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Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo" | Divulgação/Downtown Filmes
Produtor de filmes B busca recursos para novo filme, em "O Crocodilo"| Foto: Divulgação/Downtown Filmes

Era um domingo de Páscoa quando a primeira missa em terras brasileiras foi celebrada pelo Frei Henrique Coimbra. A cerimônia inaugural da religião católica no país aconteceu em Porto Seguro, na Bahia, no dia 26 de abril de 1500, apenas quatro dias depois da chegada dos portugueses.

Os relatos que sobreviveram ao tempo – entre eles, a carta de Pero Vaz de Caminha – inspiraram o pintor catarinense Victor Meirelles a retratar a cena histórica séculos depois. A obra, terminada em 1861, foi restaurada pelo Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e é o centro da exposição A Primeira Missa no Brasil – O Renascimento de Uma Pintura, a ser aberta amanhã no Museu Oscar Niemeyer (MON).

Victor Meirelles pintou seu quadro mais famoso durante uma viagem à Europa, subsidiada pela Academia Imperial de Belas Artes, que premiava, anualmente, alguns artistas com uma bolsa de estudos no exterior. O pintor viajou, em 1852, para a Itália, primeiro destino dos artistas de então. Em 1856, porém, seguindo conselhos do diretor da academia, o pintor Manuel de Araújo Porto Alegre, Meirelles partiu para a França. Já em Paris, acatou outras duas sugestões do mestre Porto Alegre – a primeira, de criar uma obra que exaltasse o espírito de brasilidade, e a segunda, mais direta, de pintar a cena da primeira missa acontecida no Brasil.

A pintura da tela foi precedida por centenas de estudos preparatórios de composição. "Era o processo típico de criação antes de pintar. O desenho, na época, não tinha caráter independente, era feito para definir personagens e objetos que apareceriam depois na pintura", esclarece o curador Pedro Xexéu, do MNBA. Das centenas de estudos feitos por Victor Meirelles antes das primeiras pinceladas, 11 foram selecionados pelo curador para compor um dos segmentos da exposição trazida ao MON, para "mostrar às gerações mais jovens como se construía a pintura no século 19".

Outro segmento da mostra é dedicado ao processo de restauração realizado para recuperar o quadro. "A tela estava enfraquecida e começando a rasgar nas bordas, a soltar do chassi, com o verniz e as repinturas feitas na década de 60 alterados e manchas em alguns locais", afirma a chefe do laboratório de restauração do MNBA, Andrea Pereira.

A recuperação levou oito meses, partindo de uma análise científica da tela por raios X, ultravioleta e infra-vermelho, para localizar a extensão dos danos. Depois de ser desmontado, recuperado estruturalmente, ter as repinturas removidas e ser retocado com verniz, o quadro está novamente em condições de enfrentar viagens para ser exposto em outros estados do Brasil. Essas etapas da restauração são explicadas na exposição por meio de painéis e de um vídeo.

Mestres e discípulo

A Primeira Missa no Brasil dialoga com outra mostra em cartaz no MON, A Missão Artística Francesa, também sob a curadoria de Pedro Xexéu. Desta mostra, fazem parte algumas obras de discípulos da Academia Imperial, como o próprio Manuel de Araújo Porto Alegre e outros artistas do período que foram os mestres de Victor Meirelles no país.

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Serviço: A Primeira Missa no Brasil – O Renascimento de Uma Pintura. Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. Abertura amanhã. Terça a domingo, das 10 às 18 horas. Ingressos a R$ 4 (adultos), R$ 2 (estudantes) e livre para crianças até 12 anos, maiores de 60 anos e escolas públicas agendadas. Até 14 de outubro.

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