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“Publicar na internet é importante, mas de maneira alguma ela substituiu a importância do livro impresso, ou digital. Pouca gente lê literatura na internet. Fala-se sem parar do assunto na rede, mas o livro permanece.”

Daniel Galera, escritor e tradutor | Renato Parada/Divulgação
“Publicar na internet é importante, mas de maneira alguma ela substituiu a importância do livro impresso, ou digital. Pouca gente lê literatura na internet. Fala-se sem parar do assunto na rede, mas o livro permanece.” Daniel Galera, escritor e tradutor| Foto: Renato Parada/Divulgação

Serviço

Paiol Literário

Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Conversa com o escritor Daniel Galera. Mediação do jornalista e escritor Luís Henrique Pellanda. Dia 3, às 20 horas. Entrada franca.

Sesi Zoom Cultural

Sesi/Cietep (Av. Comendador Franco, 1.341 – Jardim Botânico), (41) 3271-7400. Bate-papo entre o cineasta Rafael Urban e o escritor Daniel Galera. Dia 4, às 20h. Entrada franca. Sujeito a lotação.

O escritor paulista radicado em Porto Alegre Daniel Galera chega hoje a Curitiba para participar do Paiol Literário, organizado pelo jornal Rascunho, com apoio, entre outros, da Gazeta do Povo e ÓTV. Até ontem, porém, não tinha na ponta da língua a resposta para a fatídica primeira pergunta do evento: para que serve a literatura na vida das pessoas? "É muito genérico, dá a impressão de que seja algo a ser questionado. A importância é óbvia, é como o alimento." Em conversa por telefone, respondendo a questões da reportagem e do professor da UFPR Caetano Galindo, o autor da coleção de contos Dentes Guardados, dos romances Até o Dia em Que o Cão Morreu, Mãos de Cavalo e Cordilheira e da graphic novel Cachalote (com desenhos de Rafael Coutinho) contou que sofre como leitor em meio à profusão de autores e referências atuais:

O que mudou quando você passou de escritor independente publicando na internet para autor publicado pela Companhia das Letras?

Do ponto de vista do trabalho, não me senti diferente. Mas tem diferenças práticas de se trabalhar com uma editora grande, com divulgação e distribuição feitas com mais recursos. E ainda por ter um editor me ajudando a concluir meus livros, que não era eu próprio. Mas eu me sinto o mesmo.

Como você classifica sua nova atuação como escritor para quadrinhos?

Não diria que é uma fase. Gostei muito de fazer [Cachalote] e faria outros. Mas ele é integrante de minha obra como um todo, não um ramo. É como um romance que eu tivesse escrito – investi o mesmo tipo de energia criativa.

Como você vê o momento da sua "geração", de novos romancistas brasileiros?

É igual ao momento no mundo inteiro: muitos autores, talvez demais, fazendo trabalhos muito variados, heterogêneos, o que cria um cenário rico e diversificado, mas difícil de navegar. Hoje existe facilidade de publicação na internet e muitas referências. Tudo é referência, e todas elas têm o mesmo valor. Fica difícil criar um estilo literário, eleger preferências. Sinto isso como leitor.

Nesse grupo de novos autores há muitos gaúchos (Michel Laub, Daniel Pellizzari, Carol Bensimon, Paulo Scott). Acredita que isso tenha relação com o sucesso das oficinas literárias realizadas no estado?

Tem um pouco a ver, já que quase todos que estão publicando e têm alguma evidência passaram por oficinas, principalmente as de Luiz Antônio de Assis Brasil. E Porto Alegre é uma cidade que historicamente tem importância em termos de literatura.

Essa nova geração está devendo um "grande romance brasileiro" nos moldes da dita "great american novel"?

Acho que não. Até porque não existe essa "great american novel". Mas existir a expectativa é saudável, indica que a literatura interessa.

Se David Foster Wallace é o fantasma que assombra a nova geração de romancistas de língua inglesa, quem seriam os "pais" da nova geração brasileira?

Nenhum escritor vai igualar Wallace, que é uma influência benéfica. No Brasil não temos uma figura contemporânea como ele.

Ainda é crucial ser publicado fora da internet?

Sim. Publicar na internet é importante, mas de maneira alguma ela substituiu a importância do livro impresso, ou digital. Pouca gente lê literatura na internet. Fala-se sem parar do assunto na rede, mas o livro permanece.

Como você toca em paralelo a atividade de tradutor e de escritor?

As atividades competem. Enquanto traduzo, não consigo escrever.

Como foi a experiência de traduzir o último David Mitchell [Os Mil Outonos de Jacob de Zoet, a publicar pela Cia das Letras], que se passa na virada do século 19, no Japão, entre holandeses?

Foi a mais difícil que já fiz. A linguagem não foi particularmente difícil, mas a história se passa numa situação muito específica. Trata não só da vida no Japão, como também de conflitos históricos, batalhas navais, vocabulários que exigiram muita pesquisa. Ele tem uma dicção e um uso de adjetivos muito preciosista. Manter o estilo foi complicado, mas tentei a melhor aproximação possível. Levei sete meses.

Sobre o que será seu próximo romance, e quando sai?

A previsão é o início de 2013. Chama-se Barba Ensopada de Sangue e é sobre um professor de Educação Física que faz um retiro em uma cidade litorânea após o suicídio do pai.

Vive-se de literatura hoje no Brasil?

Sim. Não de direitos autorais, o que é muito difícil. Mas sim de prêmios, cachês de palestras, frilas para editoras e veículos etc.

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