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Vídeo | Reprodução Rede Globo
Vídeo| Foto: Reprodução Rede Globo

Carregar dinheiro na cueca já foi hábito de gente honesta. É o que conta o escritor londrinense Domingos Pellegrini, colunista do Caderno G, na crônica "Dinheiro na Cueca". Com bom-humor, ele relaciona a medida de segurança dos trabalhadores rurais que chegavam na rodoviária de Londrina nos anos 60 a uma malandragem recente da política brasileira. Assim, rememora o período de formação do Norte Pioneiro do Estado – vivenciado pelo autor ainda menino.

A crônica ganhou vida ao se transformar em três filmes, realizados pelas produtoras finalistas do Concurso Produz Histórias RPC, um projeto da Rede Paranaense de Comunicação para resgatar a identidade cultural paranaense e, ao mesmo tempo, estimular o mercado de produções cinematográficas no estado. Duas delas – a Realiza e a Graphismo – serão contratadas para produzir, cada uma, 12 episódios curtos do quadro "Casos e Causos da Nossa Gente", parte de um programa semanal, em formato de revista eletrônica, que será lançado pela RPC ainda no primeiro semestre deste ano, com exibição nas noites de domingo, após a série Sob Nova Direção.

Seleção

Ao todo, 22 produtoras paranaenses de Londrina, Ponta Grossa, Maringá, Foz do Iguaçu e Curitiba participaram do concurso. Uma comissão da RPC selecionou seis trabalhos que passaram pelo crivo de uma equipe externa formada por diretores das emissoras de televisão IPTV Campinas, RBS, Anhangüera e Bahia, além da atriz Irene Ravache e do artista plástico Elifas Andreato. Mantiveram-se no páreo a Graphismo, a Realiza e a Filmcenter. Esta última ficou de fora na escolha final.

Entre os critérios de avaliação estavam a criatividade, a capacitação técnica, a fundamentação do roteiro e a valorização da obra. Com duração de 45 minutos, o novo programa da RPC terá cinco blocos, com reportagens e documentários sobre assuntos variados. O foco de tudo, no entanto, é sempre o Paraná e a sua gente. "A idéia é falar sobre nossa cultura, abordando o que há de interessante na vida dos paranaenses", diz Rogério Mainardes, diretor de marketing da RPC.

Filmes de época

O episódio-piloto produzido pela Graphismo, com direção de Silvio César Corrêa, é narrado nos tempos de hoje, por um homem simples, interpretado pelo ator Paulo Gorgulho. Enquanto espera o ônibus em uma rodoviária, ele lê no Jornal de Londrina sobre o caso do deputado que escondeu dinheiro na cueca, no aeroporto.

"Cada coisa que a gente vê! Mas, até que essa história de guardar dinheiro na cueca não é assim tão absurda...", diz. Assim, o narrador transporta o telespectador para a Londrina da década de 60, onde se passa a história de Pellegrini. O conto vai e volta no tempo, e termina com o narrador procurando a passagem do ônibus. E onde mais ele poderia encontrá-la, a não ser na cueca?

A gravação foi feita na rodoviária de Curitiba, em uma locação que ganhou ares de pensão e em um salão paroquial transformado na antiga rodoviária de Londrina. Entre os personagens de época, um dos trabalhadores rurais é interpretado pelo ator Leonardo Miggiorin.

Silvio Corrêa pretende manter a mesma equipe que participou das gravações do piloto nos próximos 12 episódios. "São pessoas muito competentes, que entraram de cabeça no projeto". Quanto ao elenco, ele gostaria de manter Paulo Gorgulho como narrador da série, mas ainda não sabe se vai manter o formato que une narração e dramaturgia. "Nossa intenção é fomentar o mercado. Por isso, tentaremos formar um núcleo de atores em várias cidades do estado. É preciso descobrir novos talentos", diz.

O filme da Realiza, co-dirigido por Fernanda Morini e Jussara Locatelli, também tem um narrador, o contador de histórias Hélio Leites, mais conhecido como "homem do botão". É ele quem apresenta a história escrita por Pellegrini, ambientada em locações com características rurais como a Fazenda Thalia e a Colônia Santa Maria, em Piraquara, e entremeada por imagens de época de Londrina cedidas pelo Museu Histórico da cidade.

No final, em meio a um cenário de livros, Hélio Leites convida o telespectador a enviar outras histórias ao programa. "‘Casos e Causos da Nossa Gente’ é um livro que não pára de crescer", justifica.

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