essa mensagem do vício!

É correto dizer que a força da peça está no texto e na interpretação de vocês? Que outras surpresas a encenação traz?

A encenação é linda. Plasticamente muito bonita, como uma grande obra de arte. Babenco trouxe o cinema para dentro do teatro e fundiu as duas grandes artes. E os atores são as únicas peças do tabuleiro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]