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Um momento. Poeta não é só quem faz poesia. É também quem tem sensibilidade para entender e curtir poesia. Mesmo que nunca tenha arriscado um verso. Quem não tem senso de humor, nunca vai entender a piada.
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Tem que ter tanta poesia no receptor quanto no emissor |
Um momento. Poeta não é só quem faz poesia. É também quem tem sensibilidade para entender e curtir poesia. Mesmo que nunca tenha arriscado um verso. Quem não tem senso de humor, nunca vai entender a piada. (...) Tem que ter tanta poesia no receptor quanto no emissor| Foto:

Eventos

Confira outros eventos previstos dentro da programação da Ocupação Paulo Leminski

17 de outubro - 16h – Guerra Dentro da Gente (peça infanto-juvenil) Com Núcleo Trecos e Cacarecos. Sala Itaú Cultural. Entrada franca

23 de outubro - 20h – Esta Noite Vai Ter Sol Com Estrela Leminski (filha de Paulo Leminski) e banda. Interpretações de músicas de Paulo Leminski. Participações de Miriam Maria e Moraes Moreira

Uma vida mais interessante do que a obra?

Os beatniks têm um problema. É comum encontrar leitores que dizem gostar dos livros de Jack Kerouac e William Burroughs, mas, na verdade, eles estão interessados mesmo é no mito criado a partir dos escritores e das vidas que eles levaram. Isso é um problema porque, às vezes, se deixa de prestar atenção na obra para se concentrar somente nas biografias, nos personagens reais

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  • Ocupação Paulo Leminski refaz, em ordem cronológica não definida, o percurso do poeta e escritor

A poesia de Leminski invadiu o número 149 da Avenida Paulista, em São Paulo. Já nas escadas que dão acesso ao prédio, é possível ler os versos do curitibano ilustre, morto há 20 anos. Desde a última quarta-feira, o Itaú Cultural – instituto voltado para a difusão de manifestações artístico-intelectuais – apresenta a Ocupação Paulo Leminski, que refaz, em ordem cronológica não definida, o percurso do poeta e escritor. No espaço ainda há rascunhos inéditos, material em áudio, vídeo e objetos pessoais. Alice Ruiz, poeta e ex-mulher de Leminski, Áurea Leminski, filha mais velha do homenageado, Mário Bortolotto, músico e dramaturgo, e Ademir Assunção, curador da exposição, comandaram a cerimônia de abertura ao ler poemas e textos diversos da "besta dos pinheirais".

Uma imagem com fotos e vídeos de Leminski, uma mesa de bar, um sofá de couro preto e uma garrafa de vinho, que logo esvaziou-se, completavam o cenário."Sou completamente apaixonado pela poesia dele. Não só pela poesia, mas pela maneira de ele ver o mundo. Ele era completamente poeta, 24 horas por dia. O resto ele fazia nas horas vagas, inclusive ganhar dinheiro", diz Assunção, também poeta, que conviveu com Leminski por muitos anos. O curador vasculhou o acervo do amigo, reunido pela família em Curitiba, e encontrou os textos e obras que criaram a mostra. Entre eles, dois cadernos com poemas inéditos expostos pela primeira vez ao público. Outra das raridades são os manuscritos originais de Catatau – redigido entre 1966 e 1974 –, seu primeiro romance, publicado em 1975. Há um tatame improvisado, que traz alguns de seus haicais; e até nos sanitários é possível ler a obra do curitibano. Como curiosidade, uma carteirinha da Sociedade Beneficente dos Operários do Batel, datada de 1959, que traz a foto de um jovem Leminski.

"Mesmo que alguns críticos digam que ele é um poeta menor ou um produto de marketing, ele é extraordinário. Acho que esses críticos nunca leram Leminski. Não tenho a menor dúvida de que ele é um dos maiores poetas do Brasil", diz Assunção.

Alice Ruiz

Poeta, recém-ganhadora do prêmio Jabuti na categoria poesia com o livro Dois em Um, e ex-mulher de Leminski, Alice Ruiz conversou com exclusividade com a reportagem da Gazeta do Povo.

"Topei esse trabalho porque conheço o Ademir há muito tempo. Ele é meu amigo, foi amigo do Paulo [Leminski], é poeta e conhece o trabalho. Eu teria dúvidas se fosse alguém que caísse de paraquedas, mas o Ademir sabia o que estava fazendo", disse a curitibana, que apesar dos anos afastada e da morte precoce do ex-marido, diz nunca ter saído do "mundo de Leminski".

"Eu adoro ler o Paulo. O Cata­­tau, por exemplo, é uma ‘Caixa de Pandora’, já que a cada dia você descobre algo novo. Mas não sou ‘passadóloga’, não sou saudosista e não fico olhando para o passado. Acho que o passado foi importante e deve ser respeitado, mas sou aquariana e penso no futuro", explica a poeta, com a neta no colo.

Totalmente esgotados em catálogo e raridades em sebos, as obras originalmente editadas de Paulo Leminski são objetos de desejo de admiradores do poeta há algum tempo. Além disso, os livros estão "espalhados" por diversas editoras. "Foi ele quem quis isso, mais isso é bom. Se todos os livros estivessem em uma editora só, essa editora teria que ser um arraso", brinca Alice, que se surpreendeu ao ver e-mails avisando que havia ganhado o prêmio Jabuti. "Pena que estava sozinha e não tinha com quem comemorar", diz a poeta.

E Curitiba?

O fato de a exposição ter tido lugar em São Paulo e não em Curitiba pode ter causado estranhamento, mas não para Alice. "Por quê a ex­­posição aconteceu aqui?", repete Alice, "isso você tem que perguntar para Curitiba. A iniciativa foi daqui. O Ademir mora aqui e em Curitiba não houve movimento nenhum", completa.

Mas, segundo Áurea Leminski, filha do casal, a exposição deve partir no final do ano para Curitiba. "Primeiro vamos trabalhar para disponibilizar todo o trabalho dele gratuitamente na internet. E estamos conversando com a Secretaria de Estado da Cultura para levar a exposição ao Paço da Liberdade no ano que vem", diz Áurea. Um memorial – Casa Paulo Leminski, ou Espaço Paulo Leminski – também estão nos planos da herdeira do poeta para os próximos anos. A Ocupação Paulo Leminski fica até o dia 8 de novembro em São Paulo, e terá outras apresentações ligadas ao poeta curitibano – leia quadro ao lado.

Serviço: Ocupação Paulo Leminski. Itau Cultural. Avenida Paulista, 149, (11) 2168-1776, São Paulo. De terça à sexta-feira, das 10 às 21 horas. Sábados, domingos e feriados, das 10 às 19 horas. Entrada franca.

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