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De padeiro a sir. A trajetória de Thomas Connery, que o mundo conhece como Sean Connery, parece um sonho sobre como um garoto pobre extrapola limites de classe, vira milionário, ganha reconhecimento internacional e, aos olhos do público, transforma-se num ícone. Tudo isso numa vida que se pode definir como longeva. Sir Sean Connery festeja hoje 80 anos. Como Clint Eastwood, outro ícone de virilidade, que completou 80 anos em 30 de maio, Connery torna-se octogenário sem exibir sinais aparentes de cansaço. Está 'inteirão'.

Ele nasceu em 25 de agosto de 1930 em Edimburgo, na Escócia. Já disse que não teria tido problemas em seguir sendo padeiro - e teria sido bom, garante -, mas agradece ao amigo que o convenceu em 1953, a fazer um teste para ser chorus boy de "Ao Sul do Pacífico". O musical de Rodgers e Hammerstein desembarcava em Londres após arrebentar na Broadway com sua história sobre marinheiros norte-americanos numa ilha do Pacífico, durante a 2ª Guerra. Connery foi aprovado - mais pela estampa, ele reconhece. Dois anos depois, estreou no cinema e, em 1957, participou de um bom filme, "Na Rota do Inferno", de Cy Endfield, antes de ser vilão em "A Maior Aventura de Tarzan", de John Guillermin, dois anos mais tarde.

A grande virada ocorreu em 1962, quando os produtores Harry Saltzman e Robert Broccoli, tendo adquirido os direitos de filmagem da série de livros de Ian Fleming, o contrataram para viver nas telas James Bond, o agente inglês cujo duplo zero - 007 - lhe dá licença para matar. Connery formatou o personagem ao longo de cinco filmes - "O Satânico Doutor No", "Moscou Contra 007", "007 Contra Goldfinger", "007 Contra a Chantagem Atômica" e "Com 007 Só se Vive Duas Vezes". Depois, cansado de empunhar a pistola, tentou desertar a série, mas foi cooptado pelos produtores a voltar quando seu substituto, George Lazenby, não deu certo em "007 A Serviço Secreto de Sua Majestade".

Na verdade, o que o público não aprovara fora menos o ator do que a tentativa de humanizar o personagem. Bond voltou a ser transgressivo com Connery - violento, frio na hora de matar e sedutor com as mulheres - em "007, Os Diamantes São Eternos" para salvar a série. E ele ainda retomou o papel numa produção independente, à margem da série oficial, no que talvez seja o melhor filme adaptado de Ian Fleming: "Nunca Mais Outra Vez". O jovem que assiste hoje a esses filmes não tem ideia do que foi a revolução de 007. Os anos 1960 tornaram-se conhecidos como a década que mudou tudo.

Filmou com Alfred Hitchcock ("Marnie, as Confissões de Uma Ladra"), Irvin Kershner ("Sublime Loucura"), Sidney Lumet ("A Colina dos Homens Perdidos"), Martin Ritt ("Ver-Te-Ei no Inferno"), John Huston ("O Homem Que Queria Ser Rei") e Richard Lester ("Robin e Marian"). Nos anos 1980, reinventou-se como o monge detetive de "O Nome da Rosa", que Jean-Jacques Annaud adaptou de Umberto Eco, e "Os Intocáveis", de Brian De Palma, que lhe valeu o Oscar de melhor ator coadjuvante. Ainda nos 80, fechou a década como pai de Harrison Ford, em "Indiana Jones e a Última Cruzada", de Steven Spielberg. Nos últimos anos, decepcionado com o sistema de Hollywood - mas também com a bilheteria magra de "A Liga Extraordinária" -, parou com o cinema. O projeto atual é um livro sobre sua vida.

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