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Oliver Stone é o primeiro grande diretor norte-americano a rodar um filme sobre o 11 de Setembro. Mas As Torres Gêmeas, em cartaz a partir de hoje no Brasil, não traz o tempero político que marca sua obra. Estrelado por Nicholas Cage, o longa se concentra apenas no lado humano da tragédia, mais especificamente na história real de uma dupla de policiais cuja coragem quase lhe custou a vida.

O próprio cineasta, autor de títulos como Platoon, JFK e Nixon, tem dito que está cansado de se envolver em polêmicas e ser massacrado pela crítica. Há quem diga, no entanto, que Stone optou por uma versão sentimental sobre os atentados para se redimir do vexame de seu último trabalho, o épico homoerótico Alexandre (um tanto injustiçado, diga-se). O curioso é que os mesmos que torciam o nariz para as produções políticas do diretor agora malham As Torres Gêmeas pelo motivo oposto, sua falta de posicionamento. Vai entender...

Como não se deve avaliar um filme pelo que ele não é, vamos aos fatos. Para começo de conversa, o título original é World Trade Center. Ou seja, trata exclusivamente do que aconteceu nos prédios e com quem estava dentro deles. No caso, John McLoughling (Cage) e Will Jimeno (Michael Peña, de Crash – No Limite), os únicos sobreviventes de um grupo de tiras da Polícia Portuária de Nova Iorque escalado para ajudar na evacuação das torres. O sargento McLoughling já tinha alguma experiência com atentados, mas seus homens – que, corajosamente, ofereceram-se para a tarefa – estavam tão perdidos quanto qualquer um no local.

Mal entraram no edifício quando ele desabou. Não chegaram, portanto, a ajudar ninguém. Mas viraram heróis simbólicos por seu instinto de sobrevivência, após enfrentar 12 horas de dor sobre uma montanha de escombros. Esse cenário domina boa parte do filme, que ainda mostra o desespero das mulheres dos policiais, vividas por Maria Belo (de Marcas da Violência) e Maggie Gyllenhall (Secretária). Sua impotência diante dos acontecimentos era a mesma que a de qualquer americano.

E, para não dizer que Oliver Stone fez apenas um dramalhão de luxo, há ainda a intrigante figura de Dave Karnes (Michael Shannon, de Vanilla Sky). Fuzileiro naval da reserva, ele trabalhava como contador quando viu, pela tevê, as torres serem atacadas. Naquele momento, percebeu que o país estava em guerra e se viu numa missão divina para defendê-lo. Foi à barbearia e pediu um corte militar. Em seguida, vestiu a farda e saiu de sua cidade rumo à Nova Iorque, para colaborar na busca por corpos soterrados. Karnes é a mais pura representação do eleitor de George W. Bush, e sua presença no filme vale por horas de blablablá político. Mas parece que os críticos de Stone não perceberam isso. GGG

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