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Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças: novos pontos de equilíbrio | Izabela Figueiredo/Divulgação
Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças: novos pontos de equilíbrio| Foto: Izabela Figueiredo/Divulgação

O Balé de Londrina se inspirou nos versos finais do poema "Canção Amiga", de Carlos Drummond de Andrade, ao criar Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças (veja o serviço completo do espetáculo) – a coreografia seguinte à bem-sucedida Decalque, na qual retomava a tragédia romântica do casal Romeu e Julieta. Para este novo trabalho, o diretor Leonardo Ramos e seus bailarinos apostaram na ideia do amadurecimento do ser humano. O espetáculo estreou em junho de 2009, durante o Festival Internacional de Teatro de Londrina (Filo), e teve alguma dificuldade até encontrar local e data para vir a Curitiba, mas finalmente chega à cidade para uma única apresentação, hoje, às 20h30, no Guairinha.

Como um rito de passagem, a montagem segue o percurso do indivíduo da infância à vida adulta, e os desejos que ele projeta ao longo do caminho. Isso foi consequência da entrada no grupo de um garoto, então com 13 anos, o estreante Vitor Rodrigues, cuja experiência anterior com dança se limitava a uma oficina de hip-hop. O jovem bailarino impressionou o grupo em outra oficina, e superou dezenas de meninos da mesma faixa-etária, ganhando uma vaga na companhia.

A dramaturgia corporal do espetáculo acompanhou a lógica de amadurecimento desse novo bailarino, conduzido pelo veterano do grupo, Marciano Boletti, de 39 anos. Vitor não tardou a conquistar posto de destaque no espetáculo. Sozinho sobre um pano escuro, ele protagoniza uma cena onírica, entre ondas revoltas formadas pelo tecido do cenário.

Movimentos

Outro integrante da companhia, o bailarino Cláudio de Souza motivou uma investigação distinta sobre as possibilidades de locomoção do corpo humano, e os resultados foram incorporados na coreografia. Souza tem uma perna três centímetros mais curta do que a outra. Tal discrepância se evidencia quando ele está em movimento, mas se anula uma vez que o ponto de apoio do corpo seja deslocado.

Desde a metade da década, o Balé de Londrina se pôs a buscar esses pontos de equilíbrio distintos, até encontrar formas de se locomover que não mais dependiam dos pés e das pernas: usam o abdome, o dorso, os ombros ou a cabeça. Foi um processo de experimentação dolorosa, sim, que impôs aos corpos os novos movimentos, esperando que se adaptassem.

Desde Decalque, a companhia tem retirado o peso de elementos cênicos como figurino, objetos e iluminação. Ainda segundo essa tendência, Para Acordar os Homens... acolhe um jogo de sombras nuançadas, dispensando as cores, e propõe uma composição de luzes que alude ao céu estrelado tanto quanto aos neurônios em rede.

O diretor quis limpar o palco também da mis-en-scène, revelando as intenções dos bailarinos pela movimentação. Com tudo isso, a companhia, fundada em 1993, busca para si uma aproximação crescente com a dança contemporânea.

Serviço:

Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças (veja o serviço completo do espetáculo). Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º), (41) 3315-0979. Criação e direção de Leonardo Ramos. Com a Cia. Ballet de Londrina. Dia 29, às 20h30. R$ 10. 50% de desconto com o Cartão Teatro Guaíra. Classificação indicativa: livre.

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