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CINEMA

Hollywood aposta em refilmagens para seguir lucrando fácil

Antigo hábito de relançar clássicos com nova roupagem é garantia de sucesso no cinema. Por isso, é melhor se acostumar com a profusão de remakes nas telas

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(Foto: Divulgação)

O ator Wagner Moura está confirmado no elenco de uma nova versão do clássico faroeste “Sete Homens e Um Destino” (1960) que será rodado em 2017. Também em pré-produção a versão americana de “Intocáveis”, de 2011, filme francês mais visto da história. Ícones dos anos 1980, como “Querida, Encolhi as Crianças”, estão na lista de projetos dos principais estúdios para 2016.

Ao lado das franquias de super-heróis, as refilmagens são, hoje, um porto seguro para uma indústria que não gosta de correr riscos, ainda mais quando a competição com a TV e os serviços de streaming está tão acirrada.

Para o crítico norte-americano Mark Tordi, a razão de se apostar em projetos bem sucedidos do passado é a mesma que levou a indústria a filmar adaptações de livros best-seller na metade do século 20, como “E o Vento levou...” e “O Morro dos Ventos Uivantes”.

“Havia um público que amava o material de origem. Estatisticamente era muito provável que estas pessoas se dispusessem a pagar a entrada de cinema para ver seu livro favorito transformado em filme. O mesmo acontece hoje com filmes do passado. Era uma aposta segura antes e ainda é hoje”, escreveu Tordi em um artigo no site 4 Movies.

O crítico de cinema Pedro Butcher concorda que o remake é uma forma de partir de “uma marca que já está no imaginário das pessoas de alguma maneira”. Ele, porém, não concorda que a profusão de remakes reflita um momento de declínio criativo da indústria. “O clichê é dizer que se trata de preguiça de Hollywood e falta de criatividade. Não. É uma prática muito antiga na indústria”, afirma.

Lucro

Do ponto de vista econômico, é fácil de entender a aposta em remakes. Alguns exemplos provam quão lucrativa é a estratégia.

O clássico trash “A Morte do Demônio”, de 1983, arrecadou 2,4 milhões de dólares (um bom lucro tendo em vista que o filme custou menos de 100 mil dólares para ser produzido). Sua refilmagem em 2013 foi além e arrecadou 100 milhões de dólares no mundo todo. Outro caso é a refilmagem de “Onze Homens e Um Segredo”.

A versão original, com Frank Sinatra, arrecadou em 1960 perto de 5,5 milhões (equivalente a 44 milhões, em valores corrigidos). Sua refilmagem, em 2011, com George Clooney e Brad Pitt, lucrou dez vezes mais.

Descontada a questão do mercado, as apostas artísticas podem ser altas demais. Em especial quando Hollywood tenta atualizar algum grande clássico ou tornar palatável um filme estrangeiro de sucesso, como o argentino “o Segredo dos Seus Olhos”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009.

Para o crítico Neil Smith, do jornal londrino The Guardian, o problema surge no momento em que os estúdios adquirem os direitos dos filmes, “mas parecem perder a fé na fora dos originais, eviscerando as coisas que os distinguiam e substituindo-os por clichês banais e sentimentais”. Nestes casos há pouco a ganhar e muito a perder.

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