• Carregando...
 | Walter Alves/Gazeta do Povo
| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

Dary Jr não esconde de ninguém que tem muitas ambições. "A pessoa é o espelho daquilo que ela ambiciona", diz o compositor, cantor e letrista da banda Terminal Guadalupe (TG). O conjunto, em atividade desde 2002, conseguiu visibilidade nacional, esteve em destaque por três vezes nas páginas da revista Veja e o álbum A Marcha dos Invisíveis (2007) está em diversas listas apontado como um dos mais importantes da década.

Mas o TG deve encerrar as suas atividades. O último show está marcado para acontecer no dia 6 de fevereiro, em Guaratuba.

Se o TG para, Dary Jr segue. Ele diz sentir necessidade de se expressar, e precisa de uma banda para dar vazão ao que pensa. O novo projeto se chama brancaleoneZ (com minúscula no início, e caixa alta no final). O nome faz referência a um filme de Mario Monicelli (O Incrível Exército de Brancaleone) e também a Z, longa-metragem de Costa-Gravas. "Essa nova banda abre espaço para o que vou dizer daqui para frente, seja crítica social ou texto de amor", explica.

O brancaleoneZ, que já conta com quatro canções, é formado, além de Dary Jr, pelos guitarristas Matheus Duarte (Match) e Rafael Martins (Copacabana Club), mais o baixista Paulo Svolenski (Pelebrói Não Sei?) e Ivan Rodrigues (Mordida) na bateria. Como os integrantes tocam em outras bandas, eles vão se encontrar apenas quando estiverem com as agendas livres. "Isso é perfeito para mim. Atualmente, o meu tempo para a música está cada vez menor", diz, referindo-se ao fato de que Chico, o seu filho, de 2 anos e 10 meses, canaliza a maior parte de sua energia.

Dary Jr, responsável pelo Panelaço, festival de bandas independentes que aconteceu durante a Virada Cultural, avisa que o brancaleoneZ vai se apresentar em presídios, salões paroquiais e favelas. O motivo? Ele quer dialogar com outros públicos, e não com quem frequenta bares e porões destinados a performances de conjuntos de rock-and-roll.

Conhecido pelo seu discurso crítico, Dary Jr é também criticado por integrantes de bandas curitibanas. Questionado, pela reportagem, se ele se incomoda com o fato de ser uma voz dissonante, o compositor tem uma resposta na ponta da língua: "As pessoas me veem como um chato que tem algum talento. Mas eu sou menos chato do que os fãs dos Los Hermanos e do Teatro Mágico."

Aos 39 anos, ele conta que começou a se tornar quem é na adolescência. Dary Jr e a sua mãe saíram de Corumbá (MS), onde ele nasceu, para passar uma temporada na casa de um parente no Rio de Janeiro. "Lá, passei a ler jornais e a discutir e entrei no movimento estudantil", conta. Com 14 anos, ouviu o som da Legião Urbana, que mudou a sua vida.

Três anos mais tarde, ele mudou-se para Campo Grande e decidiu trabalhar em jornal. "Eu queria ser jornalista porque o Renato Russo, da Legião Urbana, era jornalista", confessa.

De 1987, ano em que entrou no Jornal da Manhã, de Campo Grande, até hoje, já passou por 30 empregos, todos ligados ao jornalismo. Atualmente, é repórter e âncora de um telejornal da Rede Record.

Ele está em Curitiba desde 1997, e hoje tem residência no bairro do Parolim. Diz que precisa entrar e descer de dois ônibus para chegar de casa ao trabalho. "Isso me coloca em contato com a realidade", admite. Dary Jr comenta que não consegue escrever uma canção ficcional. "Sou visceralmente ligado ao real, e só escrevo sobre isso", afirma.

O artista conta que um de seus planos é realizar o documentário Como Despontar para o Anonimato, sobre a trajetória do TG, de 2003 até agora. Imagens, captadas durante viagens, há, "até de sobra". Como se constata, as ambições de Dary Jr são muitas. "Sempre entrei em algo para fazer a diferença, com o TG foi assim e com o brancaleoneZ não será diferente", finaliza.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]