Hoje tem preliminares na Cinemateca

• 0

Uma mostra de nome sugestivo promete esquentar esta quarta-feira invernal na Cinemateca de Curitiba. Preliminares – Mostra e Debate sobre Audiovisual Erótico Brasileiro, com início às 18 horas, é um evento organizado pelos alunos do 6.º período do curso de Cinema e Vídeo da Faculdade de Artes do Paraná, sob a orientação da professora e cineasta Joana Nin (que dirigiu o curta Visita Íntima, em 2005).

O tema de impacto foi proposto pela aluna Luara Lux e aprovado pelos outros 13 acolegas que integram a equipe. "Pensei em um assunto que tivesse sido pouco explorado", explica a estudante. O próprio título, Preliminares, criação de Joana Nin aprovada com unanimidade entre os alunos, além de sugestivo, denuncia a intenção dos estudantes de pôr em foco uma questão abordada pelo cinema brasileira que ainda não passou da fase inicial de discussão. De fato, mostras de filmes eróticos parecem ser raras a ponto de Luara se surpreender com um convite para levar o evento para o Rio de Janeiro.

A disposição dos alunos animou Joana Nin. "Não é todo dia que a turma de uma universidade pública se propõe a pôr em debate um tema tão instigante, e ainda dividir isso com o público com entrada franca na Cinemateca", conta.

Quebrando tabus

Uma das propostas da turma é remexer os preconceitos com relação ao cinema erótico – que, muitas vezes, é confundido com pornografia. "Queremos mostrar que existem filmes sexuais, picantes e de qualidade, com narrativa, preocupação com a linguagem cinematográfica", explica Luara. Para que o público vá entrando no clima do evento, os alunos criaram uma ambientação toda própria no saguão do espaço público. "Queremos que as pessoas fiquem confortáveis, então, haverá música, camisinhas e pirulitos", diz Luara.

Ela espera que a proposta de descontração faça fluir o debate após a exibição dos filmes, que terá como convidados os pesquisadores Hernani Heffner, diretor de conservação audiovisual da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e Guilherme Gontijo Flores, professor do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná que estuda o erotismo.

Títulos

Luara imagina que o bate-papo será acalorado diante de assuntos como o longa-metragem que centraliza a mostra, Um Copo de Cólera, adaptação de Aloísio Abranches do livro de Raduan Nassar. O filme com cenas tórridas protagonizadas pelo casal Júlia Lemmertz e Alexandre Borges, será antecedido de um episódio sobre erotismo do programa de tevê No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais, produção do Canal Futura com direção de Cao Hamburguer. "É uma forma de apresentar o tema", diz Luara.

Depois do programa, dois cur­­tas-metragens estranhamente eróticos prometem render pano para manga. O Caderno Rosa de Lori Lamby (2005), de Sung Sfai, é baseado em um conto de Hilda Hilst sobre uma garotinha de 8 anos que relata, num caderninho cor-de-rosa, suas experiências sexuais com homens apresentados a ela por sua própria mãe. E Deu no Jornal (2005), animação de três minutos de Yanko Del Pino que narra a saga de um solitário e suas fantasias sexuais.

Com um tema deste, não po­­deria faltar uma farra. A festa da mostra começa às 23h30, ali ao lado da Cinemateca no On Lounge Café, com direito à uma continuação digamos, ainda mais erótica, da mostra. "Vamos exibir os filmes escolhidos pela curadoria, mas que não pudemos passar na Cinemateca devido ao seu teor erótico", diz Luara. Além do sorteio de brindes, como uma cesta de produtos eróticos, haverá uma performance relacionada ao tema com as artistas Jo Mistinguett e Lé Gluck.