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HQ

Horror, muito sangue e psicodelia em Curitiba

Selo Quadrinhofilia lança Vigor Mortis Comics 2, as novas aventuras de Bruna Bloch, personagem marcante da dramaturgia curitibana

Experiência metalinguística leva Bruna Bloch ao seu passado como estudante de Jornalismo | José Aguiar/Reprodução
Experiência metalinguística leva Bruna Bloch ao seu passado como estudante de Jornalismo (Foto: José Aguiar/Reprodução)
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Bruna Bloch integra o imaginário cultural de Curitiba. Criada pelo dramaturgo e diretor de cinema Paulo Biscaia Filho, a ambígua jornalista e escritora insere-se na gama de personagens que podem transitar por diversas tessituras narrativas – do horror ao suspense ao drama – e simultaneamente se incorporar a um processo amplo de convergência, transmidiático, entre o cinema, o teatro e a literatura.

Personagem-motriz um tanto ambígua e perversa, Bruna ressurge em livro numa remissão ao passado através do selo Quadrinhofilia, que a traz para Vigor Mortis Comics 2 – Sangue, Suor e Nanquim, com lançamento hoje, às 20 horas, no Solar do Barão.

A obra conta com quadrinhos dos curitibanos José Aguiar, editor do selo, arte educador e colaborador da Gazeta do Povo, DW Ribatski, artista plástico e professor, e André Ducci, ilustrador e gravurista. Os três intercalam-se para descrever Bruna Bloch em seus tempos de estudante de Jornalismo. E não é somente isso: a obra ainda se propõe a um exercício metalinguístico bem peculiar.

Continuação descontinuada de Vigor Mortis Comics, antologia de oito HQs retirados do repertório tradicional da companhia Vigor Mortis, o segundo volume é uma espécie de fenda entre personagens do longa-metragem Nervo Craniano Zero e da peça Seance – As Algemas de Houdini.

A história se passa em 1969, em um país indefinido sob o jugo de um governo opressor. Bruna vive entre as aulas da faculdade, consumo irrestrito de substâncias ilícitas, entrevistas no jornal da qual é estagiária e os rascunhos da saga de Lavínia, a enfermeira sem passado e abalroada por estranhos acontecimentos paranormais – ela tem o dom de ressuscitar os mortos por 60 segundos.

"Eu e o Paulo tivemos a ideia de montar um quebra-cabeça entre dois momentos do universo do Vigor Mortis, sem necessariamente ter um eixo regulador. A ideia principal foi entregar um livro em que mesmo quem nunca teve contato com a obra geral pode ler e apreciar de forma autônoma. Ao fã que acompanha a trajetória da companhia, temos um novo caminho experimental, inclusive com uma personagem especialmente criada para este novo projeto, a Lavínia", afirma José Aguiar, um dos roteiristas do livro.

A ideia propulsora de trazer a personagem Bruna Bloch para o HQ surgiu em 2011 quando José Aguiar sugeriu a Biscaia uma adaptação que rompesse com as barreiras formais. Vigor Mortis, o primeiro livro, recebeu indicação ao prêmio de melhor Edição Especial Nacional no Troféu HQ Mix.

Trajeto

De fato, a Cia Vigor Mortis é um aparato ideológico singular. Fundada em 1997, a companhia curitibana se inspira no Théâtre du Grand-Guignol, fundamentado em cenas grotescas-extravagantes e profusão incondicional de vísceras. O propósito: desconfortar e chocar o público. Com estas referências entranhadas no horror e agregada de elementos da cultura pop – além de uma boa dose de humor –, Biscaia trabalha sempre à beira do absurdo, do bizarro e do experimental. Tudo com muito sangue.

"Nós buscamos construir um universo orgânico. Apesar de não saber exatamente para onde estamos caminhando com todas as nossas empreitadas, tudo o que fazemos tem sido muito bem planejado e com o envolvimento de grandes profissionais", alega Biscaia. "Ao criar novas plataformas, trazemos uma perspectiva nova para cada personagem, damos vida e expandimos nossos trabalhos", completa.

Além do lançamento, haverá mesa-redonda com os autores e sessão de autógrafos.

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