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Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia (à esq.), que se apresentou no festival: grupos latinos da nova geração são o futuro da música clássica, segundo o maestro Alex Klein (à dir.). | Chan/Divulgação; Tiba/Divulgação
Orquestra Sinfônica Juvenil da Bahia (à esq.), que se apresentou no festival: grupos latinos da nova geração são o futuro da música clássica, segundo o maestro Alex Klein (à dir.).| Foto: Chan/Divulgação; Tiba/Divulgação

Programação

Festival entra na reta final

A nona edição do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) conta com cerca de 630 alunos e 83 professores de 25 países diferentes. Segundo a organização, mais de 50 mil pessoas – uma média diária maior que três mil – vão comparecer ao evento, que conta com nomes de peso da musica clássica internacional.

A programação tem três concertos diários, um deles em um grande auditório com orquestra, musica de câmara, bandas sinfônicas ou corais formados por alunos e professores, sempre às 20h30.

No concerto de encerramento, no próximo sábado, 1º de fevereiro, alunos e professores vão executar a obra Balet Petrushka do compositor russo Igor Stravinski (1882-1971). Na segunda parte da apresentação, o lendário violinista alemão Leon Spierer – spalla da Filarmônica de Berlim por quase três décadas – interpreta a valsa Danúbio Azul de Johann Strauss II (1825-1899).

"O motor atual da música erudita no mundo está na América Latina", afirma o maestro Alex Klein. Diretor artístico do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc), cuja nona edição teve início em Jaraguá do Sul, no dia 19 de janeiro, com encerramento no próximo sábado, 1.º de fevereiro, o músico acredita que a geração de jovens que participa do festival-escola verá o continente mudar de patamar.

"Eles verão nossa entrada para o ‘primeiro mundo’. Há vários sinais disso. Latinos treinados aqui podem ser os melhores do mundo, não mais individualmente, mas em grupo", afirma, citando a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, de Caracas, na Venezuela, como expoente máximo que mais se destaca no cenário sinfônico contemporâneo.

Assim, explica Klein, a aposta do Femusc é na multiculturalidade e na afirmação do olhar musical latino-americano. "É o momento de se olhar no espelho e dizer: ‘se eles podem eu também posso’. Temos o mesmo DNA, não somos de outra espécie. Está na hora de perder o complexo de colonizado e assumir nosso papel artístico", afirma.

A postura política casa bem com a fisionomia do Femusc, que se destaca na paisagem dos festivais de música erudita do país por sua estrutura de "administração participativa", em que todos os afetados por uma decisão são ouvidos. "É melhor que a democracia – na maneira que a conhecemos, gera desigualdade e oportunismo. Tenho, aliás, dúvidas de que o Brasil é uma democracia, pois, depois do voto direto, nós ficamos quatro anos sem ser consultados", filosofa.

Todas as decisões artísticas são informadas por um ambicioso ideário político e social que pode ser resumido, segundo Klein, em uma palavra: amor. "É um festival que o amor construiu. Amor à música, à nossa profissão e ao nosso mercado de trabalho. É a palavra certa, pois explica o grau de dedicação dos alunos, patrocinadores e professores", define.

Harpas

Para quem acha que o discurso soa excessivamente utópico, o festival só se realiza com sucesso – é o maior da América Latina, segundo a organização –, porque conta com expressivo apoio da iniciativa privada local. Para Klein, não há contradição. "Se a gente pensa muito de um lado ou outro abre-se uma guerra social. Aqui em Jaraguá – como na Suíça, um país que é um exemplo de igualdade –, os empresários moram no centro da cidade, caminham nas ruas", conta.

"A inclusão é feita de cima. Os empresários constroem parques, hospitais, financiam os bombeiros e os projetos culturais, eles percebem que têm muito a ganhar em qualidade de vida e lucros com uma sociedade mais igual", resume.

Um exemplo é o caso das harpas que o festival recebeu da gigante têxtil Malwee. Klein conta que quando voltou ao Brasil, depois de 25 anos atuando no exterior, percebeu que faltavam harpas na música brasileira, em razão do preço e da dificuldade em se importar o instrumento. "Restaram poucos artistas que as dominavam e o aluguel chegava a ‘insultuosos’ US$ 10 mil por semana", revela.

"Para acabar com isso, me propus a falar com um empresário, que comprou 17 harpas, agora disponibilizadas de graça para quem nos pede", orgulha-se Klein.

O jornalista viajou a convite do festival.

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